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Reflexões na volta às aulas

Alunos retornam à escola da Flórida onde um ex-aluno matou 17 pessoas, há duas semanas. Na Casa Branca, Trump e congressistas discutem caminhos para evitar novos tiroteios em escolas

postado em 01/03/2018 10:41
Em clima de emoção e sob forte esquema de segurança, os estudantes da Marjory Stoneman Douglas High Scholl, em Parkland, na Flórida, voltaram ao local ontem, duas semanas após o tiroteio em que o ex-aluno Nikolas Cruz, 19 anos, matou 17 pessoas e feriu mais de 20. Conselheiros e especialistas substituíram as aulas tradicionais por conversas com os jovens sobre a experiência traumática que viveram. O dia foi marcado também pelo anúncio da Dicks Sporting Goods, uma das maiores redes de lojas de material esportivo dos Estados Unidos, de que deixará de vender armas semiautomáticas, a exemplo do fuzil AR-15, usado no massacre de Parkland. Além disso, o presidente Donald Trump, reunido na Casa Branca com um grupo bipartidário de parlamentares, pediu que eles cheguem a uma legislação abrangente capaz de evitar novos tiroteios em massa.
Estudantes chegam à Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland: em lugar das aulas regulares, sessões de apoio psicológico
;Nós vamos encontrar algumas ideias;, disse Trump. ;Espero que possamos colocar essas idéias em um projeto bipartidário. Seria tão lindo ter um projeto de lei que todos possam apoiar;, disse o presidente na reunião, diante de congressistas divididos entre os que apoiam um maior controle sobre o comércio de armas e aqueles que rejeitam alterações nas normas em vigor.

Pelo Twitter, o presidente disse que foi ;uma honra; receber os membros do Congresso para ;uma discussão sobre segurança; nas escolas e comunidades. ;Enquanto continuamos a lamentar a perda de tantas vidas jovens preciosas em Parkland, estamos determinados a transformar nosso sofrimento em ação.;

Dezesseis senadores e deputados republicanos (governistas) e democratas (de oposição) foram convidados para a reunião. Não houve consenso em torno de um projeto, mas o senador democrata Chris Murphy disse a Trump que esforços anteriores para aprovar a checagem de antecedentes de interessados em comprar armas enfrentaram grandes obstáculos impostos pela Associação Nacional do Rifle (NRA, em inglês), o principal lobby pró-armas dos EUA. ;A razão pela qual nada foi feito até aqui é porque o lobby das armas teve poder de veto sobre qualquer legislação apresentada ao Congresso;, disse o democrata.

Em Parkland, os estudantes da Marjory Stoneman Douglas High School, visivelmente emocionados, muitos deles chorando, retornaram à escola no início da manhã. Pais, vizinhos, alunos e ex-alunos de outras escolas, além de policiais, fizeram um corredor humanitário para transmitir apoio e solidariedade. Para animar os jovens, havia também cartazes com mensagens como ;nós amamos vocês; e ;estamos com vocês;.

Alunos e professores usaram laços e rosas brancas em homenagem às 17 vítimas do tiroteio ; 14 alunos e três professores. A previsão é que nesta semana a escola funcione com horário reduzido (das 7h40 às 11h30), com a maior parte do tempo dedicada a encontros para conversas entre equipes especializadas e os alunos ; cerca de 150 terapeutas estarão disponíveis. No dia 24, a escola tinha sido reaberta para os professores voltarem às salas de aula e retirarem os pertences que deixaram em meio ao pânico provocado pelo tiroteio.

;Não tenho medo;, afirmou o estudante Sean Cummings, 16 anos. ;Só acho que é estranho voltar depois de tudo que aconteceu;, frisou. ;Sinto que estamos mais bem protegidos do que qualquer outra escola, mas impressiona muito voltar a ver todo mundo neste lugar e todos esses policiais;, acrescentou.

Uma das estudantes, Kimberly Miller, 14, cujo professor de geografia, Scott Beigel, foi um dos 17 mortos, lamentou a ausência do mestre. ;É muito triste, porque meu professor de geografia não estava ali e tivemos de ir para outra sala e conversar com as pessoas;, disse a jovem.

Nikolas Cruz, o autor do massacre de Parkland, tinha sido expulso por razões disciplinares, em 2017. Autor confesso do crime, ele foi acusado formalmente por 17 homicídios premeditados e está detido em uma prisão do condado de Broward, no sudeste da Flórida, sem direito a fiança.

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