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Professor do CEF 1 do Cruzeiro inspira projeto do MEC

Plataforma que visa compartilhar práticas inovadoras em sala de aula escolheu a iniciativa de audiovisual do educador na escola e outros 29 docentes

Felipe de Oliveira Moura*
postado em 23/05/2018 11:53
Mesmo após 30 anos de experiência em sala de aula, o professor doutor em física Erizaldo Cavalcante decidiu que era o momento de tentar algo novo. Após uma pesquisa, descobriu que o smartphone tão vilanizado por muitos professores era, na verdade, uma oportunidade de aprendizagem. Há quatro anos surgiu o ;Cine com ciência: Luz, câmera; educação;, projeto que tem o objetivo de aliar a tecnologia à produção audiovisual dos alunos na disciplina de cinema do Centro de Ensino Fundamental 01 do Cruzeiro.

Deu tão certo que, além de ser finalista do Prêmio Professores do Brasil 2017, a iniciativa serviu de inspiração para o Banco de Práticas Inspiradoras, parceria do Ministério da Educação com o Instituto Península, que reúne uma série de ações de professores da rede pública de ensino, as quais estão relacionadas às dez competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Professor Zaldo exibe, com orgulho, troféu da conquista na etapa regional do Prêmio Professores do Brasil
O objetivo do banco é compartilhar práticas inspiradoras de professores para que outros tantos possam se motivar e transformar a realidade ao redor, auxiliando na implementação da base até nos contextos mais difíceis. Além disso, serve como ferramenta de valorização ao trabalho dos docentes espalhados pelo Brasil. O professor Zaldo, como é conhecido carinhosamente entre os alunos, e mais 29 professores finalistas do prêmio foram os escolhidos, mostrando as práticas inovadoras em formato de artigo e vídeo.

;A nossa intenção era, com a homologação da base, jogar luz em fatos positivos que estavam acontecendo a fim de exemplificar para os professores de uma maneira simples como as 10 competências já estão sendo colocadas em prática; descreve Heloisa Morel, diretora executiva do Instituto Península. Para ela, os relatos reais dos professores visam inspirar e não ;ofertar um plano de aula a ser seguido;.

Erizaldo está em Dublin, na Irlanda, para conhecer o sistema educacional do país e mostra felicidade com a participação no banco de práticas. ;Essas práticas apontam caminhos de quem nadou contra a maré apesar das dificuldades e achou tempo para pesquisar e elaborar. A ida ao país europeu faz parte da premiação aos finalistas do Prêmio Professores do Brasil. ;Vimos com bons olhos o coroamento do prêmio com essa visita;, celebra.

Sucesso

Até o fim de 2017, os alunos do professor Zaldo produziram mais de 50 filmes. O processo de produção é rigoroso e envolve etapas que vão desde roteiro técnico, montagem de elenco, até edição dos curtas. O sucesso é tão grande, que o CEF 1 do Cruzeiro teve três edições do festival de audiovisual próprio, o Curta seu curta. ;Se você, como professor, procura capacitar e aprender as técnicas de linguagem do cinema e faz suas experiências de criar roteiro, de como melhor contar uma história por meio da narrativa audiovisual, você tem condições de mostrar para o aluno que ele pode criar, aprender e interagir por meio de um processo de produzir um filme do zero;, ressalta Zaldo.

A diretora do Instituto Península destaca a importância da ação desenvolvida pelo professor Zaldo: ;O projeto do Erizaldo explora a quinta competência da BNCC, que trata da cultura digital, colocando os alunos como protagonistas e os envolvendo na criação e no pensamento reflexivo do processo a partir de uma ferramenta que, em tese, não é permitida em sala de aula. Mas faz parte da vida de todos eles;, mostra Heloísa.

Engana-se quem acredita que a disciplina seja apenas uma diversão sem atenção ao que ocorre no mundo. Filmes que abordam problemas ambientais até suicídio juvenil foram produzidos pelos estudantes. ;Minha preocupação é de que os alunos conheçam a linguagem, mas façam dela o bom uso. Que não usem para o estímulo à violência. Que tenham a consciência de saber usar para passar uma mensagem informativa para outros jovens que estejam assistindo; reitera o professor.

Pequenas diretoras e artistas

A aluna Jéssica Ramos, 13 anos, diretora de quatro curtas, se empolga com o projeto do qual faz parte. ;Ele dá liberdade de os alunos criarem, soltarem a imaginação. Mudou bastante minha comunicação, eu sou menos tímida, sou bem mais sociável". Quando fala do idealizador do projeto, ela é só elogios: ;O professor é maravilhoso, está sempre disponível, tem novos projetos. Uma mente brilhante. Ele é inspirador;.

Para Letycia Ewellyn, 14, do 7; B, o celular como ferramenta de ensino é bom para quebrar a monotonia das aulas: ;A gente passa muito tempo dentro da sala de aula com caderno, mas nessa aula a gente aprende muita coisa com o celular;. A adolescente, que já até fez clipe musical, reconhece a mudança. ;Quando entrei na escola, eu não sabia sobre planos de câmera. Hoje, graças a ele, tenho essa noção;.

;O audiovisual, produzido pelos alunos, é uma aplicação muito presente das tecnologias ligadas à educação e tem extrema visibilidade porque está nas mãos da maioria deles;, completa o professor Zaldo.

O Banco de Práticas Inspiradoras, do MEC e Instituto Península (organização do terceiro setor que atua em educação e esporte no aprimoramento da formação de professores) tem diversas histórias de inovação, cujos temas abrangem desde relações étnico-raciais, conservação de patrimônio por meio da arte, musicalização e outros.

* Estagiário sob supervisão de Ana Sá

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