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Teleaulas: estudantes comentam adaptação; SEE-DF comemora boa adesão

Apesar de audiência do programa na TV não ter sido divulgada, no YouTube, vídeos somam 35 mil visualizações. Escola em Casa DF passa por período de ajustes

Correio Braziliense
postado em 14/04/2020 20:02
As teleaulas para ajudar a informar e ocupar os 460 mil alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal durante a quarentena tiveram boa adesão, de acordo com avaliação da Secretaria de Estado de Educação (SEE-DF). A pasta não divulgou o total de audiência dos vídeos, transmitido por canais de televisão e pela internet, mas elogia a participação tanto de estudantes, quanto de professores, que se voluntariam para gravar as aulas. Apenas no YouTube, desde que foram iniciadas, em 6 de abril, as sessões educativas on-line somam mais de 35 mil visualizações.

Confira a aula transmitida na segunda-feira (13/4), com temáticas que abrangem da primeira infância ao ensino médio:


O programa Escola em Casa DF é transmitido pela TV Justiça, pela TV Gênesis e no YouTube das 9h às 12h de segunda a sexta-feira. Na TV União, as teleaulas vão ao ar no horário contrário, das 13h às 16h. Os conteúdos vão da educação infantil ao ensino médio. Para que alunos da reta final da educação básica não percam o ritmo de estudos em meio à pandemia, nas terças e quintas, há aulões específicos para o ensino médio.

Alunos, como Gabriela, têm acompanhando as aulas, mas sentem falta de conteúdos mais direcionados
A programação não é obrigatória e não conta como dia letivo e vem para ajudar que estudantes não fiquem totalmente sem avanço de conteúdo durante a quarentena. Nem todos, porém, aprovaram o formato. No caso de Ana Júlia Cardeal, 14 anos, aluna do 9° ano do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 412 de Samambaia Sul, as teleaulas ainda não entraram na rotina. “Acho que não vale muito a pena, a quantidade de tempo da aula é muito baixa, não equivale nem a uma aula inteira”, declara.

Ana Júlia se sente desestimulada para assistir, pois as transmissões não contam ponto de participação, nem frequência. Já Gabriela Gomes, 14 anos, estudante do 9° ano do CEF 120 de Samambaia Sul acorda todos os dias mais cedo para acompanhar as aulas pela televisão. No entanto, a adolescente sente falta de um conteúdo mais direcionado. “Não estou achando as aulas muito boas, estão focando só no 7° e no 8° anos. Todos os conteúdos que estão passando agora, eu já estudei. Não está sendo o ideal, mas os professores explicam bem”, pontua.

Juliana Yade, da Fundação Itaú Social, alerta para a importância de os métodos adotados agora não serem punitivistas com os alunos
Juliana Yade, especialista em educação do Itaú Social, pondera que qualquer adaptação feita agora está longe do que seria o ideal, mas reforça a intenção de tentar. Afinal, é melhor oferecer algo aos alunos do que não oferecer nada. “Diante da situação que estamos vivendo, precisou-se pensar rapidamente em ações que poderiam ser feitas para a continuidade da aprendizagem”, comenta. “Existem pesquisas fundamentadas que discutem a perca de aprendizado em períodos em que as crianças ficam ausentes da escola. As aulas a distância não são o ideal, mas isso é necessário agora”, reflete.

Naturalmente, nem todos os estudantes poderão acompanhar os conteúdos, pois nem todos contam com internet ou televisão em seus lares. “Precisamos pensar em políticas que não tensionem as desigualdades. Nós sabemos que nem todas as crianças têm condições de acompanhar essas aulas em casa”, indica Juliana. Por isso, não cobrar frequência é importante. “É um momento ímpar o que estamos vivendo, não sabemos se existirá outro momento assim na história da humanidade. Testamos possibilidades neste momento, e talvez não cobrar tanto seja um modo de as crianças não serem penalizadas por esse processo”, destaca.
 

Saiba Mais

Período de ajustes

David Nogueira, coordenador do programa Escola em Casa DF, destaca a adesão à proposta como positiva e disse que a audiência tem sido boa. “Superou as expectativas. Sabemos que ainda precisa de ajustes; então, estamos tentando contornar as falhas que identificamos, como a questão de ter horários mais específicos voltados para estudantes de determinados anos”, diz. “Por exemplo, uma mãe que tem um filho no 7° ano não sabe, por enquanto, exatamente a que horas o programa para o filho dela vai ao ar”, reconhece Nogueira.
 
David Nogueira, da SEE-DF, comemora a audiência
“São coisas que estamos conseguindo ajustar e esperamos que nas próximas semanas teremos uma grade mais definida”, afirma. Apesar dos ajustes necessários, o representante da SEE-DF comenta o retorno positivo que tem recebido de pais. “Por exemplo, há o relato de uma mãe que disse que o filho só estava assistindo televisão e jogando videogame antes. E, quando assistiu a uma aula de ciências na tevê, o menino foi debater com os amigos sobre o tema da aula”, conta. “É legal ver que a aula repercute para além da transmissão, ela se desdobra em conversa, desperta a curiosidade dos estudantes”, comemora.

Ele agradece a equipe de educadores voluntários. “Nossa satisfação também é com os professores que têm participado do projeto, tanto aqueles que participam das aulas gravadas, quanto aqueles que participam das aulas ao vivo. Eles têm expressado o quanto é gratificante fazer parte desse projeto num momento que é complicado para todo mundo.” Como próximos passos, a pasta prevê o lançamento de uma plataforma virtual de aprendizagem para facilitar a interação, especialmente de alunos de ensino médio sobre as aulas.

Professores de ensino médio estão sendo treinados para usar plataforma de sala de aula virtual
A secretaria está treinando professores de ensino médio para o uso da plataforma Google Sala de Aula. A iniciativa de teleaulas da SEE-DF tem servido de inspiração para outras secretarias de educação no país. “Alguns estados entraram em contato querendo os nossos programas, interessados em saber sobre o nosso planejamento”, revela. “Então, tem sido bem interessante contar com o apoio e dar apoio a outras secretarias estaduais”, finaliza Nogueira.

 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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  • Foto: Patrícia Stavis
  • Foto: Ascom/SEE-DF
  • Foto: Tiago Oliveira/SEE-DF

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