postado em 01/04/2019 21:37
Responsável por imprimir as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) desde 2009, a gráfica RR Donnelley decretou falência e paralisação nesta segunda-feira (1/4). A empresa informou que "precisou encerrar suas operações no Brasil" por causa das "atuais condições de mercado".
No entanto, especialistas afirmam que há risco de falhas na segurança com uma mudança da empresa nessa etapa do processo. Para cumprir o prazo, a impressão deveria ocorrer até maio, no máximo. A prova será em novembro e hoje começaram as inscrições para quem quer pedir a isenção da taxa.
O ocorrido complica ainda mais a situação do Enem, que está sendo afetado pela crise atual no Ministério da Educação (MEC). Na semana passada, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, foi demitido ao se desentender com o ministro Ricardo Vélez Rodríguez. Ele foi o responsável pela decisão de deixar de avaliar a alfabetização no País, revelada pelo Estado e depois revogada por Vélez.
O presidente no Inep daria o aval para o trabalho da comissão criada para analisar questões consideradas inadequadas. Ainda não foi nomeado um substituto. Desde a manha desta segunda-feira, o Estado pede um posicionamento do Inep sobre a falência da gráfica e ainda não obteve resposta. Rodrigues também havia pensado em usar a Casa da Moeda para parte da impressão do Enem, mas a ideia não foi adiante.
Só depois de finalizado o trabalho da comissão é que a prova com 180 questões será montada, um trabalho demorado. ;Uma coisa é fazer a prova em novembro, outra coisa é o que tem que ser feito agora, há uma cadeia para ser viabilizada;, diz o especialista em avaliação e professor da Universidade de São Paulo (USP), Ocimar Alavarse. ;Não é qualquer gráfica que pode imprimir o Enem, há um risco grande.;
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não se pronunciou sobre o caso. Segundo a empresa RR Donnelley, para minimizar o impacto da falência, a empresa entrará em contato com o sindicato e avaliará a possibilidade de rescindir todos os contratos de trabalho já nos próximos dias. Isso permitirá o pronto levantamento dos valores depositados nas contas vinculadas do FGTS e habilitará os funcionários a solicitarem o seguro-desemprego, na forma da lei.