Cenário de importantes festivais no Distrito Federal, o Cine Brasília teve uma manhã movimentada nesta quinta-feira (20). No palco, músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Nas poltronas, alunos de projetos musicais de três escolas da rede pública do DF e da Universidade de Brasília (UnB).
O público, no entanto, não era apenas espectador, mas parte de um espetáculo que ocorrerá no domingo (23), às 17h30, na programação que celebra o aniversário de 57 anos de Brasília.
;Estou tocando com os melhores. É muito bom, emocionante. Essa é uma oportunidade que não acontece com qualquer um;, expressou Paloma Cristina da Silva, de 14 anos, estudante do nono ano do Centro de Ensino Fundamental Santos Dumont, em Santa Maria.
Ela contou que a arte a ajudou a melhorar as notas no colégio. Com habilidades para extrair sons do clarinete, a adolescente também domina o violino. Mas não tem a intenção de parar nesses dois: ;Pretendo tocar vários outros instrumentos;, garantiu, ao falar sobre os planos de cursar música no futuro.
Paloma foi ao ensaio ; o segundo do grupo com a orquestra ; acompanhada do pai e da irmã, Pâmela Cristine da Silva, de 8 anos, estudante do terceiro ano da mesma escola e também integrante da apresentação neste fim de semana.
Com um violino de cerca de 40 centímetros em mãos, Pâmela se mostrou ansiosa pelo grande dia e resumiu em uma palavra o que está sentindo: emoção. ;Espero que não dê nada errado;, disse, de forma enfática.
Militar da Força Aérea Brasileira, o pai das meninas, Everson da Silva Santos, explicou que a inserção da filha mais velha na música começou com o diagnóstico de distúrbio do processamento auditivo central. ;Após a entrada, vimos a melhora;, disse.
;Então, decidimos colocar nossa filha mais nova para já ir adquirindo experiência e aprendendo a lidar com a vida, porque a música ensina tudo isso;, relatou Santos, que também entrou no projeto da escola, aberto à comunidade, tocando saxofone, mas teve de deixar os ensaios por não conseguir conciliá-los com o trabalho.
Concerto faz parte do programa Criança Candanga
Cerca de 150 crianças e adolescentes participarão do concerto no domingo (23). A apresentação faz parte do , programa do governo de Brasília que visa dar prioridade a políticas públicas voltadas à infância e à adolescência.
;Eles precisam ter referência positiva para entender como é o universo de um músico dentro de uma orquestra sinfônica;, disse o coordenador do concerto e professor de música do Centro de Ensino Fundamental 11 do Gama, Thiago Francis. Foram dois encontros preparatórios com a orquestra, mas cada grupo escolar ensaia com frequência.
Para o maestro da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, Cláudio Cohen, a iniciativa permite compartilhar experiências. ;Esse compartilhamento significa dar oportunidade para essas crianças que vêm, às vezes, de locais onde o acesso à música não é tão simples e fácil;, avaliou.
O evento terá apresentações individuais dos projetos de cada escola, seguidas da apresentação da orquestra. Por fim, todos se reunirão para executar Aquarela do Brasil, com arranjo especial criado para o evento pelo maestro, arranjador e professor da Escola de Música de Brasília, Joel Barbosa.
Alunos do Centro de Ensino Fundamental 11 do Gama e do Centro de Ensino Fundamental Santos Dumont, em Santa Maria, tocarão temas dos filmes Os Vingadores e Os Caça-Fantasmas.
Haverá ainda a cantiga popular Peixe Vivo, com solo de saxofone, feito por aluno de Santa Maria com síndrome de Down, e orquestra de violinos.
Já os alunos do Centro de Ensino Fundamental 2 do Guará apresentarão temas dos filmes Batman e Piratas do Caribe, entre outros.
Um dos jovens que participarão do espetáculo é Luiza Helena Dias, de 15 anos. Aluna do nono ano do Centro de Ensino Fundamental 2 do Guará, ela começou na banda com a flauta e agora está no clarinete. Rodeada de colegas, contou: ;Estou muito feliz, animada e nervosa ao mesmo tempo;.
Também estará a ex-aluna da unidade Amanda Arruda Xavier, de 19 anos. Ela teve de deixar os ensaios por causa do vestibular e do primeiro ano de história na UnB. Agora, aluna do terceiro semestre do curso de graduação, voltou aos ensaios.
;Sabe quando você percebe que, mesmo encontrando outros caminhos para estudar, outras áreas que goste, tem algo que você quer que continue para a vida inteira? Foi por isso que eu voltei para a música;, explicou Amanda, que toca trompa.
Agência Brasília