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Alunas de escolas públicas participam de oficina de robótica

Promovido pela Embaixada da Suécia, workshop propõe ocupação dos espaços nas áreas de exatas pelas mulheres

Daniela Santos*
postado em 17/09/2019 15:57 / atualizado em 10/09/2020 14:46
Nesta terça-feira (17), 30 alunas de escolas públicas do Distrito Federal tiveram a oportunidade de participar do workshop de robótica e descobrir, nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática, um espaço que também é delas. Promovida pela Embaixada da Suécia, a oficina integra o Festival Tekla, que busca inserir mulheres nas pesquisas em exatas e modificar a realidade da área, que ainda é de desproporção entre homens e mulheres. Na Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, as mulheres ocupam apenas 45% das vagas nas chamadas ciências duras, segundo dados do anuário estatístico da instituição. Em alguns casos, como nos cursos de engenharia da Faculdade do Gama (FGA), o número de homens é quatro vezes maior que o de mulheres.
 
Alunas de escolas públicas do DF tiveram a oportunidade de participar de workshop de robótica promovido pela Embaixada da Suécia e que integra o Festival Tekla
 
Com canudos, fitas adesivas e o auxílio de um programa de computador, as meninas construíram robôs, aprenderam a criar os movimentos e, ao final, fizeram suas criações dançarem. Glaucimara Silva, oficial da cultura da Embaixada da Suécia, explica que a ideia é acabar com a distinção de gênero no mercado de trabalho na área de tecnologia. "Estamos aqui para mostrar que, na realidade, você pode ser o que quiser. A falta de mulheres cientistas impacta em pesquisas na economia e em outros setores. Então, precisamos estimular e promover esse tema que é tão importante para nós". 
 
Apresentação dos projetos finais
 
A primeira edição do festival no Brasil integra uma série de atividades que a embaixada promove durante a Semana de Inovação Suécia-Brasil 2019.

Referência

Alunas do Centro de Ensino Médio Paulo Freire, Victória da Silva e Liz Monteiro, ambas com 15 anos de idade, gostaram da experiência do workshop. Para Victoria, sair do ambiente de sala de aula e conhecer outra realidade foi estimulante. "Foi legal ter contato com outras meninas, principalmente porque a gente fica muito fechado na nossa bolha da escola. Também pudemos estimular a nossa criatividade. Foi maravilhoso", conta a adolescente, aluna do primeiro ano.

Liz ressaltou a importância da representatividade na área. "É importante poder ver várias mulheres incríveis, com carreiras fantásticas e perceber que é possível, sim, conquistar o que a gente quiser."
 
Liz Monteiro e Victória da Silva com o robô construído de canudos
 
Elas tiveram o apoio de monitoras voluntárias que atuam na área. Entre elas, estava Juliana Estradioto, 19, que iniciou trabalhos de pesquisa em tecnologia química ainda no ensino médio. Hoje, ela desenvolve diversos projetos com recursos sustentáveis e coleciona prêmios - o último deles, de Jovem Cientista no Seminário Internacional de Jovens Cientistas de Estocolmo (SIYSS), vai levá-la para acompanhar a cerimônia de entrega do prêmio Nobel em dezembro, em Estocolmo, capital do país.

"É muito engraçado pensar que eu sou referência para alguém porque ainda me vejo muito nessas meninas. Eu nem tive a oportunidade trabalhar com robótica e tecnologia no ensino fundamental", conta Juliana. Para ela, é hora das jovens mulheres entenderem a área de atuação como delas também. "Elas estão tendo uma oportunidade muito única de perceberem que esse espaço também é delas".
 
Juliana Estradioto coleciona prêmios com projetos de recursos sustentáveis

Meninas.Comp

As alunas que participaram do workshop fazem parte do projeto de extensão Meninas.comp da UnB, que leva aulas de robótica, programação, desenvolvimento de aplicativos e outras ferramentas para jovens de escolas públicas do DF. Na oficina, estavam presentes seis escolas. Mas, no total, o projeto atende 11 instituições de ensino fundamental e médio e cerca de 400 alunas.

A professora do Departamento de Ciência da Computação (CIC/UnB) e coordenadora do projeto, Aletéia Favacho conta que percebe o aumento da entrada de mulheres no curso. "Tem alunas que conheceram o projeto no ensino médio e hoje fazem ciência da computação, engenharia e outras graduações na área."

Diálogo Tekla

Ainda no contexto do Festival Tekla, nesta quarta-feira (18) ocorrerá um encontro com especialistas para debater formas de capacitar mulheres na área de tecnologia e fortalecer e ampliar as oportunidades. O debate será no auditório do Departamento de Ciência da Computação da UnB, no câmpus Darcy Ribeiro, das 14h às 18h. O evento é gratuito e as inscrições são feitas pelo site.

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