Uma lenha ecológica produzida a partir de resíduos que seriam dispensados no meio ambiente de forma nada sustentável, que evita o desmatamento e a poluição do ar. Este é o projeto desenvolvido pelo curso técnico de agropecuária do campus Novo Paraíso, do Instituto Federal de Roraima (IFRR). A ideia permitiu a redução dos impactos ambientais causados por resíduos agrícolas e madeireiros, transformando-os em produtos de alto valor econômico e ecologicamente corretos.
A matéria prima apresenta alto poder calorífero, capaz de substituir com eficiência o gás, os carvões vegetal e mineral e a lenha convencional, entre outros tipos de combustível. O professor Braulio Carvalho da Cruz conta que a busca por materiais mais sustentáveis surgiu do grande uso da lenha convencional na região.
;O nosso objetivo, ao invés de utilizar a lenha tradicional, é utilizar o briquete feito de resíduos. Ele chega a ter cinco vezes mais produção de calor do que a matéria prima que utilizamos para produzi-lo;, conta.
O briquete é um bloco denso obtido após prensagem em alta temperatura dos materiais misturados à resina de breu ; seiva encontrada em mais de 150 espécies de árvores da região.
;Nós utilizamos também alguns aditivos, dentre estes a resina do breu branco e do breu amarelo. Essa resina já é utilizada pela comunidade. Então, observando o lançamento desses resíduos aqui na região e a característica dessa resina, fizemos diversos testes para formular um briquete que tenha maior poder de combustão, melhor impermeabilização e textura;, detalha. De acordo com ele, o briquete também garante melhor armazenamento e transporte do produto.
Além de o impacto da lenha ecológica ser muito menor do que o provocado pela queima da lenha convencional, o professor explica que a resina de breu é coletada de maneira sustentável pela população.
Estudantes
Os alunos participaram diretamente de todas as fases do processo. Eles ajudaram a desenvolver tanto a parte de coleta de resíduos na natureza como a briquetagem no laboratório e as análises químicas e de combustão.
O grupo também passou a desenvolver novas formas de pesquisa, a fim de avançar em soluções que auxiliem também as comunidades vizinhas. É o caso do estudante Sávio Ferreira de Freitas, de 20 anos, que está concluindo o curso de técnico em agropecuária.
;Foi muito produtivo porque é uma coisa que contribuiu na minha formação acadêmica e também pode ajudar muita gente, porque tentamos levar os conhecimentos aqui do campus até as comunidades vizinhas, buscando desenvolver essas comunidades e melhorar a qualidade de vida delas;, conta o estudante.
Para o desenvolvimento da pesquisa, o IFRR investiu na compra de equipamentos para os laboratórios do campus de Novo Paraiso. Após dois anos, a expectativa é de que o setor empresarial do estado ajude a alavancar os trabalhos de pesquisa e o uso do material na região.
;É gratificante saber que a pesquisa fomentada pelo próprio instituto gerou um produto. Com a transferência dessa tecnologia para o setor empresarial, o valor será aplicado aqui dentro do campus para a pesquisa, o ensino, a extensão e a própria inovação tecnológica, além da formação do aluno e da comunidade;, planeja o professor.
Para saber mais e conhecer outros projetos e pesquisas desenvolvidos pelo Instituto Federal de Roraima, na internet.