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Exposição reúne arte urbana, fotos e textos em estação de metrô

A mostra A pele das cidades atrai olhares curiosos de quem se dirige à Estação Galeria do Metrô. O acervo multimídia ficará exposto até o dia 14

Robson G. Rodrigues*
postado em 08/11/2017 16:15
Exposição atrai olhares curiosos de quem se dirige à plataforma da estação
A mostra A pele das cidades atrai olhares curiosos de quem se dirige à Estação Galeria do Metrô. O acervo multimídia ficará exposto até o dia 14
Usuários do metrô de Brasília que caminharem pela Estação Galeria (Setor Comercial Sul) nos próximos dias vão se deparar com painéis, imagens e textos fixados aos muros do local. Os visitantes terão até a próxima terça-feira para contemplar trabalhos dedicados a capturar a essência poética das diversas regiões do Distrito Federal. As obras fazem parte da exposição A pele das cidades, da antropóloga Luísa Molina, 28 anos, que escreveu livro de mesmo nome e cujo lançamento ocorreu no último dia 30.

Nas paredes da passarela subterrânea estão fixados textos da autora sobre personagens de 10 regiões administrativas ao lado de 70 fotografias de Rinaldo Morelli, 10 painéis em grafite dos artistas Guga Baygon e Miguel Oliveira e um telão para exibição de vídeo. A partir da pesquisa das antropólogas Mariana Cruz e Verônica Kaezer, em que entrevistaram 50 moradores de várias regiões do nosso quadrado pelas quais passaram, Luísa selecionou personagens e redigiu as 192 páginas que compõem o livro. Nele, o leitor terá contato com a simplicidade e sensibilidade com as quais ela descreve o que observa.

Foram reunidos profissionais de diversas áreas para conversar com habitantes. Pesquisadoras, fotógrafo e grafiteiros traduziam os depoimentos de acordo com a própria perspectiva artística ou antropológica. ;A ideia é trazer olhares cruzados e multidisciplinares dos relatos que ouvimos;, explica Luísa Molina. Ela conta ter buscado subsídio para a produção textual no trabalho dos artistas do projeto. ;Quando fui escrever o livro, estudei as fotos, vídeos e painéis de grafite para dialogar essas linguagens;.

Para Rinaldo Morelli ; a quem pertence a autoria das imagens expostas ; a cidade carece de fotógrafos que voltem suas lentes aos bairros descentralizados. ;Brasília sempre atraiu muitos olhares, em função dos personagens envolvidos na construção, dos monumentos e tombamento. Em contrapartida, outras áreas têm pouca fotodocumentação e cobertura;, conta o paulista, que vê o projeto como uma nova abordagem. ;Essa proposta de dialogar com a cidade, com a construção de um texto com viés antropológico é a primeira vez que vejo e tive o privilégio de participar.;

Ao registrar os moradores, Morelli procurou ;traçar uma crônica urbana, em que eu mostrasse um pouco do cotidiano dos lugares que a gente visitou;. Segundo ele, nesses locais, o convívio entre vizinhança se dá de maneira mais próxima comparada a Brasília. ;Quem fica muito tempo no Plano Piloto tem sensação de estar morando em uma maquete. A gente já enfrenta problema de grandes metrópoles, mas as regiões administrativas ainda têm cotidiano de pequena cidade, mais humano e com maior relação entre residentes;, observa.

;É uma exposição que dá vida a um lugar de passagem em que geralmente as pessoas não estão dando muita atenção;, comenta a professora universitária e fotógrafa Susana Dobal, que levou a filha Manuela, de 13 anos, para visitar a galeria. A menina ficou especialmente encantada pelo mural que conta a vida de duas moradoras de Planaltina. ;Uma delas, aos 19 anos, conserta celulares, o que é um trabalho inusitado para garotas da idade dela;, diz a jovem.
A professora universitária e fotógrafa Susana Dobal com a filha, Manuela, ao lado do mural que mais chamou atenção da jovem
Abertura

De acordo com Usha Velasco, curadora e coordenadora artística da exposição, o lugar escolhido tem os atributos necessários que buscavam. ;A gente procurou um espaço com grande circulação de pessoas e que fosse acessível;, justifica ela, para quem a obra dialoga com as propostas do projeto que reúne depoimento de moradores de bairros à margem da capital. ;Não queríamos que ficasse em uma galeria onde você só chega de carro.;

As fotografias e painéis têm destino de exibição certo, depois da Estação Galeria. A próxima parada ocorrerá em outra estação do metrô: a Praça do Relógio, situada no centro de Taguatinga.
Luísa Molina, antropóloga, durante lançamento do livro e da exposição A pele das cidades
Rinaldo Morelli:
"A gente procurou um espaço com grande circulação de pessoas e que fosse
acessível. Não queríamos que ficasse em uma galeria onde você só chega de carro;
Usha Velasco,
curadora e coordenadora artística da exposição

* Estagiário sob supervisão de José Carlos Vieira

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