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Robôs em ação

Taguatinga sedia, neste fim de semana, a quarta edição do Torneio Nacional de Robótica First Lego League (FLL). Adolescentes de 20 estados e do DF mostrarão suas criações e disputarão vagas para a competição internacional. Três grupos representam a capital

Luiz Calcagno
postado em 17/03/2017 13:43

A equipe LegoField, do Gama, desenvolveu um site que une donos de animais com deficiências físicas e voluntários dispostos a doar órteses

Com um pouco de estímulo, crianças e adolescentes são capazes de desenvolver projetos com base científica e relevância social. Tudo isso trabalhando em equipe e usando, como matéria-prima, peças de Lego ; aquele tradicional brinquedo de montar que encanta gerações. O que parece uma realidade distante está aqui, bem ao lado. Três equipes de adolescentes moradores do Distrito Federal e do Entorno que participarão do Torneio Nacional de Robótica First Lego League (FLL) são a prova de que, com estímulo e oportunidade, é possível estar na linha de frente da criatividade e das inovações desde cedo. Taguatinga sediará a quarta edição da competição, com 740 competidores de escolas públicas, particulares e do Serviço Social da Indústria (Sesi), além de times de garagem, de 20 estados brasileiros e do DF.

O vencedor vai para a etapa internacional. Representando o DF estarão as equipes LegoField, do Gama, que ganhou o torneio regional em Blumenau (SC), Abatroid, de Taguatinga, e Bisc8, de Sobradinho. Cada uma desenvolveu um robô de Lego com capacidade de realizar uma série de pequenas tarefas em um circuito determinado previamente. Os times desenvolveram, de modo independente, as programações das máquinas, o uso das peças, dos motores e dos sensores e os respectivos designs. Além disso, os estudantes elaboraram projetos voltados para a cooperação entre humanos e animais, com base no tema dessa edição do FLL, Animal Allies ; aliados animais, em tradução livre.

O projeto dos jovens do LegoField é um site que une donos de animais com deficiências físicas e voluntários dispostos a doar órteses feitas em impressoras 3D. Os próprios estudantes desenvolveram cadeiras de rodas para cães. Eles chegaram ao modelo a partir de uma informação, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de que os lares brasileiros têm mais animais de estimação que crianças. A Albatroid, por sua vez, desenvolveu um sistema de gestão on-line, com áudio, para acompanhamento da saúde de colmeias e, assim, garantir não só a produtividade de apicultores, como da população de abelhas no mundo. Já a Bisc8 criou um aplicativo de acompanhamento da saúde dos animais domésticos.

Gabriel Alex Serejo, 17 anos, um dos responsáveis pela montagem e programação do robô da LegoField, fala com orgulho do trabalho em equipe. O grupo se revezou em cada etapa dos trabalhos para que todos tivessem conhecimento do desenvolvimento do projeto e da criação do robô. ;Os avaliadores vão observar três quesitos: o trabalho em equipe e a competição amigável com outros grupos, o projeto e o robô, que terá dois minutos e 30 segundos para desempenhar as tarefas sem que ninguém ponha a mão na mesa. Há apenas um pequeno espaço em que podemos mexer nele (no robô) para trocar as peças para que ele desempenhe outras funções.;

Também membro da equipe, Matheus Queiroz apresenta o site que aproxima donos de animais com deficiência e voluntários. O portal tem duas abas principais para que os visitantes se cadastrem como doadores ou proprietários dos bichos. O grupo publicou banners nas redes sociais para divulgar o trabalho. A página já tem 283 pedidos de órteses e os jovens trabalham na confecção de 20. Venderam rifas e sanduíches para comprar a matéria-prima. ;O site está no ar desde novembro. É por meio dele que voluntários podem se disponibilizar;, destaca Matheus. A página recebeu visitantes de várias partes do país e, após o torneio, o grupo pretende repassá-lo para uma instituição de ensino de veterinária que possa dar continuidade ao trabalho.

Para desempenhar as funções, cada robô conta com uma unidade central de processamento (CPU), que funciona como um cérebro para a máquina; quatro motores, que permitem que ele ande e desempenhe as funções necessárias com as chamadas garras; e quatro sensores, que são como os sentidos do autômato e permitem a ele saber a distância dos objetos e como proceder naquele ponto do trajeto.

A psicóloga Lohane Feitosa, técnica da equipe, elogia o trabalho dos jovens. A missão de Lohane é ajudar na dinâmica do grupo, mantê-lo motivado e focado no trabalho e ajudá-lo a pôr em prática cada uma das ideias. ;Vemos muito amadurecimento à medida que o trabalho evolui. Eles estão vivenciando um mundo profissional.; Supervisora pedagógica e coordenadora de robótica do Sesi, Elisângela Machado tem contato com as três equipes brasilienses e lembra que, aos poucos, os projetos das equipes começam a tomar forma. ;Procuramos a ajuda de especialistas voluntários, seguindo as necessidades dos grupos, e, assim, o trabalho avança.;


Para o mundo

O Torneio Nacional de Robótica classificará as equipes que mais se destacarem para participar das etapas internacionais da competição nos Estados Unidos, na Dinamarca, no Reino Unido e na Austrália. Serão 20 vagas para sete campeonatos fora do Brasil, realizados nos meses de abril, maio e junho deste ano.

Gabriel Alex Serejo Nome: Gabriel Alex Serejo
Idade: 17 anos
Escolaridade: 3; ano do ensino médio
Onde mora: Setor de Mansões do Park Way

Principal função no grupo: montagem e programação do robô

Como o projeto influenciou o seu futuro? "Desde criança, eu gostava de brincar de Lego. Quando cheguei ao Sesi, no 1; ano, comecei a ter aula de robótica e vi que era tudo que eu precisava para ser feliz. A matéria e o trabalho com o projeto e a FLL me influenciaram muito. Antes, eu pensava em fazer administração para cuidar dos negócios da família. Hoje, quero fazer engenharia mecânica."

Walesca Maysa Pessoa Nome: Walesca Maysa Pessoa

Idade: 16 anos

Escolaridade: 3; ano do ensino médio

Onde mora: Novo Gama (GO)

Principal função no grupo: pesquisa

Como o projeto influenciou o seu futuro? "Eu me envolvi muito com pesquisa em 2014, escrever e ler para encontrar soluções para problemas. Partimos de um dado do IBGE de que os lares têm mais animais de estimação que crianças no Brasil. E buscamos solução para a deficiência física de animais. Eu pretendo fazer história como curso superior. Não é uma área tão de exatas quanto a do nosso projeto, mas aprendi a pesquisar."

Ana Cláudia Alves Negri Nome: Ana Cláudia Alves Negri

Idade: 14 anos

Escolaridade: 9; ano do ensino fundamental

Onde mora: Gama

Principal função no grupo: pesquisa

Como o projeto influenciou o seu futuro? "Eu me adequei mais na parte de montagem de cadeiras de rodas para animais. Mas me identifiquei tanto com a pesquisa quanto com a programação. Adquiri conhecimento e descobri como posso ajudar animais deficientes. Quero ser empresária. Mexer com robótica, com programação e cálculos me trouxe várias ideias. Acho que tudo o que aprendemos aqui levaremos para nossas vidas em algum momento."

Isabelle Silva Rocha Nome: Isabelle Silva Rocha

Idade: 11 anos

Escolaridade: 7; ano do ensino fundamental

Onde mora: Gama

Principal função no grupo: pesquisa

Como o projeto influenciou o seu futuro? "Eu me identifiquei mais com o projeto de órteses. Gostei de enfrentar os desafios e de conseguir resolvê-los. Mas todos trabalharam em todas as áreas. Meu pai tinha feito um curso de robótica e era um tema de que eu gostava. E também sempre gostei de Lego. Sempre quis ser neurocirurgiã e isso fortaleceu minha vontade. Resolver os problemas, trabalhar em equipe e superar dificuldades me fizeram ver que sou capaz."

Lucas Sampaio Nome: Lucas Sampaio

Idade: 15 anos

Escolaridade: 1; ano do ensino médio

Onde mora: Gama

Principal função no grupo: montagem e programação do robô

Como o projeto influenciou o seu futuro? "Eu e o Gabriel programamos e construímos o robô. Gravei as vozes e tentamos fazer uma coisa bem-humorada. Antes de me envolver com a robótica, eu não pensava em profissões. Depois que comecei a conhecer a área, no entanto, passei a ler mais, inclusive sobre engenharia, e gostei. Quero ser engenheiro de softwares, mas admito que também gosto de música."

Matheus Queiroz Nome: Matheus Queiroz

Idade: 15 anos

Escolaridade: 1; ano do ensino médio

Onde mora: Gama

Principal função no grupo: desenvolvimento do site

Como o projeto influenciou o seu futuro? "Com a robótica, pude ver com outro olhar os problemas do mundo e trabalhar para resolvê-los. Isso é gratificante. O Brasil precisa de cabeças pensando em robótica. Como profissional, ter esse conhecimento abre portas. Hoje, é uma área requisitada. Todos se ajudaram mutuamente. O desenvolvimento do site foi uma surpresa para mim, algo que eu nunca tinha feito antes."

PARA SABER MAIS

O Torneio de Robótica First Lego League (FLL) está na quarta edição e é uma disputa internacional voltada para crianças e adolescentes. O projeto nasceu de uma parceria entre a empresa dinamarquesa Lego e a organização americana For Inspiration and Recognition of Science and Technology (First). Na competição, por regra, as equipes que vaiam os adversários, por exemplo, são desclassificadas. Os idealizadores pretendem despertar nos participantes o interesse em áreas da ciência, como tecnologia, engenharia e matemática. Além disso, cada edição tem uma temática e os competidores precisam desenvolver projetos relacionados. Em 2016, o tema foi Trash Teck. Os grupos precisavam apresentar soluções para a reutilização do lixo. Este ano, o tema é Animal Allies e trata sobre a parceria entre humanos e animais. Os estudantes são inspirados a trabalhar em equipe, solucionar problemas e pensar como cientistas e engenheiros. Eles também projetam, programam e constroem robôs de Lego.


PROGRAME-SE

O Torneio Nacional de Robótica será no Sesi de Taguatinga, na QNF 24, Área Especial, Taguatinga Norte. A entrada é franca. Confira a programação:

; Hoje, às 15h,
cerimônia de abertura

; Sábado e domingo,
das 8h às 18h, competições

; Domingo, às 16h,
cerimônia de premiação

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