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Projeto pedagógico de professor da rede pública destaca identidade cultural

postado em 10/02/2017 18:46

A Lei n; 10.639, de 9 de janeiro de 2003, torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira em escolas públicas e particulares de ensino fundamental e médio. As discussões a respeito do tema no ambiente escolar, 14 anos após a normativa, ainda ficam restritas a datas comemorativas, como o 20 de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra. Para tentar reverter a falta de representatividade, o professor José Walmilson Rêgo Barros, 32 anos, mestrando em história da Universidade Federal de Pernambuco, idealizou o projeto Identidade Cultural Negra na Escola.

Ao longo de 2016, alunos de cinco turmas do oitavo ano, com idade entre 13 e 15 anos, participaram das atividades na Escola Pedro Serafim de Souza, em Ipojuca, município de 93 mil habitantes, na região metropolitana de Recife. ;Buscamos interpretar até que ponto o ensino de história pode contribuir para o pertencimento cultural das nossas crianças e jovens;, diz o professor. ;Temos optado por trabalhar, pesquisar a questão das propostas pedagógicas que visem ao mundo inteiro, as questões que levem à reflexão, que a escola leia e visualize as temáticas raciais e étnicas no seu cotidiano.;

Todo o trabalho de reflexão e discussão desenvolvido em sala de aula resultou em uma feira de conhecimento, no fim do ano.

Um dos destaques do projeto foi a oficina de turbantes, resultado de parceria com a Secretaria da Mulher do município. O objetivo era mostrar o turbante como elemento cultural afro-brasileiro e elemento de sensibilização e elevação da autoestima das alunas. A oficina inspirou a exposição Negra Sim; Negra Sou. A exposição teve repercussão. Várias escolas do município e até faculdades de formação de professores pediram ao professor que falasse sobre o trabalho, que no fim do ano foi reconhecido pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

;Foi uma experiência ótima, um conhecimento, porque eu nunca tinha visto um turbante;, afirma a estudante Ana Cláudia de Almeida, 14 anos. ;Foi uma coisa única.;

A adolescente já sente os resultados do trabalho desenvolvido no cotidiano da escola. ;Depois do projeto, eu não mais presenciei nenhum tipo de racismo na escola;, destaca. ;Seria bom que em todas as escolas houvesse algum tipo de palestra aos alunos sobre racismo.;

Resistência

O professor Walmilson acredita que a resistência e a afirmação de identidade são o grande fruto gerado por ações afirmativas nas escolas. ;Eu quero que o jovem tenha a cabeça erguida e diga: ;Sim, sou negro, e daí? Você não tem nada a questionar sobre ser. Eu sou e pronto.; Mas aí, para ele chegar a esse patamar de identificação, de valoração, eu tenho que conhecer, que reconhecer.;

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Portal MEC

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