Karine Rodrigues*
postado em 26/03/2018 18:11
Direto de uma máquina de datilografia modelo Olivetti Lettera 35, Maria Eduarda Marinho ou apenas Duda, 15 anos, escreveu o primeiro livro, que revela no título o que o leitor conferirá nas 58 páginas que o recheiam: Contos de uma máquina de escrever. A estudante do 2; ano do ensino médio do Colégio Marista de Brasília traz uma coletânea de contos, poemas, textos e frases que abordam, em linguagem cotidiana e ainda assim poética, o dia a dia de diferentes personagens. Alguns deles enfrentam problemas como depressão, ansiedade e bullying. A ideia da autora é mostrar que até na rotina tem um pouquinho de poesia ou algum aprendizado.
Para Maria Eduarda, escrever significa doar uma parte de si para as páginas, uma forma de autoconhecimento e conectar pessoas que compartilham do mesmo sentimento. ;Não é impossível se expressar e fazer alguém se confortar com isso. Podemos achar que estamos sozinhos no mundo, mas não estamos e tem gente que passa pela mesma coisa. Acho interessante que as pessoas possam ler e se identificar com a situação;, conta. Ela tem como inspiração os autores Mary Shelley, Virginia Woolf, Elisa Lucinda, Emily Bront;, Augusto dos Anjos, Pedro Bandeira e José Saramago.
Quando questionada do porquê escrever em uma máquina que caiu em desuso, Maria Eduarda explica que, com a datilografia, se sente mais próxima das palavras. ;É como se eu estivesse conversando com alguém, pelo barulho das teclas, que são para mim como uma resposta ou um conselho;, esclarece a estudante.
Contos de uma máquina de escrever é o primeiro livro publicado pela adolescente, mas ela afirma que já tem outros dois projetos a caminho. Um deles tem até título: ela está escrevendo um romance chamado Cartas para as estrelas e mais uma coletânea de textos, só que desta vez, apenas de poesias.
Identificada pela mãe como estudiosa, determinada, reservada, criativa e um pouquinho teimosa, Maria Eduarda pretende seguir carreira na escrita, mas conta que esse não é seu único sonho: ela, que é apaixonada por diferentes expressões artísticas, não descarta outros caminhos que envolvem cinema, artes plásticas, artes cênicas e música. Ela pretende cursar uma universidade fora do país. Estados Unidos, França ou Inglaterra são suas opções de destino.
As habilidades da jovem foram desenvolvidas desde a infância. Ela começou a ler aos 4 anos e escrever aos 7. A mãe, Denise Marinho, 45, revela que o hábito de ler foi passado por gerações, já que pais e avós sempre presenteavam a menina com livros. A primeira obra literária que recebeu foi da avó paterna. Além disso, Denise conta que para incentivar a leitura, sempre deixava bilhetinhos para a filha quando saía para trabalhar. Outro hábito perdurou até os 9 anos de Maria Eduarda, quando os pais liam toda noite histórias para ela. ;Depois que o repertório de histórias acabou, eu me dei mal, tinha que ficar inventando. Quando cresceu, minha filha passou a ler para mim;, lembra Denise. Hoje, a estudante lê pelo menos, um ou dois livros por mês e seu favorito é O morro dos ventos uivantes.
Outra atividade que fazia parte da infância de Maria Eduarda era participar dos concursos de escrita e desenho promovidos pelo caderno Super, do Correio Braziliense. ;Ela sempre pegava o jornal, procurava os concursinhos do Super e queria participar toda edição. Foi, na verdade, a primeira coisa que estimulou ela a começar a escrever. Ela ganhou muitos prêmios, fomos várias vezes no Correio buscar. Ursos de pelúcia, ingressos de cinema e kits de materiais escolares;, relembra Denise.
[SAIBAMAIS]
O Contos de uma máquina de escrever
A publicação será feita pela editora Livro Novo e o lançamento do livro acontecerá em um evento do Programa de Altas Habilidades na UPIS (União Pioneira de Integração Social), localizada na Asa Sul, quadra 712/912 conjunto A, no dia 3/5 às 16h. Um exemplar custará R$ 15.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá