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Ministro da Educação está garantido no cargo até a próxima quarta

Bolsonaro disse que não demitirá nenhum ministro por telefone e que se reunirá com os chefes das pastas quando voltar da viagem a Israel

Luiz Calcagno
postado em 29/03/2019 06:00

Ricardo Vélez

O ministro da Educação, Ricardo Vélez, fica no cargo pelo menos até a próxima quarta-feira. É o que leva a crer a fala do presidente Jair Bolsonaro, ao afirmar, ontem de manhã, que não demitirá nenhum ministro por telefone e se reunirá com os chefes das pastas quando voltar da viagem a Israel. Ele embarca amanhã e retorna na quarta-feira. Ao falar com jornalistas, Bolsonaro foi diplomático. ;Tem problemas? tem. Ele é novo no assunto, não tem tato político. Vou conversar com ele e tomar decisões;, disse.

É a segunda vez que Bolsonaro responde a jornalistas sobre o ministro somente nesta semana. Na terça, em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, da Band, o chefe do Executivo federal admitiu que há problemas no ministério. ;Temos que resolver a questão. Vamos ter mais uma conversa com o atual ministro e vamos ter que decidir a questão da educação, porque, realmente, não estão dando certo as coisas lá;, afirmou.

À noite, a Globo News chegou a anunciar a demissão do ministro, mas foi desmentida por Bolsonaro e criticada pelo ministro. Uma postagem agressiva do presidente em seu perfil no Twitter não deixou claro se ele não pretendia demitir Vélez ou se mudou de ideia depois que a imprensa antecipou.

Já são 16 exonerações no ministério, que segue paralisado e sem direcionamento político, conforme ficou provado no encontro do ministro com parlamentares durante uma reunião da Comissão de Educação na Câmara dos Deputados. A deputada federal (PDT-SP) Tábata Amaral pressionou o ministro, que não conseguiu responder aos questionamentos. ;Não esperávamos resultados, mas algum indício de que havia planejamento estratégico. De que havia metas, dados, projetos reais, e não apenas uma lista de desejos;, disparou Tábata, e recomendou a Vélez que deixasse a discussão ideológica de lado e focasse no que é importante implementar. ;A mim, me resta lamentar o que está acontecendo, continuar o meu trabalho e esperar que o senhor mude de atitude ou saia do cargo de ministro da Educação;, encerrou.

Servidores antigos do MEC atribuem a paralisação da pasta ao discurso de extrema direita do astrólogo Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro e responsável pela indicação do atual ministro, e a uma competição entre indicados civis e militares que, em cargos de diretoria, estariam atropelando decisões de secretários.

Professora da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em planejamento e gestão da educação, Ana Maria de Albuquerque Moreira avalia que a descontinuidade de políticas de educação do MEC afetam diretores de escolas, professores e, principalmente, os estudantes. ;A política se concretiza na escola. O mais grave é que tudo isso afeta o aluno, que está lá na ponta. É para o estudante que a política serve;, lembrou.


"A política se concretiza na escola. O mais grave é que tudo isso afeta o aluno que está lá na ponta. É para o estudante que a política serve;
Ana Maria Alburquerque, professora da UNB

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