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Estudo sugere política nacional de leitura para enfrentar analfabetismo

Consultora legislativa comenta pesquisa que aponta que 43% dos brasileiros não leem por %u201Cfalta de tempo%u201D. Números também revelam que mulheres leem mais do que os homens

Agência Câmara
postado em 13/06/2017 20:21

Analfabetismo funcional atinge cerca de 27% da população brasileira,  segundo o Inaf

Apenas 25% dos brasileiros dominam plenamente a leitura. Mais da metade dos estudantes do País (exatamente 51%) estão abaixo do chamado nível 2 da atividade, o que significa dizer que ainda não são considerados leitores plenos. E 43% das pessoas entrevistadas pela pesquisa ;Retratos da Leitura;, feita em 2015, afirmam que não leem por ;falta de tempo;.

Esses e outros números foram apresentados, nesta terça-feira (13), pela consultora legislativa Cláudia Nardon, durante palestra sobre políticas públicas para a formação de leitores no Brasil. O evento foi promovido pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.

A consultora da Câmara considerou os dados muito ruins e defendeu uma mudança no enfoque das ações governamentais. ;É preciso preparar o sujeito para ser leitor. Mais foco na demanda, ou seja, nas pessoas, do que na oferta;, explicou. ;Quando 43% das pessoas dizem que não leem por falta de tempo, pensamos que é uma resposta muito subjetiva, pois sabemos que o nosso tempo pode ser administrado;, acrescentou.

Ela lembrou que tramitam na Casa dois projetos de lei que podem ajudar a mudar esse quadro: o PL , do Poder Executivo, e o PL 7752/17, do Senado. Ambos instituem uma Política Nacional de Leitura e Escrita.

Para Cláudia Nardon, as duas propostas podem criar ferramentas legais para a redução do analfabetismo funcional no Brasil, que hoje atinge cerca de 27% da população, conforme o Instituto Nacional de Analfabetismo Funcional (Inaf).

Estudantes
Segundo a consultora, enquanto a nota média dos estudantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no quesito leitura foi de 493 pontos no teste PISA de 2015 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), os alunos brasileiros alcançaram apenas 407 pontos de média. ;É uma diferença muito grande;, apontou. Ela acrescentou que a nota nacional vem subindo nos últimos quinze anos, mas muito lentamente, o que pode aumentar ainda mais a disparidade entre os aprendizes brasileiros e os de outros países.

Outro número citado por Cláudia Nardon é sobre o universo de leitores e não leitores no Brasil. Com base na pesquisa ;Retratos da Leitura;, a consultora informou que o Brasil possuía há dois anos 104,7 milhões de leitores, enquanto a população de não leitores era de 88 milhões de pessoas. É um número alarmante, mas já foi pior.

Conforme o mesmo estudo, a população leitora passou de 50% para 56% do total, ou seja, o número de pessoas consideradas leitoras pela pesquisa subiu de 88,2 milhões em 2011 para 104,7 milhões em 2015. ;Estamos falando de 16 milhões de pessoas ou uma vez e meia a população de Portugal;, comemoram os organizadores do ;Retratos da Leitura;, encabeçados pelo Instituto Pró-Livro.

Mulheres
Outro dado destacado pela consultora mostra que as mulheres estão lendo mais do que os homens. Pela ;Retratos da Leitura;, também de 2015, 59% das mulheres são leitoras, enquanto o índice entre os homens é de 52%. A boa notícia, ponderou, é que os homens vêm reduzindo essa diferença: em 2011, apenas 44% dos homens eram leitores.

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