Os índices do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), dados bienais que medem o nível dos alunos do ensino básico de todo o país, foram divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Entre os dados alarmantes presentes no estudo ; classificados pelo ministro da Educação, Rossieli Soares, como ;o fundo do poço; ;, fica latente a desigualdade de condições entre os estudantes de níveis socioeconômicos distintos no Distrito Federal. Secretário de Educação do DF, Júlio Gregório Filho, lamentou os números apresentados. Para ele, apesar da região ainda figurar entre as maiores médias gerais no país, isto não é o bastante. ;Nem o resultado do DF e nem o do Brasil é algo para se comemorar. Ainda está muito aquém do que necessitamos;, afirmou.
Para chegar aos resultados, o Inep aplicou provas de português e matemática para mais de 5,4 milhões de alunos do ensino fundamental (5; e 9; ano) e ensino médio (3; ano). No ranking nacional, o ensino fundamental do DF está em 5; e em 4; lugar, em português e matemática, respectivamente (confira tabela ao final).
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No ensino médio, a posição cai para 7; (português) e 3; lugar (matemática). ;É aí que o drama começa. Mas ainda tivemos ganhos, especialmente em função do redesenho do trabalho pedagógico com os sistemas de ciclos;, explica o secretário. Neste sistema, a avaliação é feita ciclicamente ao longo do ano letivo. A implementação dessa forma de avaliação começou em 2005 e terminou no ano passado, quando passou a ser usada em todo o ensino fundamental.
Ensino médio apresenta os piores desempenhos
O que preocupa mais é o caso do ensino médio. Neste, os resultados do DF mostram queda no desempenho dos alunos em português e matemática, apesar de haver alguma melhora em relação a 2015, edição anterior do Saeb. Os números ainda estão longe da melhor marca já alcançada, em 2007, que foi de 300,3 pontos em matemática e 288,41 em língua portuguesa.
Júlio Gregório Filho atribui isso ao fato desta ter sido a primeira vez que a avaliação do Saeb foi aplicada a todos os alunos do ensino médio e não só para uma amostragem, como feito anteriormente. ;Não dá para comparar com os dados do ensino fundamental, que já vinham sendo feitos nessa metodologia. Se olharmos para os resultados do ensino médio ao longo dos anos, eles crescem e decrescem, o que considero uma anomalia;, diz. ;Isso evidencia que temos que mexer no ensino médio.;
Por isso, de acordo com o secretário, é necessário discutir a reforma do ensino médio com a população. ;A estrutura em que estamos está aumentando o índice de reprovação e adoecendo nossos professores, que ficam se esgoelando em sala de aula. Estamos lecionando da mesma forma que fazíamos em 2005. A reforma precisa ser amplamente discutida e não dá para ficar 10 anos nisso;, destacou.
Boa educação chega apenas a quem tem poder aquisitivo
O Saeb também mostrou a disparidade do aprendizado entre crianças ricas e pobres. O DF é a unidade da federação com a maior diferença entre esses dois extremos no caso do ensino médio. No ensino fundamental também é evidente isso. ;É um desafio. Esta é a primeira vez que isso emerge com tanta clareza. O DF talvez seja a unidade da federação que tem a maior disparidade de renda. Além disso, aqui há uma quantidade de escolas privadas muito grande, próxima à de escolas públicas;, afirmou.
Para ele, o problema começa no modo como as escolas distribuem os conteúdos. ;Infelizmente, não é a secretaria que determina o que vai ser ensinado, mas o PAS e o Enem;, crítica. Além disso, o secretário sustenta há vários outros fatores, como a própria infraestrutura das escolas, o incentivo da inclusão dos pais no processo e a falta de acesso à cultura.
O Saeb avalia o desempenho dos alunos, ou seja, o que eles estão aprendendo. Na segunda-feira (3), o Inep irá divulgar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mostra as taxas de aprovação, reprovação e abandono.
Desempenho do Distrito Federal nas edições mais recentes do Saeb
5; ano do fundamental
9; ano do fundamental
3; ano do ensino médio
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá