Severino Francisco
postado em 20/03/2018 13:18
Em meio a tantos acontecimentos tristes, consegui garimpar uma notícia alentadora: a entrega do prêmio de melhor professora do mundo para a britânica Andria Zafirakou, conferido no Global Education & Skills Forum.
Havia um brasileiro entre os 10 finalistas, Diego Mahfouz Faria Lima, diretor do colégio Darcy Ribeiro, de São José do Rio Preto, em São Paulo. Com seu trabalho, ele pacificou e qualificou uma escola destroçada pelo tráfico de drogas e pela violência.
Logo no primeiro dia de trabalho, atearam fogo no banheiro, recebeu uma chuva de água, maçãs e lixo na cabeça. Ele enfrentou o problema abrindo um canal e um espaço democrático de participação para os alunos. O projeto foi bem-sucedido e ele mudou completamente o perfil da escola.
O prêmio para a professora britânica pode sugerir um cenário de condições ideais. Mas não é isso que acontece. A realidade que Andria enfrentou é muito parecida com a dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Ela ensina no Alperton Community School, escola de nível médio no distrito de Brent, em Londres, um dos lugares de maior diversidade étnica do país.
Na escola, são faladas 35 línguas e, para ficar mais próxima dos alunos, Andria aprendeu a se comunicar em todos os idiomas da comunidade. Não poderia haver maior declaração de compromisso, de compaixão e de amor pelas crianças. Essa devoção transformou a escola em uma das melhores da Inglaterra: ;O melhor que temos que fazer é celebrar essa diversidade;, disse a professora.
É uma periferia assolada pela precariedade, a pobreza, a desagregação familiar, o tráfico de drogas e as gangues. As lancheiras chegam vazias: ;Ainda assim é incrível ver que, por mais problemas que enfrentem em casa ou que lhes causem dor, nossa escola é deles;, comentou Andria durante a entrega do prêmio.
Andria é professora de artes e têxteis e, aproveitou o espaço do prêmio para fazer um alerta: ;A arte tem uma importância enorme e, no entanto, é a primeira a ser cortada quando há problema no orçamento. Ela encoraja, dá confiança, desenvolve a criatividade e não tem barreira étnica, religiosa ou racial. A arte é a soma de todas as ciências e ajuda a conectar os pontos e a resolver os problemas;.
A Unesco já advertiu que não é correto exigir que os professores sejam heróis e sejam responsabilizados por todas as mazelas sociais. Precisamos criar condições para que floresçam e se multipliquem figuras tão inspiradoras quanto a professora Andria ou o professor Diego.