Mariana Machado
postado em 03/08/2018 11:34
Há 169 anos, em 4 de agosto de 1849, morria, na Itália, uma heroína de dois mundos: Anita Garibaldi lutou na Guerra dos Farrapos (ou Revolução Farroupilha) e na unificação do país europeu, sempre ao lado do marido e grande amor, o italiano Giuseppe Garibaldi, com quem teve cinco filhos. A brasileira, natural de Laguna (SC), inspirou gerações e é homenageada hoje no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes.
A iniciativa partiu da ativista Cosete Ramos, presidente da Aliança das Mulheres que Amam Brasília (AMA). ;Anita Garibaldi é o espírito da mulher moderna, que escolhe sair do lar e vai em busca dos sonhos. Mulher que luta de várias formas, inclusive na guerra;, afirma. O nome da guerrilheira está escrito no Livro de Aço, junto a outros 44 heróis e heroínas da Pátria, entre eles Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dumont.
O evento de hoje, que começa às 10h, terá apresentação da banda do Corpo de Bombeiros, com músicas brasileiras e italianas; um jogral contando a vida de Anita, recitado pelas mulheres da AMA; e performances dos alunos e professores do Centro de Ensino Fundamental 15 (CEF 15) do Gama.
A escola foi convidada pela Secretaria de Educação a realizar um projeto para contar a vida da guerrilheira. A escolha é um reconhecimento pelo prêmio recebido da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no ano passado, destacando a instituição como melhor escola de ensino integral do DF.
;Os alunos estão superanimados. É uma forma de dar visibilidade ao trabalho deles e dos professores, e isso traz um gás, uma motivação a mais;, comemora a diretora, Ana Elen Ferreira.
Música
Hoje, os alunos vão apresentar uma canção em homenagem a Anita Garibaldi. A composição é do professor de música Maurício Max, que disse ter criado os arranjos em um estilo que é a cara dos alunos. ;Procurei um ritmo com andamento um pouco mais rápido, como um pop country. Foi tranquilo para compor, porque a história dela já é muito inspiradora;, relata.
Os jovens cantores esperam empolgar o público com o refrão: ;Ô filha de Laguna adotada pela Itália, mulher forte e decidida não temia a batalha. Brilham ainda hoje os seus feitos como mulher que foi a luta pela igualdade e respeito;. O grupo que vai cantar e tocar violões já é motivo de orgulho para o professor. No ano passado, se apresentaram no Palácio do Buriti, para o governador Rodrigo Rollemberg.
;Eu não entendo por que uma heroína brasileira é enaltecida na Itália e pouco conhecida aqui.; O questionamento é de Sophia Bonfim, 14 anos, aluna do 9; ano do CEF 15. A menina que, até este ano, não conhecia Anita Garibaldi, agora se diz inspirada. ;Antes, ela era só um nome para mim, mas, quando descobri que teve toda essa força, fiquei encantada. A gente vai tentar passar o máximo da luta dela para quem for nos assistir;, diz.
Para a amiga dela, Ana Larissa Gonçalves, 15, também do 9; ano, o projeto é uma forma de aprofundar o conhecimento. ;Anita é uma figura representativa da mulher brasileira. Ela lutou e quebrou várias regras, muitas por amor;, disse a jovem que, antes da iniciativa, nunca havia ouvido falar dos Garibaldi.
Além da performance musical, a escola apresentará alguns quadros que estão sendo produzidos pelos alunos da professora de artes plásticas Carmen Prado. No Panteão, ao menos duas pinturas serão expostas, mas a docente espera que, até o fim do ano, ao menos 15 quadros e painéis contando a história da Guerra dos Farrapos estejam concluídos. ;Meus alunos fazem tudo sozinhos. Eu dou alguma orientação e auxílio, mas eles são muito talentosos;, orgulha-se.
Uma das pintoras é Ana Victoria Alves, 12, aluna do 7; ano. A menina quer seguir carreira na arte e conta que o trabalho final será uma surpresa para os pais. ;Eu busquei apresentar ela como mulher e como guerreira, com a luta dela tanto no campo de batalha como dentro de casa, como mãe;, detalha. A colega dela, Ana Beatriz Freitas, 12, vai apresentar a primeira pintura que fez sozinha. ;Desenhei Anita com uma espada, mostrando o empoderamento dela. Naquela época, mulheres não lutavam, e ela fez tudo isso;, disse a menina.