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Autora de livro infantil sobre Anne Frank visita CEF 11 do Gama

Alunos aprenderam e refletiram sobre o holocausto por meio de manifestações culturais; o encontro contou com a presença da embaixatriz de Israel

Karine Rodrigues*
postado em 27/02/2018 20:52

Uma menina que ficou invisível e ganhou o superpoder de mostrar ao mundo que intolerância e desigualdade não são coisas legais: é assim que a história de Anne Frank pode ser contada para crianças e adolescentes de diferentes idades e classes sociais. De autoria de Valéria Portella, o livro infantil Anne Frank ; a menina que ficou invisível é um convite para conhecer a história do holocausto (genocídio de cerca de 6 milhões de judeus pelo regime nazista, liderado por Adolf Hitler) e estimular reflexões sobre respeito e tolerância. Direto de Porto Alegre, a escritora pousou em Brasília para visitar escolas e comparecer a uma sessão solene na Câmara Legislativa em homenagem ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, data lembrada em 27 de janeiro. Alunos do 9; ano do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 11 do Gama foram os primeiros do DF a receber a visita da escritora, nesta terça-feira (27), e se encantaram com o livro da escritora gaúcha, que é uma introdução a O diário de Anne Frank. Na quarta-feira (28), ela visitará a Escola das Nações.

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Com linguagem sensível, a obra de Valéria traz ainda ilustrações que ajudam a entender as raízes da intolerância e do preconceito. A mesma delicadeza foi usada para tratar do assunto na visita à escola. ;Devemos conhecer o passado para não repetir erros no futuro, até pelo que vemos na Síria hoje, além de movimentos revisionistas que negam o holocausto. Diferença, preconceito e polarização de opiniões têm estado muito em pauta. Aprender a respeitar o outro é humanitário, por isso, sempre vai ser tema atual;, comentou a escritora. No evento, mais que contar a história da jovem judia, ela trouxe a discussão ao palco, onde estudantes puderam se expressar por meio de poesia, teatro e música. O colégio se preparou para receber a autora com debates, projetos em sala de aula, construção de maquetes e preparação de números artísticos, a partir de roteiros dos próprios alunos. Daqui para frente, o assunto será trabalhado durante o ano nas aulas de história e uma cópia do livro ficará disponível na biblioteca. Dina Shelly, judia, embaixatriz de Israel e professora, que escreveu o prefácio do livro, que está na segunda edição, também marcou presença no evento.

;Anne Frank tinha a mesma idade que vocês e isso conecta todos. É uma história da humanidade, que não pode ser esquecida. Estou muito animada e emocionada por estar aqui;, disse, na ocasião. No contato com estudantes, Valéria percebeu que os jovens têm empatia e se identificam com a história. ;Além disso, programações como esta incentivam a leitura e a escrita;, elogiou. Núbia Sousa, professora de língua portuguesa do CEF 11 do Gama e responsável pela preparação dos projetos, ficou satisfeita com o envolvimento dos alnos. ;Nosso objetivo com o evento é estimular o estudante a refletir e fazer uma comparação entre passado e futuro: queremos formar cidadãos pensantes, indo além das matérias básicas da escola. Percebemos que várias questões não são tão distantes quanto imaginávamos e continuam atuais;, observa. ;Assim como O diário de Anne Frank, há outros livros que mudam a vida dos alunos e, por meio da poesia, do teatro e da cultura, podemos despertar o interesse deles. Uma sala de aula diferente, onde o estudante se posiciona, é a melhor ferramenta ensino.;

Os estudantes falam

Confira o que alunos do 9; ano do CEF 11 do Gama têm a dizer sobre a programação


Victor Rodrigues, 14 anos, fã de livros de suspense e drama


Alunos aprenderam e refletiram sobre o holocausto por meio de manifestações culturais; o encontro contou com a presença da embaixatriz de Israel

;A presença da embaixatriz foi muito importante, foi marcante na minha vida. Estudo aqui há quatro anos e esse foi o evento de que eu mais gostei. Na sala, tivemos debates e estudos sobre o tema, o que foi bom porque eu nunca tinha ouvido falar sobre a história da Anne Frank nem sobre holocausto. Mesmo escondida, a Anne Frank guardou as emoções dela dentro de um diário. Na escola, tem pessoas que dão apelidos para os outros que são mais altos ou mais baixos, mais magros ou acima do peso... É preciso falar mais sobre respeito.;


Júlia Garcia, 13 anos, confessa que precisa ler mais


Alunos aprenderam e refletiram sobre o holocausto por meio de manifestações culturais; o encontro contou com a presença da embaixatriz de Israel

;O livro representa o sofrimento e mostra que não importam as diferenças: no fundo, todo mundo é igual. Conheci a história do holocausto na escola, mas o colégio é um lugar onde existe muito preconceito, principalmente por causa da religião. As palestras e debates ajudam a combater isso.;


Daniel Pablo dos Santos, 14 anos, fã de livros de drama e ficção científica



Alunos aprenderam e refletiram sobre o holocausto por meio de manifestações culturais; o encontro contou com a presença da embaixatriz de Israel



;Estou terminando de ler o O diário de Anne Frank. Gostei muito da história porque retrata aquela época que não é tão diferente da de hoje quando poderíamos pensar. A gente tem que parar com esse preconceito, não podemos achar que discriminação contra qualquer tipo de pessoa é normal. Na escola, já presenciei atos de desrespeito por causa de desigualdades financeira e racial. Eu descobri a história do holocausto no livro O diário de Helga (que conta a história verídica de Helga Weiss, sobrevivente tcheca do holocausto). O CEF 11 sempre tem muitos projetos e sempre podemos ler nas aulas.;

Fernanda Marques, 14 anos, Lê muito, mas, sem muitas opções de livro, acaba repetindo os que tem


Alunos aprenderam e refletiram sobre o holocausto por meio de manifestações culturais; o encontro contou com a presença da embaixatriz de Israel

;Escrevi um poema sobre Anne Frank. Ao conhecer a história, consegui sentir a tristeza dela. Ela era uma jovem da nossa idade e sofreu tanto. E nós muitas vezes reclamamos da nossa situação, mas ela passou por várias coisas e não tinha o direito de outros jovens. Foi uma grande lição para mim. Conheci mais da história quando a professora explicou em sala e mostrou preconceitos muito sérios na história da humanidade. Aqui na escola, tem muito preconceito com religião. Conhecendo a história, acho que as pessoas podem se conscientizar e parar de desrespeitar os outros.;



Alunos aprenderam e refletiram sobre o holocausto por meio de manifestações culturais; o encontro contou com a presença da embaixatriz de IsraelLeia!

Anne Frank ; a menina que ficou invisível
Autora: Valéria Portella
Ilustrações: Marco Antonio Godoy
Editora: Suinara

52 páginas


Existiu certa vez uma menina que precisava ficar invisível. Seu nome era Anne Frank. Ela tinha acabado de fazer 13 anos quando teve que ir para um lugar secreto e ficar sem ser vista por muito, muito tempo. Em seu esconderijo secreto, Anne escreveu um diário. Posteriormente, ela passou a ser vista como a menina com o superpoder de mostrar ao mundo que intolerância e desigualdade não são coisas legais.


*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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