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Projetos de robótica de alunos do Sesi-DF estarão no Fórum Mundial da Água

Desafio dos robôs dos estudantes é apresentar soluções para a temática do evento

Thays Martins
postado em 16/03/2018 14:56
Nos últimos tempos, o brasiliense pôde sentir na pele como a água é um recurso limitado e importante. Depois de um pouco mais de um ano de racionamento, estudantes do Serviço Social da Indústria do Distrito Federal (Sesi-DF) tiveram que pesquisar e apresentar soluções inovadoras para os problemas em torno da temática, essencial para toda a população mundial. Estima-se que até 2030, a população atinga 8,3 bilhões de pessoas, aumentando em 30% a demanda pela água.

Os projetos robótica poderão ser conferidos durante o Fórum Mundial da Água. O evento começa neste sábado (17) e se estende até 23 de março no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e no Estádio Nacional Mané Garrincha. Durante sete dias serão mais de 200 debates e sessões que visam ao uso racional e sustentável da água.

No Estádio Nacional, o público poderá conhecer diversos projetos na Vila Cidadã. O espaço funcionará das 9h às 21h com uma programação extensa. Os projetos dos alunos do Sesi-DF, que estarão no estande da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa), também competirão no Torneio Nacional de Robótica que ocorre em Curitiba entre sexta-feira (16) e domingo (18), a FISRT LEGO League (FLL). Ao todo, são 83 times de escolas públicas e particulares, entre elas, as quatro do DF, Legofild, MegaZord, Albatroid e Lego of Olumpics, tentando uma vaga no torneio internacional, todas com projetos voltados para o uso da água. Os competidores têm entre 12 e 17 anos.

Athos Reis coordena as equipes de robótica do Sesi-DF. Além dele, cada time tem um professor orientadorTodos os anos, as equipes recebem um tema geral, que é definido em todo o mundo, e eles têm que desenvolver projetos que sejam relacionados a esta problemática. Este ano, a questão calhou de ser a água. ;Fomos convidados pelo Fórum para que os nossos projetos fossem exibidos para a população. A água é um tema perfeito para a gente. O que leva ao racionamento? Existem vários fatores, poucos tanques de água, que foi feito para uma quantidade X e a população cresceu. Outro agravante, a cidade está engolindo as nascentes. E como resolver: tem vários caminhos. Temos projetos para o campo, para reduzir consumo doméstico e para quantidade de descarga;, explica o coordenador da robótica no Sesi, Athos Reis.

Conheça um pouco de cada um dos projetos:

Controlador Específico de Consumo de Água

A ideia da equipe Albatroid é de conscientização da população. Para isso, um arduino é instalado em pontos de consumo, como chuveiro, pia e vaso sanitário, e mostra a quantidade de consumo de cada um destes. ;Estudamos e percebemos que 80% da água da Caesb é de uso nas residências e o racionamento não é eficiente porque as pessoas não têm consciência de como consumir água;, explica uma das integrantes da equipe, Maria Rita Lima, de 15 anos. A estudante do 2; ano do ensino médio quer ser engenheira ambiental, então o assunto desperta muito o interesse dela. ;São vários temas importantes, o da água é ainda mais, porque estamos passando por uma crise hídrica, por não saber como cuidar da água;, diz.

A Albatroid irá instalar o produto em um apartamento em Taguatinga Norte sob orientação da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (AdasaA companheira de equipe, Ana Carolina Moraes, 15 anos, acrescenta que, por meio desse tipo de iniciativa, cada um pode ir mudando suas atitudes e influenciar as pessoas próximas. ;Precisamos perceber os nossos erros e até mesmo ensinando aos nossos pais. Na minha casa, todo mundo ficou impressionado quando eu falei a quantidade de água que cada coisa gasta. Então, a gente tem cuidado na hora de lavar a louça, no chuveiro, na descarga, na casa do meu avô nós captamos a água da chuva;, exemplifica.

Sistema de Registro Eletrônico

A equipe Legofild foi segunda colocada no Campeonato Internacional no ano passadoA ideia é instalar o registro na caixa d;água e assim ser controlado o consumo diário, por meio de um aplicativo. ;Fizemos visitas na Adasa e técnicos disseram que o nosso projeto é viável e fizemos vários testes de aplicabilidade;, explica Matheus Queiroz, 16 anos. ;A competição da qual a gente participa mostra que as pessoas têm que se preocupar com os temas atuais que a gente enfrenta;, destaca.

Lucas Sampaio, 16 anos, membro da LegoField, equipe responsável pelo projeto, explica que eles analisaram vários problemas até chegar a essa solução. ;Este ano, o tema coube certinho com Brasília, e nós já estávamos imaginando que poderia ser isso. Para a gente foi uma mão na roda, porque já tínhamos começado a fazer o projeto;.

Para ele, participar do Fórum será uma chance de mostrar o projeto para mais gente. ;Compartilhar ideias e inspirar pessoas. Quando visitamos a Caesb, vimos que eles tinham um projeto parecido com o nosso, mas eles não tinham feito o aplicativo, então acharam muito interessante. No Fórum pode vir uma empresa e patrocinar o projeto, por exemplo;. conta.

Sistema de Irrigação por método automático

Os testes estão sendo feitos em cinco fazendas nos arredores do Gama e na horta da própria escola;O setor da agricultura é o responsável por gastar mais recursos hídricos. Pensando nisso, a gente decidiu medir a umidade do solo e assim não ter a irrigação quando não precisar;, essa é a explicação para o projeto da equipe Lego of Olympics dada por Isadora Marinho, 15 anos. Para ela, participar da robótica só acrescentou na vida dela. ;Traz muitas vivências de vida e conhecimentos. Se não fosse por isso, eu não aprenderia sobre agricultura, gasto de água, programação, por exemplo;, diz.

Thalles Yucatán Lemos de Brito, 16 anos, conta que sempre foi incentivado pelo pai a brincar com o lego. A brincadeira virou assunto sério: ;Nosso projeto é voltado para agricultura familiar, que é de onde vem a maior parte dos alimentos que chegam à nossa vida. Então, água é vida;, destaca.

Produto biológico que altera a cor e o cheiro da urina

Para diminuir o gasto com descargas, a equipe MegaZord desenvolveu uma substância que altera as características de cheiro e cor da urina, para assim não ser necessário uma descarga por uso. Uma das integrantes, Maria Eduarda Araújo, 12 anos, entrou para a robótica depois de assistir uma apresentação de outra equipe. ;Eu fiquei impressionada. Eu participei do regional e foi muito gratificante, e eu pretendo ficar muito mais anos aqui;, diz. Ela está superempolgada para participar do campeonato. ;Estou muito ansiosa, mas sei que vou dar o meu melhor;, comenta.

Com um  litro do produto criado pela equipe, é possível economizar até 33 descargas. A substância é feita com água sanitária, anilina, óleo de citronela e bicabornato de sódioOutro integrante, IIan Rapini, 14 anos, sonha em ser engenheiro mecatrônico, e esse foi um dos motivos para entrar para a robótica. ;Sempre me interessei por tecnologia. Para mim, a robótica não é só o robô, é um estilo de vida. Por meio dela, eu aprendi a trabalhar em equipe, conviver em sociedade, programação;. Para ele, o tema da água é ótimo, porque eles próprios serão conscientizados. ;Principalmente as crianças, que são o futuro;, diz.


Estímulo à robótica

O Sesi adota a robótica como parte do projeto de educação desde 2006. Passando pelo ensino fundamental e médio, são cerca de 459 escolas que ofertam robótica em todo o país. São 190 mil alunos na rede.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá

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