Cézar Feitoza - Especial para o Correio
postado em 22/09/2018 07:00
As escolas particulares do Distrito Federal fogem da tendência dos últimos anos e devem seguir a orientação do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe), que é manter o reajuste das mensalidades em 5%, consoante com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Essa é uma das estratégias para evitar a grande perda de alunos dos últimos anos.
O Censo Escolar mostra que, entre 2015 e 2017, a evasão nas escolas particulares de Brasília chegou a 10%, quanto havia 170 mil estudantes matriculados. Mas, entre 2017 e 2018, houve acréscimo de 0,3% no número de alunos na rede privada de ensino.
Presidente do Sinepe, Álvaro Moreira acredita que os dois movimentos acompanham a situação econômica do país. ;Se você analisar os últimos anos, principalmente 2016 e 2017, houve um período de instabilidade e a inadimplência cresceu. Mas, em 2018, os números voltaram a se estabilizar. Por isso, as escolas voltam a crescer. É natural;, avalia.
Segundo Moreira, manter o reajuste da mensalidade no mesmo valor do INPC é uma medida importante, porque ;equilibra a balança;. ;É preciso manter os alunos nas escolas, segurar a evasão, mas também é preciso ver a manutenção da estrutura de custos;, observa.
Enquanto as instituições particulares de ensino buscam se manter, os pais fazem as contas para encaixar a mensalidade no orçamento. Isso porque, nos últimos seis anos, o reajuste médio das escolas superou 50%.
Segundo o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa), Luis Cláudio Megiorin, há oito anos, os usuários do sistema particular pedem para as instituições manterem os reajustes atrelados à inflação. ;Parece um mantra;, comentou.
Megiorin acredita que a escolas vão seguir a orientação do Sinepe. ;Pode parecer que as escolas particulares estão sendo solidárias ao abaixar o valor do reajuste, mas não é isso. Não é por causa dos pais, mas por sobrevivência;, destaca o representante dos pais.
Negociação
A fotógrafa Márcia Pacheco, 56 anos, passou por uma situação desconfortável para manter a sua filha Lídia Foizer, 15 anos, em uma escola do Lago Sul. Na troca do tesoureiro da instituição, a bolsa integral da adolescente foi cortada, e a mensalidade, em 2018, passou de R$ 1,7 mil. ;Chegamos a pensar em dar aulas pra ela em casa, porque o valor era inacessível. Houve um decréscimo no que recebia e um aumento enorme na mensalidade. Se não tivesse bolsa, seria impossível;, lembra a mãe. A negociação começou em novembro de 2017, mas só em fevereiro, quando outras pessoas intervieram, a Lídia conseguiu o desconto.
Roberto Teixeira, 42, escolheu a escola dos filhos analisando dois aspectos: qualidade de ensino e negociação de desconto. Com um casal de filhos, um de 13 anos e outra de 10, o pagamento das mensalidades seria viável apenas com uma grande redução no preço. ;Em uma não houve flexibilidade para desconto, seria apenas 5% no valor total, por serem irmão. Já na outra, fomos encaminhados direto ao setor financeiro para conversar com um especialista. Foi o que fez a diferença;, conta Teixeira.