Caroline Cintra
postado em 26/10/2018 16:21
Um projeto musical voltado para estudantes de escolas públicas do Distrito Federal, o Brasilerê: Diálogos Musicais nas Escolas, levou uma mistura de ritmos eruditas e brasileiros para alunos de 7 a 17 anos de Ceilândia, São Sebastião e, por fim, na quinta-feira (25/10), ao Gama. A iniciativa foi do Quarteto Transversal, formado pelos flautistas Samille Bonfim, Thales Silva, Rômulo Barbosa e Welder Rodrigues. As apresentações tiveram o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF).
A ideia surgiu após o grupo, que está junto há cinco anos, construir um concerto composto apenas por música popular brasileira. ;Quando finalizamos o repertório,pensamos ;porque não agregar a apresentação a um pouco da história, das influências, transformações e os maiores compositores da nossa música?;;, explica Sammille.
O objetivo era apresentar aos alunos a cultura e a música erudita e popular brasileira, que, segundo a flautista, é um conteúdo de difícil acesso aos estudantes da rede pública. Além disso, também foi uma oportunidade de falar sobre música de uma forma nada convencional, mas sim por meio de um diálogo com os alunos para que pudessem explicar quem são os compositores e suas obras.
Nas apresentações, os alunos tiveram contato com diferentes vertentes da música para entender sua relevância dentro do cenário nacional e mundial. Os alunos também observaram o processo de uma composição e as diferentes estéticas. O grupo trabalhou compositores populares consagrados, como Pixinguinha, Noel Rosa, Ernesto Nazareth, Hermeto Pascoal, entre outros. ;A gente buscou contemplar compositores de vários lugares, como Nordeste, Sudeste, Sul e tivemos a possibilidade de falar de diferentes formas composicionais;, contou Samille.
Além da diversidade de cada região do país, a flautista ressaltou a importância de manter no espetáculo o trabalho de mulheres brasilienses. ;Tivemos a oportunidade de tocar um pout-pourri com três peças de Hermeto Pascoal, composto por uma arranjadora daqui de Brasília, justamente para dar lugar a compositoras e arranjadoras que ainda não têm o espaço que merecem;, destacou.
De acordo com Samille, apesar de os integrantes do quarteto já serem professores na Escola de Música de Brasília (EMB), essa foi uma experiência boa e gratificante. No entanto, o grande desafio é trabalhar as diversas faixas etárias das escolas. ;Fomos muito bem recebidos pela direção das escolas e pelos alunos. As respostas têm sido positivas;, disse.
O aluno do 7; ano Victor Arthur, 14 anos, gostou da apresentação e se mostrou empolgado com o show de flautas na escola. ;Eu sempre gostei de música. Eu aprendi um pouco de flauta, mas depois de ver a apresentação quero voltar a exercitar. Não é sempre que recebemos apresentações na escola e essa foi muito boa;, contou.
O projeto passou pela Escola Parque Anísio Teixeira em Ceilândia, pelo Centro de Ensino Fundamental de Jataí, em São Sebastião, e pelo Centro de Ensino Fundamental 11 do Gama. O propósito do grupo é retornar as apresentações no ano que vem, com o mesmo formato, mas com algumas adaptações.
Música na escola
Há 19 anos, o CEF 11 do Gama tem uma banda musical com os alunos. E, há dois anos, participa de concursos na região e no DF. Chegou até a disputar com grupos de Goianira e Anápolis, em Goiás. O grupo foi criado pelo diretor Luiz Antônio Fermiano. Hoje, o conjunto conta com mais de 80 estudantes da escola. Inclusive, a participação é aberta ao público.
;Qualquer pessoa pode participar do nosso projeto. Temos crianças de 9 anos que tocam lindamente. Sinto um orgulho muito grande de ter sido precursor disso tudo. Apesar das dificuldades temos momentos de muita alegria. Já participamos três vezes de desfiles de 7 de Setembro e já ganhamos vários concursos. Isso é gratificante;, afirmou.
O aluno do 8; ano, Walisson Jardim, 15 anos, sempre gostou de música. Antes de entrar no projeto da escola já sabia tocar bateria, porque aprendeu na igreja. Hoje, na banda do CEF 11, toca caixa, sax e quase tudo de percussão. O sonho do adolescente é ser professor e tocar em banda. ;É o que quero para o futuro, me envolver com música;, contou.
Diferentemente do colega, André Luís da Silva, 14 anos, não gostava de música, mas, quando começou a se envolver na escola, gostou, e não quer mais sair do ramo. ;Na escola eu toco bumbo, mas quero aprender outros instrumentos, principalmente saxofone, que eu acho muito bonito.;
O grupo escolar vai participar do 2; Festival de Bandas e Fanfarras do DF, em 10 de novembro. E foi cotado a disputar no concurso nacional, no fim deste ano, em Fortaleza, mas, de acordo com o diretor, por falta de verba, não conseguirão participar.
;São três dias de viagem de ônibus e levar toda essa criançada não vai ser nada fácil. Gostaria de ir para testar nossos conhecimentos. No momento somos campeões regionais e a gente queria testar em nível nacional", diz. "A vontade continua. Quem sabe no próximo ano;, espera Luiz Antônio.