Gaúcho, pintor e preocupado com o futuro das crianças. Cláudio Roberto da Costa, 53 anos, morador da comunidade Vila Safira, na periferia de Porto Alegre, dedica-se a um objetivo: melhorar o presente e garantir um futuro de qualidade para as crianças da região. Após observar que muitas delas passavam manhãs e tardes sem nenhuma ocupação pelas ruas da comunidade em que vive, Cláudio foi buscar respostas. ;Começava o ano letivo e eu via crianças o dia inteiro na rua;, conta. Descobriu, então, uma triste realidade: muitos meninos e meninas não tinham sequer lápis e cadernos para poder frequentar a escola.
;Quando eu perguntava a elas por que não estavam na escola, ouvia como resposta que o pai ou a mãe não tinham dinheiro, que fim de mês era complicado;, revela. ;Aí, eu vi que precisava fazer alguma coisa.;
Cláudio teve então a ideia: ;Precisava fazer uma campanha de material escolar;.
A ação começou no ano passado, e o resultado foi animador. Foi arrecadado material suficiente para montar 1,6 mil kits. Para 2017, já são mais de dois mil. Cada um deles é composto por um caderno grande e um pequeno, uma caixa de lápis de cor ou giz de cera, um tubo de cola, dois lápis, uma caneta, uma borracha e um apontador. É um material básico, mas é um incentivo para a criança entrar no primeiro dia de aula na escola;, diz. Ele minimiza os méritos de sua iniciativa: ;Eu sou apenas uma ponte; são as pessoas que oferecem o material;.
A campanha de arrecadação de material escolar é elogiada na comunidade. Professora da rede pública estadual de ensino, Vanessa Nascimento é uma das patrocinadoras. Ela faz as doações por ver, em sala de aula, as dificuldades por que passam as crianças sem o material escolar. ;É por isso que eu colaboro; a gente vê que essa questão da autoestima atinge muitas crianças. Às vezes, elas chegam na escola sem calçado, sem lápis;, lamenta. ;Na escola pública, há essas disparidades. Qual é o estímulo que a criança tem para chegar à escola e começar a ler e aprender quando está distraída, olhando o que o coleguinha do lado tem? Dar um lápis para uma criança, às vezes, é um carinho.;
Lição ; Cláudio espera, além de ajudar as crianças da comunidade, estar ensinado uma lição sobre cidadania. ;Estamos de passagem nesse planeta;. diz. ;Então, eu uso como exemplo o esporte olímpico de revezamento, que tem a passagem de um bastão; estou preocupado com a qualidade do bastão que vamos passar para as crianças.;
As inclinações altruístas de Cláudio não são de hoje. Quando jovem, o pintor quis fazer parte do Projeto Rondon, uma ação do governo federal que envolve universitários no desenvolvimento sustentável de comunidades e promoção da cidadania. Mas a vida o levou a outros caminhos.
Cláudio morou na periferia de cidades brasileiras de Minas Gerais, São Paulo, Maranhão e Distrito Federal. Descobriu que em todas elas, em qualquer parte do país, há os mesmos problemas e que somente com atitudes é possível mudar as coisas. Assim, ele voltou a Porto Alegre e criou o Projeto Vó Chica, que leva o nome de uma antiga moradora da comunidade, conhecida por suas ações beneficentes.
A sede do projeto funciona em sua própria casa. ;Temos um espaço cultural nos fundos da minha casa;, destaca. ;A estrutura conta com quatros computadores para informática, iniciação de balé para 30 meninas, uma pequena biblioteca e um espaço de meditação.;
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