Ensino_EducacaoBasica

Torneio de robótica com legos apresenta soluções para desperdício de água

Sensor que ajuda a monitorar o fluxo de água via internet, válvula que interrompe gastos desnecessários e solvente estão entre as propostas que agitam a etapa que ocorre neste fim de semana

Felipe de Oliveira Moura*
postado em 24/11/2017 20:17

[FOTO1062081]

Nesta sexta (24) e neste sábado (25), Brasília sedia, pela primeira vez, a etapa regional do Torneio de Robótica da First Lego League. A competição ocorre no Sesi (Serviço Social da Indústria) de Taguatinga e traz como tema a hidrodinâmica. As 15 equipes, oriundas de Distrito Federal, Goiás e Espírito Santo, têm a missão de apresentar soluções para escassez, gerenciamento, captação e transporte de água.


A disputa por uma das três vagas na etapa nacional em Curitiba em 2018 estimulou os times, formados por integrantes de 9 a 16 anos, a inovarem nas propostas de melhoria. Coincidentemente, a abordagem escolhida em nível mundial trata da problemática da água e, pensando nisso, os alunos mergulharam de cabeça nas possibilidades de resoluções. ;A maioria desses estudantes foi à Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) e à Adasa (Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal), a fim de pesquisar e saber dos problemas e buscar soluções;, afirma Atos Reis, coordenador de robótica do Sesi e responsável pelo evento em Brasília.

O torneio é dividido em quatro categorias: projeto de pesquisa, desafio do robô, core values e design do robô. Atos explica a metodologia da competição: ;É feita uma avaliação de tudo, do robô, do projeto, das equipes; são duas salas com psicólogos, em que os membros fazem uma dinâmica de grupo, respondem a perguntas e são avaliados como equipe".

As criações participam do desafio do robô, que é muito mais que uma brincadeira de lego. ;É uma representação em forma de lego dos problemas que a sociedade enfrenta na realidade. Trata-se de um robô com funções que a gente desempenha, em uma amostra reduzida.;

Projetos apresentados na competição estão longe de serem brinquedos e ajudam a trazer soluções práticas para o dia a dia das pessoas

Que tal controlar o fluxo de água pela internet?
Foi a partir de pesquisas que a equipe Albatroid identificou um problema: o desperdício de água nas residências, as quais recebem 80% de todo volume de água disponibilizado pela Caesb. Para conscientizar e, de quebra, economizar, os membros do time tiveram uma ideia. ;Criamos um sensor de fluxo que será implementado na saída de água, uma torneira, chuveiro, onde a pessoa quiser colocar, com uma porta Wi-Fi, que disponibilizará um IP e uma senha de login. Você conecta seu aparelho celular ou tablet e entra em um site, o CK (Controlador Específico de Consumo de Água). Ao ligar a torneira, você vai ver o quanto gasta de água em tempo real em litros por minuto;, detalha Tiago Emanuel Marques, 11 anos, participante da equipe.

Segundo ele, implementar o produto na saída de água é viável economicamente e, após uma produção em escala industrial, o protótipo, cujo valor está estipulado entre R$ 63 e R$ 65, pode diminuir consideravelmente. O benefício poderá ser sentido de muitas maneiras. ;Há um gráfico de consumo com os litros que se pode gastar para que a pessoa veja se ultrapassou ou está certinho, para ver se gastou direitinho e criar uma consciência e diminuir os seus gastos;, diz.

Vice-campeões mundiais voltam ainda mais firmes
A equipe Legofield, da unidade do Sesi no Gama, foi vice-campeã mundial do torneio em 2016 no Reino Unido, quando propôs a construção de próteses para animais deficientes. Diante da proposta hídrica desta temporada, eles apostaram em medida radical para conscientizar e resolver melhor o problema do desperdício de água. ;Propomos a criação de um sistema de registro eletrônico que, quando o consumidor atinge 50% do limite preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 110 litros por pessoa, executa uma redução da pressão. Caso ele extrapole esse limite, haverá interrupção desse fluxo que voltará no dia seguinte;, conta Matheus Queiroz, 15, que estava na equipe do ano passado.

O sistema, estruturado com sensor e válvula que pode interromper o fluxo em caso de extrapolamento, é uma medida mais justa do que o racionamento pouco eficiente, na visão do competidor. ;O racionamento não atende as necessidades individuais de cada pessoa e acaba sendo abusivo. Se você é um cidadão que economiza, por que deve lidar com o racionamento?;, questiona. Assim como em edições anteriores, os projetos são apoiados por universidades federais, visando a implementação em larga escala.


Solvente que diminui gasto no banheiro

Engana-se quem pensa que as soluções de destaque no torneio são apenas engenhocas ou dispositivos sofisticados. Produtos caseiros podem resolver o desperdício de água. Ao descobrir que 60% do gasto domiciliar de água se localiza no banheiro, a equipe Megazord apresentou uma fórmula poderosa. ;Desenvolvemos um solvente caseiro com o intuito de neutralizar o odor e mudar a coloração da água. Dessa forma, dá para reduzir o número de descargas dadas. Afinal, se você não sente o cheiro desagradável nem vê a coloração da urina, não teria por que dar descarga;, conta Maria Eduarda, 12. O mecanismo, via sensor ou acionado de modo mecânico, tem como vantagens o fato de ser biodegradável, não interferir no tratamento de esgoto, ser de baixo custo, ajudar na redução da conta e promover economia de água. O torneio se encerra amanhã (25), às 16h30, com a premiação dos vendedores.


*Estagiário sob supervisão de Ana Sá

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação