Luiz Calcagno
postado em 10/04/2019 18:28
O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub atacou o Partido dos Trabalhadores diversas vezes, na entrevista que deu à repórter Renata Agostini, do Estado de São Paulo. O pingue-pongue foi publicado às 5h desta quinta-feira (10/4). Em um dos momentos, chegou a dizer que ;uma pessoa que sabe ler e escrever e tem acesso à internet não vota no PT;.
[SAIBAMAIS]O assunto chegou ao PT após a jornalista perguntar sobre a defesa de Weintraub do enfrentamento do que ele chama de ;marxismo cultural;. Primeiomro, ele se disse preocupado. Depois, que não é ;caçador de comunistas;. ;Não gosto do comunismo, mas aceito o comunista. Quero a redenção dele;, afirmou ao Estadão.
Na sequência, Renata Agostini faz duas outras perguntas para, então, questioná-lo sobre uma fala em uma palestra em que Weintraub fala sobre o risco de o PT voltar e que o ;inimigo é igual ou mais forte senão sou trouxa;. A repórter quer saber se ;impedir a volta do PT, do inimigo, passa pela Educação;.
;Sem dúvida. Uma pessoa que sabe ler e escrever e tem acesso à internet não vota no PT. A matemática é inimiga do obscurantismo. Eu não sou contra o petista. Tenho amigos que são petistas. Pessoas boas que não conseguem se livrar. Eu converso com as pessoas. Não é que eu tenho: ;ah, demônio!’ Agora, sou contra o obscurantismo.;
Em seguida, o ministro da Educação é questionado sobre como o enfrentamento ao PT passa pela pasta. Weintraub fala, nesse ponto, até sobre uma versão de história ;considerada mais correta;.
;Mais do que termos um livro que diga a história, precisamos de uma versão que considero mais correta. Porque houve uma desconstrução da história do Brasil. A gente teve grandes heróis. Esse ;nunca antes na história do Brasil; é muito nefasto. A gente teve figuras fantásticas. O Brasil é um dos poucos países do mundo em que você não teve ;founding fathers; (pais fundadores, em tradução livre), mas ;founding mothers; (mães fundadoras): Anita Garibaldi, Princesa Isabel, Dona Leopoldina. Você teve figuras como Jose Bonifácio, irmãos Rebouças;,
;Mas o que isso tem a ver com a questão do PT;, questiona Renata Agostini
;Não queria falar do PT. Esse movimento totalitarista obscurantista busca destruir a história. Se você não conhece a história e de onde você veio, não se conhece. E, quando não se conhece, não tem tanta convicção de lutar pelo que é certo.;, respondeu o ministro.
O assunto, então, se volta para a ditadura militar, no que o ministro fala sobre uma ruptura. ;(...) Evidentemente que houve ruptura em 1964. Mas essa ruptura foi dentro de regras. Houve excessos? Houve. Pessoas que morreram? Sim. É errado? É e infelizmente ocorreu. Mas num dia de protesto na Venezuela morreu mais gente do que em todo o período de regime;, disse.
;(...) Acho que as coisas têm de ser contextualizadas. Quando contextualizo mostro que, em determinados momentos, evidentemente que houve erros (no regime militar no Brasil). Mas, se olhar o que gerou a ruptura, foi um movimento de esquerda e houve então uma contrarrevolução. Isso está muito bem documentado. E tem que ser escrito e dito. Por que não? Quando comparamos o que houve no Brasil com qualquer outra alternativa da América Latina não concordo de chamar de ditadura. Houve um regime de exceção;, explicou-se ao Estadão.