Eu, Estudante
postado em 29/03/2019 15:04
Estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com 14 mil meninas, de 13 a 18 anos, que participaram do Projeto Caretas mostra que o sexting (sexo por meio de troca de mensagens) faz parte da vida das adolescentes, mas elas não sabem como se proteger de vazamentos de imagens na rede e não encontram o amparo necessário quando o problema ocorre. O crime impacta muitos adolescentes, em especial meninas, que estão nas redes, mas têm pouca informação sobre como se proteger.
Para criar um ambiente seguro para falar sobre o tema, o Unicef e o Facebook criaram o projeto Caretas, uma experiência virtual em que adolescente e jovens interagem, via Messenger do Facebook, com Fabi Grossi, personagem fictícia que teve um vídeo íntimo vazado na internet pelo ex-namorado. Utilizando inteligência artificial, a personagem conta os desafios que está vivendo e discute os riscos do vazamento de imagens na rede e as opções para obter apoio. Todos os participantes são informados que a história é fictícia e têm sua privacidade preservada.
Em um ano, cerca de 1 milhão de pessoas interagiram com o bot Fabi, sendo a maioria meninas. Para entender melhor a relação delas com o sexting e vazamento de imagens íntimas, o Unicef realizou uma pesquisa. Foi enviado questionário a 14 mil adolescentes de 13 a 18 anos, do sexo feminino, que participaram da experiência. Entre as meninas de 13 a 18 anos que participaram da pesquisa, 35% já mandaram fotos ou vídeos íntimos para alguém e 80% já receberam pedidos para enviar imagens nuas. Para o Unicef, o vazamento de imagens íntimas traz desafios, por cerca de 10% das entrevistadas que passaram por esse problema não tiveram uma rede de amparo, o que fez com que o sofrimento fosse maior. Confira mais dados nos gráficos abaixo:
Quando questionadas sobre como se sentiram, as entrevistadas sentiram-se, majoritariamente, culpadas (80%). Entre elas, 30% afirmaram ter se sentido tristes e sozinhas, enquanto 26% cogitaram fazer algum tipo de dano ao corpo. Para tentar fugir dos problemas originados pelas imagens íntimas, 3,8% mudaram de escola e apenas 1% mudaram de cidade.
A maioria das meninas também desconhece qualquer rede de proteção para vítimas de vazamento de imagens íntimas sem consentimento. Entre as 100 conversas analisadas, apenas 6% das meninas conheciam o canal online da Safernet. Quando perguntadas sobre o papel da escola, 70% das meninas disseram que o assunto nunca havia sido discutido em sala de aula.
Os dados da pesquisa revelaram, ainda, que boa parte das meninas só buscam os pais quando a situação relacionada ao vazamento de imagens íntimas se complica. Diante desse cenário, o Unicef recomenda:
- Fortalecer a capacidade das famílias de dialogar sobre o tema.
- Fomentar iniciativas voltadas às escolas.
- Investir em iniciativas inovadoras na internet.
- Investir em ações que fortaleçam os vínculos entre pares (entre as adolescentes), uma vez que as meninas preferem compartilhar seus problemas com amigas.