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Especialistas se debruçam sobre a escola do século 21

O tema foi assunto do seminário internacional Criatividade e Pensamento Crítico na Escola, promovido pelo Instituto Ayrton Senna nesta semana

Correio Braziliense
postado em 07/03/2020 09:38
Especialistas se reuniram para debater o tema no seminário internacional Criatividade e Pensamento Crítico na Escola
É comum se afirmar que o Brasil tem escolas do século 19 para estudantes do século 21. A falta de sintonia responde não só pelo fracasso escolar, mas também pela entrega à sociedade de pessoas obsoletas, cuja formação não responde às urgências do tempo.
 
Essa realidade não constitui nenhuma jabuticaba. É problema que desafia os cinco continentes – em maior ou menor profundidade. Que educação oferecer à criança que vive num mundo de rápidas transformações, em que a inteligência artificial ocupa os espaços antes exclusivos dos humanos?
 
Funções repetitivas, tão necessárias no século 19 para alimentar a  revolução industrial, tornaram-se tarefa de robô. Também as intermediações, que funcionavam como elo entre duas pontas, ficaram para trás graças à uberização da economia.

 
Novo paradigma

Especialistas, instituições e organismos internacionais têm-se debruçado sobre o tema. Com a publicação do relatório da OCDE Desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico dos estudantes – o que significa na escola, uma certeza vai ganhando corpo – criatividade e pensamento crítico são competências indispensáveis neste admirável mundo novo.
 
O tema foi assunto do seminário internacional Criatividade e Pensamento Crítico na Escola, promovido pelo Instituto Ayrton Senna nesta semana. O evento contou com a participação via Skype de Andreas Schleicher, da OCDE, responsável pelo Pisa, exame internacional que avalia estudantes de 79 países em leitura, matemática e ciências. Também participaram pesquisadores internacionais e especialistas em política pública.
 

Criatividade se aprende?

Na palestra de abertura, a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, desmistificou a questão. Antes, pensava-se que criatividade era privilégio de gênios. A ciência provou o contrário. É para todos.
 
Criar está longe de ser processo mágico. Na verdade, é 1% de inspiração e 99% de transpiração. Trata-se de potência humana desenvolvida com treino e desafios. Precisa ser estruturada e intencional.

Assista aqui o seminário
 
A escola, que antes pensava ter por missão transmitir conteúdo, passa a ser convocada para desenvolver a criatividade. Impõe-se ir além do cognitivo, ampliar as fronteiras. Com a educação alargada, os bancos escolares somam conhecimento e competências socioemocionais. 

O que é pensamento crítico?
 
O pensamento crítico se opõe ao magister dixit – o mestre falou. O estudante pode e deve questionar as informações. Saber os porquês, os outros lados, o contexto. Distinguir fato, inferência e opinião. Ter o próprio pensamento.
 
A escola tem papel fundamental no desenvolvimento do cidadão com pensamento crítico. Trata-se de processo que se vai aprofundando à medida que se expõe o estudante a posições desafiadoras, com múltiplas questões.
 
O professor está preparado?
 
Andreas Schleicher, responsável pelo Pisa na OCDE, disse que os estudantes brasileiros são bons na repetição, não na criação. A razão é simples: trata-se do paradigma da escola. Eles aprenderam bem a lição.
 
No século 21, os papéis mudam. O professor torna-se uma espécie de coach. Dá o protagonismo ao estudante, que assume posição ativa. Trabalha com tarefas num ambiente engajado. Os mestres do novo tempo precisam se preparar. As universidades têm de entregar à sociedade profissional habilitado a desenvolver competências cognitivas e socioemocionais.

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