Tayanne Silva*
postado em 15/04/2019 18:42
Felicidade, oportunidade e esforço! Essas palavras podem descrever o momento das estudantes Iara, 16 anos, Nathalia,14, Marcía Fernanda, 17, ao receberem a notícia de que ganharam bolsas integrais para estudarem a língua inglesa.;Eu fiquei muito feliz. Na verdade, não acreditei na hora, por deuses;, diz, eufórica, Nathália.
A Cultura Inglesa, em parceria com a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace), instituição sem fins lucrativos de Brasília, concedeu bolsas de estudos de inglês para adolescentes. A iniciativa se chama ;Passion for Teaching; e tem como objetivo oferecer 10 vagas do curso de idioma para cada unidade localizada no Distrito Federal: Asa Sul (2), Taguatinga (3), Asa Norte (2), Sudoeste (1) e Águas Claras (2).
A responsável pela seleção dos estudantes é a Abrace e exigiu pré-requisitos: alunos que sejam assistidos, ou seja, que façam tratamento de câncer e doenças hematológicas na associação, ou que estejam no mesmo vínculo familiar do assistido; ter a faixa etária entre 11 e 17 anos, comprovar bom rendimento escolar na rede pública e ter dificuldades socioeconômicas. A associação tem convênios com hospitais públicos do DF. Caso a criança faça tratamento em uma dessas instituições de saúde e precise de mais auxílio, em conjunto com assistência social, ela poderá ser encaminhada para a Abrace.
As meninas começaram as aulas há mais de um mês na Cultura Inglesa. Elas iniciaram no módulo regular e ficaram superanimadas com a oportunidade de aprender uma nova língua. ;Eu fiquei meio desconfiada quando minha mãe me contou, porque é de graça! Não conseguia acreditar, sabe? Quando percebi que era real foi na hora da matrícula, depois ao pisar o meu pé na instituição de idiomas;, afirma Marcía Fernanda Brito, 17 anos, que é assistida há 14, quando foi diagnosticada com Talassemia Major (anemia severa). ;Eu sempre quis ir para o exterior, principalmente, morar nos Estados Unidos ou Canadá. Também comecei a escutar, cada vez mais, músicas em inglês. Uma das minhas cantoras preferidas é a Rihanna;, diz a estudante do Colégio estadual Maria do Carmo, em Águas Lindas de Goiás.
A outra bolsista Iara Rodrigues Rezende, 16 anos, acredita que o inglês é importante, porque é uma língua universal. ;Não importa o lugar que eu vá fora do Brasil. As pessoas falam o inglês e sem esse idioma será difícil a comunicação. A aprendizagem que se tem na escola não é muito boa, você volta para casa com dúvidas, sem entender o conteúdo, qual é a pronúncia correta e não lembra os assuntos;, analisa. Iara é assistida pela Abrace desde 2013, quando foi diagnosticada com linfoma.
Um dos pré-requisitos da associação para ser selecionada é que o jovem seja aluno de escola pública. Mas Iara é matriculada no 2; ano na Escola DJ de Vicente Pires, estabelecimento particular, mas como bolsista. Dessa forma, ela conseguiu participar da seleção. A estudante observou logo a diferença entre o ensino da língua inglesa na escola e no curso. ;Não tem outras disciplinas no cursinho, pois a aprendizagem é voltada para o inglês. Tudo é na língua inglesa na instituição: as placas, informações e as conversas. Por isso, eu me sinto mais incentivada para estudar;, explica.
Iara pensa no futuro profissional e vê a relevância do idioma no mercado de trabalho. ;O inglês abre portas! Para algumas profissões, essa língua é importante, em muitas dessas áreas têm mais materiais de estudo na língua inglesa do que em português. Isso poderá me ajudar nos estudos! ;, relata. A estudante observa que quando prestar o vestibular e o Enem, terá mais chances de se dar bem na prova.
A irmã de Iara, Nathalia Rodrigues Rezende, 14 , também ganhou um curso de inglês e percebeu o quanto fará diferença na profissão que seguirá. ;Eu acredito que futuramente, quando estiver no mercado de trabalho, será um diferencial maior. Não importa a área que eu irei escolher;, observa.
Ela também destaca a metodologia do ensino da língua inglesa da Cultura Inglesa. ; O curso de idiomas ensina conversação e aprofunda o inglês. Já na escola é voltado para a gramática;, conta. A jovem estava procurando cursos on-line e presenciais, mas eram caros para as condições financeiras dela. ;Não tinha dinheiro para pagar o inglês. E essa oportunidade caiu como os deuses no meu colo;, diz.
Mães felizes!
A mãe de Natália e Iara, Zaldalina Rodrigues, 33, conta como se sentiu quando recebeu a notícia de que as filhas tinham ganhado as bolsas. ;A assistência social da Abrace me ligou e eu fiquei muito feliz por elas! Não tenho condições financeiras para pagar um curso de idiomas, porque estou desempregada. Eu preferi cuidar exclusivamente das minhas filhas. Eu me sinto grata, pois poderão adquirir conhecimentos sobre uma segunda língua;,diz, emocionada. A rejuntadeira Gilma Brito Cardoso, 34, comenta que Abrace também ligou para ela e disse que a filha dela, Marcía Fernanda, tinha ganhado a capacitação.;Na hora, eu achei que era mentira, por ser de graça! Eu perguntei várias vezes, sabe? Ela sempre quis fazer inglês e ir para fora do Brasil;, relata, feliz.
Projeto e solidariedade
CEO da Cultura Inglesa há três anos, Marina Fontoura explica que o programa foi iniciado ano passado. ;O objetivo é disseminar o conhecimento da língua inglesa para a sociedade, principalmente, dar mais oportunidades para os menos privilegiados de conhecê-la;, afirma. A instituição de idiomas proporcionará a esses 10 alunos da rede pública: bolsas integrais e materiais, como livros de acordo com o nível e faixa etária. ;O bolsista precisa ter uma nota acima de 7 na escola pública em que está matriculado para continuar no curso de idiomas;, explica. A ideia inicial é oferecer 100 bolsas anuais distribuídas no Distrito Federal e em três estados, como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Além disso, o projeto tem a previsão de continuar e terá novas aberturas para quem recebe tratamento na Abrace.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá