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Projeto cultural leva índios às escolas

Apresentações ocorreram em 23 colégios do Distrito Federal. Confira como foi o encontro na EC 410 Sul

Lis Cappi*
postado em 05/05/2017 20:43

Alunos da EC 410 Sul conheceram os elementos da cultura indígena

Você já viu de perto um arco e flecha, cocar de penas, ou alguma dança indígena? Alunos da Escola Classe (EC) da 410 Sul tiveram a oportunidade de conferir e conhecer pessoalmente mais sobre a cultura indígena no início deste mês, quando receberam o Projeto Circuito Escolas, ação que traz índios da tribo pernambucana Fulni-ô a instituições de ensino a fim de compartilhar com os jovens a história e o cotidiano do clã.


Oito índios visitaram a EC 410 Sul. O coordenador do projeto Walê Fulni-ô, Pablo Ravi, conta que a iniciativa é realizada há 20 anos no Distrito Federal e tem o objetivo de quebrar esteriótipos e ampliar o conhecimento dos estudantes sobre os indígenas. ;Muitas vezes, os alunos não têm a menor noção de como é o índio e a tribo e também de que as tribos são diferentes. Cada aldeia é única. A gente tem um país muito diversificado e queremos mostrar isso;, explica.


As danças foram o ponto alto para Rafaela Campos
O encontro começa com a apresentação de elementos da cultura indígena, como armas de caça e redes, além de outras explicações. O momento é conduzido por Pablo Ravi, que também é arte-educador. Depois, a vez é dos próprios fulni-ôs, que relatam o cotidiano da aldeia e fazem apresentações de dança ;momento de maior animação entre as crianças.

Luiz Eduardo conheceu de perto as armas utilizadas, como o arco e flecha

;Eu gostei mais das danças, só tinha visto antes pela televisão", conta Rafaela Campos, 9 anos, aluna do 4; ano. Luiz Heidmann,10, do 5; ano, garante ter se divertido muito com os colegas. ;Meus amigos dançaram e, para mim, foi o melhor;, diz.


Ane Barbosa e Sarah Ferreira, cegas, tiveram auxílio de um instrutor para conhecer os indíos
Neste ano, as apresentações contaram com um intérprete de libras e um instrutor para crianças com deficiência visual, o que proporcionou uma experiência mais acessível e adequada para os alunos da classe especial. Ane Barbosa, 11, e Sarah Ferreira, 12, cegas, que fazem parte da turma, aprovaram o evento. Ane disse que ;nunca tinha conhecido um índio antes;, já Sarah gostou dos ritmos. ;Achei a música muito diferente, o que eles fizeram é muito legal;, comenta.

O cacique da tribo Fulni-ô Walê Fulni-ô reforça a importância dos alunos conhecerem as raízes indígenas do Brasil. ;A gente Cacique Walê Fulni-ô defende a importância da cultura indígena ser conhecidaquebra muito preconceito com a sociedade branca e até mesmo com as crianças, que têm na mente a ideia de que o índio é estranho e mau.; Para ele, a experiência também impacta os índios. ;Quando voltamos para a aldeia, é uma festa;, revela. Nas visitas, há também venda de artesanatos confeccionados pelo grupo. ;Isso ajuda a levar algo para o nosso povo;, conclui o líder.

Outras escolas
Nos 20 anos do programa, o grupo cultural indígena Walê Fulni-ô fez mais de 1 mil apresentações no Distrito Federal e passou por 500 escolas. Eles vêm ao DF ; e a outras capitais, como São Paulo e Curitiba ; anualmente, sempre em uma data próxima ao Dia do Índio (19 de abril). Em 2017, o projeto passou por 23 escolas da capital federal de maneira gratuita, devido ao incentivo do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC).

No Centro Educacional 3 do Guará, o encontro foi especial: os alunos do ensino médio debateram o preconceito e os esteriótipos com os indígenas. Na ocasião, Carla Landim, produtora do projeto, direcionou o encontro e relata a reação dos estudantes. ;Falei sobre os dados de diminuição dos índios. Quando os europeus chegaram ao Brasil, havia 5 milhões de indígenas. Em 1977, eram apenas 70 mil", lembra. "Eles ficaram extremamente emocionados quando tiveram noção do que é ter uma tribo na escola e a oportunidade de ter contato com os índios. Eles dançaram e participaram, foi maravilhoso;, conta.

O grupo cultural Walê Fulni-ô deve voltar aos colégios do DF no ano que vem. Saiba mais pelo site.

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*Estagiária sob supervisão de Ana Paula Lisboa

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