Quarenta e nove estudantes do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb), na Asa Sul, decidiram, em assembleia na tarde desta terça-feira (25/10) ocupar a escola contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241/2016. Na hora da votação, pela manhã, 200 alunos estavam presentes, mas apenas 70 participaram da votação. Desses, 60 votaram a favor do protesto, enquanto 10 foram contrários à ocupação. À tarde, a manifestação venceu por 31 votos a 18.
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A ideia dos adolescentes é aderir à agenda da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (Ubes) que ocupa mais de mil escolas país afora. As duas principais pautas do movimento são a reprovação da PEC 241 e da reforma do ensino médio, proposta pela Medida Provisória (MP) 746/2016.
O diretor do Cemeb informou, ainda, que conversou com os alunos nas salas de aula sobre as possíveis consequências negativas da ocupação, como a perda de dias letivos e o perigo de atrapalhar a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Entretanto, o gestor afirmou que a manifestação é um direito dos estudantes e que não irá impedí-los caso votem por ocupar a escola.
Votação
Sob o grito de "ocupa e resiste" a votação começou por volta das 17h35 no Elefante Branco. Por 31 votos a 18, os alunos votaram "sim" pela ocupação. O grupo decidiu dormir no colégio já nesta terça, mas ainda não havia sido definido como fariam com alimentos e colchões.
Debate
[SAIBAMAIS] No perído da tarde, o clima do debate está bastante amigável. Todos os estudantes inscritos tiveram oportunidade de falar. Alguns apresentaram argumentos contrários e outros a favor da ocupação. "Estamos fazendo isso não só por nós, mas pelas próximas gerações, talvez até nossos filhos. É pelo futuro dos próximos estudantes. Estamos tomando essa decisão agora por causa deles", explica V. V. do 2; ano do ensino médio.
Para V.P., do 1; ano do ensino médio, a ocupação não seria o melhor jeito de protestar. "Isso aqui é como enxugar gelo! Não vai incomodar aos polítcos, só atrapalhar a nós mesmos. Acho que tem que protestar sim, mas não ocupando a escola, indo lá para a Esplanada [dos Ministérios] e fazendo com que ouçam", argumentou.
Pedro Caixeta, professor de matemática e delegado sindical da escola, afirma que os docentes devem interferir o mínimo possível nos protestos. "É um movimento inteiramente estudantil, não cabe a nós, professores, nos posicionar. A gente vive uma conjuntura com vários ataques à educação. Os alunos ocuparem, é a forma de dizer que não estão de acordo com o modo que isso está sendo feito", ressalta.
Reposição
Vitor Rios, coordenador intermediário do Ensino Médio da Regional de Ensino Plano Piloto, afirmou que os professores não serão obrigados a repor aulas perdidas por causa da ocupação. Segundo ele, isso será um problema para os que farão o Enem e até para quem conclui o Ensino Médio neste ano, que poderá não receber o certificado.
Apesar disso, o diretor do Cemeb informou que os estudantes estão negociando com alguns professores aulões preparatórios para o Enem durante a ocupação.
Outras escolas
Em Brasília, outras cinco escolas estão ocupadas. A mais recente foi o Centro de Ensino Médio (CEM) 111 do Recanto das Emas, ocupado também nesta terça-feira (25/10), segundo a página da União dos Estudantes Secundaristas do Distrito Federal (UES/DF). No Centro Educacional (CED) 1 de Planaltina, mais conhecido como Centrão, os secundaristas aderiram ao movimento na útima sexta-feira (21).
Em Samambaia, o CEM 304 foi ocupado na quarta-feira (19); o CEM 414 havia sido ocupado em 4 de outubro, mas os estudantes encerraram o movimento após negocioção com o secretário de Educação, Júlio Gregório.
Na Asa Norte, o CED Gisno també foi ocupado nesta semana, na segunda-feira (24). Os estudantes do Setor Oeste, da Asa Sul, estão em negociação com a diretoria da escola para que o movimento comece ainda nesta semana.
Os secundaristas também ocuparam três câmpus do Instituto Federal de Brasília (IFB), no Riacho Fundo, em Samambaia e em São Sebastião. Na região do Entorno, três Institutos Federais de Goiás (IFGO) estão ocupados, em Luziânia, Valparaíso e Águas Lindas.
Em todo o Brasil, são 1.072 escolas e institutos segundo lista da Ubes, atualizada na segunda-feira (24).