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Formandos do ensino especial participam de baile para entrega de diplomas

Formandos do Centro de Ensino Especial 1 de Brasília participarão de uma confraternização simbólica na noite de hoje, com direito a entrega de diplomas e valsa

Augusto Fernandes
postado em 29/11/2018 06:00
Mãe de Daniel Bertoni, Eunimar diz que o evento é
Daniel Bertoni viu a irmã se formar em direito e um primo, em engenharia. Foi à colação de grau e ao baile de formatura de ambos. Ficou maravilhado com a beleza das cerimônias e de como os seus familiares estavam orgulhosos. Apesar de não estar na faculdade, ele sabia que um dia também poderia vestir uma beca, receber um diploma e dançar uma valsa de formatura junto à mãe. De tanto pedir à diretora da sua escola, teve o desejo atendido. Hoje, aos 20 anos, ele e outros 100 colegas do Centro de Ensino Especial 1 (CEE 1) de Brasília serão premiados com uma cerimônia que promete ser inesquecível. ;Estou contando as horas. Quero mostrar para todos da minha família que também tenho um diploma;, afirmou Daniel, empolgado.

É a primeira vez em 45 anos de história que a escola fará uma celebração como essa. Ontem, os alunos ensaiaram a valsa e provaram as roupas da noite de gala. A comemoração, obviamente, não significará o ponto final dos estudantes na instituição de ensino. ;É apenas uma forma de fazer com que eles sintam que conquistaram algo. De que estão sendo premiados por tudo o que conseguiram fazer durante o ano letivo aqui na escola. Quem vê de fora, talvez não entenda. Mas, para eles, significa tudo;, ressaltou a diretora do CEE 1, Adriana Almeida.

Alunos participaram do último ensaio, ontem: festa para premiar a dedicação ao longo do ano
A escola atende 236 estudantes com deficiências múltiplas e autismo, com mais de 14 anos de idade, de acordo com o princípio de Educação ao Longo da Vida. Nele são desenvolvidas atividades de artes plásticas, cênicas e musicais, dança, informática, esporte adaptado e outras atividades de cunho pedagógico seguindo o currículo funcional. ;Os alunos permanecem na escola até quando derem conta de vir. A vida deles é aqui. Pedagogicamente, trabalhamos coisas básicas do dia a dia para que desenvolvam o máximo de autonomia e possam viver adaptados à rotina da sociedade. Mas o nosso grande objetivo é fazer com que eles sejam felizes;, destacou Adriana.

Familiares, amigos e professores dos alunos emprestaram vestidos e ternos. A escola também ganhou doações de restaurantes e confeitarias para montar o buffet e teve as portas abertas para fazer a festa no salão do Clube dos Previdenciários, na Asa Sul. ;Será a realização de um sonho. Eles estão aqui há tanto tempo e nunca tiveram esse tipo de confraternização;, observou Eunimar Bertoni, 56 anos, mãe de Daniel.

Tecladista, Siomara Zilda Bagno-Simões está ansiosa para dançar a valsa com os colegas

Celebração da vida

A oportunidade de receber o canudo com um certificado transformou Heitor Bueno, 23. Fanático por esportes, ele diz que ia à escola apenas para as aulas de educação física. ;Mas quando fiquei sabendo que no fim do ano teríamos uma formatura, foi diferente. Tive que me dedicar, sabe? Se não, não seria aprovado. Isso vai significar muito para mim. Vou receber um diploma, é um orgulho!”

Há 29 anos na escola, Siomara Zilda Bagno-Simões, 65, será outra ;formanda;. ;Vou ver todos os meus amigos recebendo o diploma. Isso é uma maravilha;, comentou. Mulher de poucas palavras, ela prefere demonstrar suas habilidades por meio da música. Na escola, toca teclado e participa de corais. Por conta disso, aguarda ansiosamente pelo momento máximo do baile de formatura: a valsa. ;Estou emocionada desde já. Música sempre me faz bem. É o meu maior refúgio.;
À espera do encontro, Rodrigo Augusto Oliveira, 33, não contém a ansiedade. Ele está no CEE 1 desde a adolescência e nunca soube o significado de uma formatura até este ano. ;Agora, já sei o que é beca, capelo, canudo e pelerine. Poucas vezes me senti tão especial. Nós merecemos isso. Quero que seja uma grande festa.;

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