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Sinpro/DF repudia ação da PM em escola de Ceilândia

A intervenção dos militares ocorreu para separar uma briga de estudantes, registrada na manhã desta sexta-feira no pátio do Centro Educacional 7

Samara Schwingel*
postado em 26/04/2019 20:17
O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF) repudiou a ação de um policial militar, que agrediu e imobilizou um aluno do Centro Educacional (CED) 7 de Ceilândia. O fato ocorreu na manhã desta sexta-feira (26) no pátio do colégio, uma das unidades do DF com gestão compartilhada entre as secretarias de Educação e de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). A cena de violência foi filmada por outros estudantes. O sindicato afirmou que não vai admitir que esse tipo de caso se repita.
policial em cima de aluno do centro de ensino sete da ceilândiaSamuel Fernandes, diretor do Sinpro/DF, participou da reunião com a diretoria do CED 7, representantes da PM e da Comissão de Direitos Humanos, realizada no início da tarde desta sexta-feira. Durante o encontro, Samuel deixou claro o posicionamento do sindicato da categoria. ;Não vamos admitir que aconteçam casos como esses dentro das escolas públicas do DF! O que aconteceu precisa ser apurado e investigado, mas, de qualquer forma, foi um absurdo;, ressalta.
Segundo Samuel, os policiais agiram de forma errada e não estão preparados para atender ocorrências de maneira correta. ;A situação pede que os alunos sejam separados e chamados para conversar. Imobilizar e gerar tumulto não é o caminho;, disse. ;Não somos contra a presença da PM. Aprovamos a ação deles como Batalhão Escolar, no portão das escolas, para garantir a segurança de todos. Dentro das instituições, precisamos de profissionais de educação;, disse.
;Dentro das escolas, é necessário ter professores com orientadores profissionais. Violência gera violência. É dessa maneira que vão educar os alunos da rede pública?;, questiona Samuel. Ele declara ainda que é preciso garantir mudanças em todas as unidades da rede. ;Queremos investimento em profissionais da educação. São eles que precisam estar dentro das salas de aulas. Além disso, lutamos por investimento em todos os colégios de ensino público.;

Análise da ciência social

Formado em ciências sociais pela Universidade de Brasília (UnB), Rodrigo Medeiros também comenta a ação policial. Ele acredita que é preciso ter uma mudança nas escolas, mas a gestão compartilhada não tem se mostrado eficiente. ;As escolas no DF enfrentam o problema de agressão aos professores e entre alunos e, de fato, vivem um momento crítico. Porém, o processo de militarização não tem sido o modelo mais adequado para lidar com a situação;, afirma. ;No geral, violência sempre será a última alternativa para resolver problemas;, declara.
Rodrigo critica a forma com que o governo tenta resolver a violência nas escolas. ;Na verdade, é preciso investir nas instituições de ensino. Abrir mais escolas para resolver o problema de superlotação de alunos e contratar mais funcionários para que o corpo docente seja capaz de atender a demanda dos estudantes;, defende. ;Estão querendo resolver com militares, mas é necessário melhorar a estrutura e a relação entre servidores e alunos;, diz.
O cientista político afirma que a Polícia Militar não está preparada para lidar com estudantes. ;A PM não tem treinamento para trabalhar com alunos, dentro de uma escola. Eles são ensinados a fazer uso da força;, explica. ;E, nas escolas militarizadas, a PM é a primeira a responder quando tem ocorrências desse tipo;, esclarece.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá

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