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Método criado por Paulo Freire completa 54 anos neste mês

postado em 10/04/2017 20:01

Maria Eneide de Araújo Melo tinha apenas seis anos quando acompanhou os pais na primeira turma de alfabetização de adultos por meio do método Paulo Freire. Foi em 1963, em Angicos (RN), município a cerca de 180 quilômetros de Natal. Aqueles dias de aulas no Círculo da Cultura mudaram a vida de toda a família. Neste mês de abril, faz 54 anos que o método foi colocado em prática pela primeira vez.

Filha de um agricultor e de uma dona de casa, que não sabiam ler nem escrever, Maria Eneide assistia aquelas aulas no colo do pai. Ela conta que foi a primeira da turma a aprender as lições, já que ainda era criança. Mas os pais também conseguiram estudar ; contavam, inclusive, com a ajuda da filha para entender algum conteúdo ou retomar alguma aula que não puderam assistir.

;Teve muita mudança. Antes, meu pai trabalhava em sítio. Foi trabalhar de pedreiro e depois teve comércio;, conta. ;Minha mãe, que era só do lar, foi fazer curso de corte e costura. Para minha vida foi determinante aquele passo. Eu dizia que queria ser a professora Valquíria [da turma de alfabetização]. Cresci alimentando esse sonho de ser professora e tornei-me uma;. Maria Eneide lembra que, além da própria alfabetização, as lições de política e cidadania ensinadas no curso foram essenciais. Hoje, duas de suas cinco filhas seguiram seus passos e também são professoras.

Metodologia

O método se diferenciava por trabalhar com palavras que faziam parte da realidade dos alunos, como tijolo ou cimento, por exemplo. Além disso, se propunha a debater a situação de vida dos estudantes e, a partir daí, dar-lhes consciência crítica e autonomia. A primeira experiência ficou conhecida como as 40 horas de Angicos; esse era o tempo total em que o método era aplicado.

Para o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Rossieli Soares da Silva, o método Paulo Freire é revolucionário porque o autor acreditava que a educação proporciona os meios para transformar as pessoas e a sociedade numa escala global. "A educação também é uma luta. Uma luta diária. E diante dessa visão que Paulo Freire tinha sobre o mundo, conseguiu ter a fina sensibilidade de que a alfabetização tinha que ocorrer a partir da realidade do alfabetizando e não por métodos impostos, que não conversavam com o aluno", destaca.

Rossieli lembra que o educador considerava a educação uma batalha para ajudar todas as pessoas a conquistarem a felicidade. "Para Paulo Freire, o objetivo da educação e a missão dos professores são, acima de tudo, capacitar os estudantes a se tornarem felizes a partir da sala de aula. Por isso, mesmo após décadas, esta metodologia é e será contemporânea, pois a educação é uma grande batalha para assegurar e propagar os princípios da dignidade humana", ressaltou.

Agência Brasil

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