Felipe de Oliveira Moura*
postado em 11/12/2017 19:19
Três alunos de escolas do Distrito Federal venceram o Concurso de Astronomia para Estudantes 2017, promovido anualmente pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), em parceria com a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Eles receberam o desafio de escolher um objeto astronômico a ser fotografado por telescópio e justificar a escolha com base no interesse científico e no apelo visual.
Concorrendo na categoria ensino fundamental II, Sara Yasmin, 16 anos, aluna do Centro de Ensino Médio 09 de Ceilândia, conquistou o primeiro lugar com a ETA Carinae, um sistema binário estelar. Na categoria ensino médio, os premiados foram Laura Melo e Miguel Dias, alunos do Centro Educacional Sigma, cuja opção foi a Nebulosa da Águia, um aglomerado estelar aberto localizado na constelação de Serpente.
Colecionadora de conhecimento e medalhas
As conquistas de Sara, que está apenas no 9; ano do ensino fundamental, são grandiosas. Com essa premiação, a jovem acumula 13 medalhas em diferentes competições de conhecimento. São seis medalhas e uma menção honrosa em matemática, três em astronomia e mais quatro em robótica. O gosto pelo estudo dos astros e do universo, no entanto, é recente. ;Quando eu era pequena, não tinha muito interesse por astronomia, mas, ao entrar no 6; ano do ensino fundamental, conheci um projeto de olimpíada no CEM 9 e a OBA. Fui estudando pra essa olimpíada e nasceu minha paixão.;
O objeto de estudo da aluna, formado por duas estrelas (a ETA A, extremamente grande, e a ETA B, muito massiva), o objeto de estudo da aluna, sob a coordenação da professora Alessandra Lisboa, promete trazer significativas contribuições para a comunidade científica. ;Ela é muito grande e estrelas desse tamanho explodiram no início do universo e, mesmo assim, esse astro ainda existe.;
Para a estudante, a relevância se dá em vários aspectos. ;A ETA traz muitas perguntas, mas pode trazer bastante respostas no meio astronômico e científico.. É uma fotografia que, melhor estudada, pode ajudar a entender como o universo foi criado;.
Sara quer continuar se dedicando ao tema, não apenas para o ensino médio que se aproxima, mas como futura profissão. ;Eu pretendo ser astrônoma. Em Brasília, não se oferece essa graduação. Terei que ir para outro estado;, diz. A jovem não se furta a fazer críticas à negligência com o ensino da ciência. ;Poderia ter mais incentivo nessa área, porque na escola não temos astronomia. Estudamos em geografia, o que não faz muito sentido. Deveria ser uma matéria própria, porque é muito bela e que ensina muita coisa.;
Astronomia é sucesso entre a garotada
Foi voltando de viagem que Laura Melo, 16, descobriu o feito alcançado junto ao colega Miguel, vencedores nacionais na categoria Ensino Médio. ;Fui à escola, justamente para conversar com o professor de física sobre os resultados e o garoto que ficou em terceiro veio me contar, fiquei muito feliz.; Desde pequena imersa na astronomia de alguma forma - o primo trabalha na área e contava muito para ela quando criança -, o interesse cresceu com o incentivo do professor de física.
A atuação na área, contudo, não promete necessariamente se converter em algo mais sólido no futuro, afirma Laura. ;É mais como um hobby, na verdade. Gosto mais da área de economia que, por sinal, é muito diferente. Mas vou procurar estudar mais sobre isso, fazer mais concursos, achei muito divertido;, ressalta.
O apoio do professor é referenciado pela estudante. Sempre incentivando, participativo e disposto a tirar dúvidas dos alunos, Daniel Peters revela como se deu o incentivo aos alunos. ;Tivemos uma aula de apresentação de como é o concurso e mais três encontros para ajudar os meninos. O regulamento é pesado, principalmente para os alunos do ensino fundamental II.;
Para o professor, o grande desafio é a exigência dada aos jovens de defenderem o porquê o seu objeto deveria ser fotografado. ;O desafio é do aluno de convencer o cientista que aquele astro é importante ele tirar a fotografia.;
O sucesso com o ensino de astronomia na escola vai, aos poucos, ganhando o coração dos estudantes e despertando eles para a importância do tema. ;Aos poucos a gente vai introduzir esse novo tema nas escolas. Quando a gente fala com os meninos é sensacional. Dá uma liberdade muito grande em relação à pesquisa. Ele pode pesquisar astros, naves espaciais, foguetes;, acrescenta o físico.
* Estagiário sob supervisão de Jairo Macedo.