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Professor do DF é indicado para o 'Nobel da Educação'

Com o projeto Rap (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo), o professor de história Francisco Celso é finalista do prêmio Global Teacher Prize

Correio Braziliense
postado em 19/03/2020 20:31
“Quando comecei a dar aulas no sistema socioeducativo, em 2015, percebi que os meus alunos não se enxergavam nas histórias contadas nos livros didáticos, mas nas das letras de rap”, relembra Francisco Celso Leitão Freitas, 40 anos, professor de história na Unidade de Internação de Santa Maria. Foi pensando nisso que o educador criou o projeto Rap (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo), que lhe garantiu o reconhecimento no prêmio Global Teacher Prize 2020, considerado o Nobel da educação. 
 
Francisco Celso Freitas é professor do Centro de Ensino da Unidade de Internação de Santa Maria, onde atende meninas e meninos entre 12 e 21 anos que estão cumprindo medida socioeducativa de privação de liberdade 
 
Francisco está entre os 50 finalistas da condecoração, junto a outras duas docentes brasileiras — a professora de educação especial e língua portuguesa Doani Emanuela Bertan, da E.M.E.F. Júlio de Mesquita Filho, em Campinas (SP); e a professora Lília Melo, da Escola Brigadeiro Fontenelle, em Santa Maria de Belém (PA). 

Organizado pela Varkey Foundation, em parceria com a Unesco, o Global Teacher Prize premiará um professor “que tenha contribuído de maneira excepcional para profissão” com US$ 1 milhão. Francisco, Doani e Lília foram selecionados entre, aproximadamente, 12 mil inscritos de mais de 140 países.

Em junho, o Comitê do Prêmio selecionará dez dos 50 professores, que serão convidados para uma cerimônia em Londres, quando o vencedor será anunciado. O evento está marcado para 12 de outubro.

Sobre o projeto  

O Rap atende meninas e meninos entre 12 e 21 anos que estão cumprindo medida socioeducativa de privação de liberdade. A ideia é utilizar o gênero musical como ferramenta pedagógica para abordar temas do currículo escolar, principalmente diversidade, direitos humanos e sustentabilidade.

“O rap é um gênero musical muito presente entre a juventude periférica. Lá (onde eu dou aula), 100% dos internos são moradores do entorno do Distrito Federal”, explica Francisco. “Então, essa foi a forma que eu encontrei de fazer uma abordagem pedagógica e cultural mais próxima da realidade deles”, completa.

Com o apoio de parceiros do movimento Hip-Hop do DF, o professor e os estudantes transformam as letras em músicas e disponibilizam as produções no canal do YouTube Projeto Rap DF. Ano passado, o videoclipe “18 motivos pela não redução da maioridade penal” foi exibido no 52º Festival de Cinema de Brasília.   

De acordo com Francisco, o projeto abre portas para os jovens da Unidade de Internação de Santa Maria, inclusive depois do cumprimento da medida socioeducativa, e contribui para sua ressocialização. “Como professor, lá dentro, a gente consegue passar uma mensagem positiva. No entanto, quando eles saem, voltam para o mesmo ciclo de violência, que é difícil romper”, explica. “Por meio do projeto, estamos conseguindo acompanhar e dar oportunidades para alguns egressos, e isso é o mais gratificante para mim.”  

Para se ter uma ideia da dimensão e da relevância do Rap, ele recebeu o prêmio Itaú-Unicef, realizado pelo Itaú Social, em 2017, e a condecoração local, regional e nacional da mesma entidade em 2018. “Se já tínhamos extrapolado as fronteiras de Brasília para o Brasil, agora extrapolamos do Brasil para o mundo”, brinca Francisco. 

“O professor tem um papel social fundamental,  porque pode marcar a trajetória de alguém positiva ou negativamente, e eu espero que esteja cumprindo com meu papel de marcar de maneira positiva”, conclui. 

Confira o trabalho do grupo nas redes sociais:

Instagram: @projetorapdf
Facebook: Projeto Rap DF
 
 
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá  

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