Erika Manhatys*
postado em 23/08/2018 10:00
Aula com %uD835%uDF2Bzzas (pizzas). Assim Pedro Emílio de Melo, 47, intitulou a classe ministrada na segunda-feira (20/8). Os alunos do Centro Educacional 3 de Planaltina contaram com a criatividade do professor de matemática, que organizou um lanche para reproduzir o conteúdo sobre regiões circulares. ;Eu levei uma pizza e os alunos se organizaram para levar as outras, foram 16 no total. Duas delas, eu utilizei para explicar de maneira lúdica a matéria e, depois, nos unimos para confraternizar e comê-las;.
Sobre a ideia de fazer da sala de aula um ambiente de diversão, Emílio conta que sempre busca alternativas de tornar o conteúdo mais leve. ;Quando possível, eu trabalho com jogos e brincadeiras, apesar de a matemática não permitir atividades muito diferentes, eu tento sempre inovar e deixar a aula mais tranquila. Desta vez, casou perfeitamente o estudo de áreas circulares com o formato da pizza;, relata. O professor é funcionário da Secretaria de Educação há 20 anos e, há 28, trabalha com o magistério. Além de atuar com o ensino regular, ele mantém um grupo de estudos na Faculdade de Planaltina (FUP), um dos câmpus da Universidade de Brasília (UnB).
Julyana de Melo Nogueira, 17 anos, é representante da turma que organizou a Aula com %uD835%uDF2Bzzas. Ela, que diz ter gostado muito, acredita que essas ações auxiliam no processo de aprendizado e que outros professores deveriam adotar a didática. ;Seria legal que outros professores também fizessem isso. Todo mundo da sala interagiu, tiveram uma boa motivação, o que geralmente é difícil. Porém, hoje, 100% da turma estava ligada, porque sabem que não é qualquer professor que daria uma aula assim;.
O centro de ensino está localizado em uma importante área de conflito entre gangues, no Jardim Roriz. O local acumula uma longa listagem de disputas entre rivais, que resultam em crimes bárbaros e uma infinidade de homicídios. O peso da má fama recai sobre os jovens, que tentam fazer das dificuldades, uma superação.
;A localidade apresenta muita violência, porém, a expressiva maioria dos alunos é formada por boas pessoas. Eu nunca conheci alguém que apresentasse risco aos colegas e acho que eles são muito estigmatizados pelo fato de morarem em uma área considerada violenta, como esta;, conclui o professor.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer