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Ministério busca equilíbrio para abordagem de gênero na base curricular

Forma como a pasta da Educação trata o assunto desagrada tanto a defensores dos direitos de LGBT quanto a setores mais conservadores da sociedade

), a BNCC é o documento que vai estabelecer as diretrizes para as escolas seguirem ao definir os currículos. Elaborado pelo MEC, o texto referente aos ensinos infantil e fundamental está agora em análise no Conselho Nacional de Educação (CNE), que deverá concluir esse exame até o fim do ano.

Ainda que não discuta especificamente orientação sexual e identidade de gênero, a base, segundo Coelho, refere-se a gênero no sentido de desconstruir conceitos de que menino não chora ou menina não joga futebol, por exemplo.

;A base trata mais de 80 vezes de forma explícita do respeito à diversidade e à pluralidade. Isso não é algo a ser tolerado, é algo a ser respeitado e valorizado. Gênero é uma palavra que existe na língua portuguesa. Estou falando em gênero no sentido de que são atributos culturais e sociais do sexo, que mudam de acordo com a cultura, o espaço e o tempo. Isso está expresso em todas as partes da base, em diversas habilidades e conteúdos;, esclareceu o diretor.

LGBT
A abordagem, no entanto, desagrada a correntes de opiniões divergentes. De um lado, representantes dos direitos de gays, lésbicas e transexuais consideram que o assunto deve ser incluído de forma explícita na BNCC.

O coordenador do curso de Letras do Instituto Singularidades, Marcelo Ganzela, disse que sem uma orientação curricular clara a discussão vai ficar à mercê da sensibilização de professores individualmente.

Já a explicitação faria com o que assunto entrasse na formação de professores e professoras, a fim de diminuir o sofrimento de meninos e meninas na sua história escolar. Não se trata, segundo Ganzela, de perguntar a uma criança se ela quer ser menino ou menina.

;O número de crianças e jovens transexuais, gays e lésbicas é muito grande. Temos uma responsabilidade com essa parcela da população que não se sente segura na escola, que é silenciada por conta da sua identidade, não é reconhecida;, afirmou Ganzela.

;Queremos que todos aqueles que não estão na condição de homossexual ou de transgênero entendam o que é ser homossexual, o que é ser transgênero.;

Tolerância
Também para Catarina de Almeida, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a base curricular precisa atender a todos os sujeitos com os quais a escola trabalha e não pode deixar gênero e orientação sexual de fora. Ela chamou a atenção para os casos de violência que têm como vítimas principalmente homossexuais e travestis, o que justificaria a inclusão.

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