Em dezembro, a Câmara aprovou a reforma do ensino médio (MP ), que pretende aumentar a jornada do estudante das quatro horas diárias atuais para sete horas, além de reduzir o total de disciplinas obrigatórias para que ele possa escolher uma área de aprofundamento já a partir do primeiro ano. A ideia é tornar o ensino mais atrativo e conectado ao mercado de trabalho.
Para o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF), que presidiu a comissão especial responsável pela análise da medida provisória, os parlamentares terão que priorizar o ensino médio na elaboração do Orçamento.
"Nos últimos anos, foram investidos R$ 30 bilhões no ensino superior e apenas R$ 10 bilhões no ensino básico. Temos que investir mais agora no ensino básico, inclusive colocamos R$ 1,5 bilhão para incentivar o início da educação integral e vamos, agora, na mudança do Fundeb, resolver essa questão."
Já a deputada Maria do Rosário PT-RS) avalia que a falta de recursos vai impedir tanto a ampliação da jornada quanto a oferta das cinco áreas de aprofundamento: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica.
"Os itinerários formativos estão sendo apresentados como um simulacro porque grande parte dos municípios são tão pequenos que têm apenas uma escola de ensino médio. Então, ainda que sejam cinco itinerários formativos, que escolha fará o estudante? Será imposto aquilo que a escola tiver."
Baixa qualidade Para o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), os resultados dos estudantes nas atuais provas de avaliação mostram que a qualidade do ensino médio é ruim.
"Há muito o ensino oferecido não corresponde às expectativas dos estudantes, principalmente no que tange à inserção no mercado de trabalho. Os recentes dados do exame Pisa, que avaliou o desempenho médio dos jovens estudantes brasileiros, mostram que o resultado em ciências foi de 401pontos, valor significativamente inferior à média dos estudantes dos países da OCDE."
Mas a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), que é favorável à reforma, alerta que nenhuma mudança vai prosperar se não for acompanhada da capacitação do professor.
"A formação dos professores precisa ser refeita. Não é responsabilidade dos professores os resultados que nós temos hoje. Isso não é justo com a educação e muito menos com os profissionais;, afirma.
A reforma do ensino médio será analisada pelo Senado. Se aprovada, até meados de 2017, o Conselho Nacional de Educação vai definir o novo rol de disciplinas obrigatórias, embora o texto aprovado na Câmara já indique que matemática, português e inglês terão que constar dos três anos de formação.
Além disso, os conteúdos de artes, educação física, filosofia e sociologia terão que ser repassados de alguma forma. De acordo com a reforma, 60% da carga horária serão comuns e 40% destinadas às áreas de aprofundamento.
Agência Câmara