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Escola pública da zona rural de Planaltina se reinventa durante isolamento

Oferecendo aulas a distância e apostilas, equipe de docentes trabalha para manter ritmo de estudo dos alunos

O Centro Educacional Taquara, escola pública localizada na zona rural de Planaltina (DF), está oferecendo aulas on-line e material para estudantes por conta própria. O objetivo da iniciativa é oferecer condições para que os mais de 800 alunos, desde a educação infantil até o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) ensino fundamental e médio, tenham condições de manter os estudos durante o isolamento social.

O diretor, Volemar Ornelas, conta que a ideia principal da equipe pedagógica é passar algo para os alunos dentro do que eles estão realmente estudando, assim quando as aulas retornarem, os estudantes não perdem a linha do conteúdo.

A organização da proposta foi realizada depois de uma reunião on-line com o grupo de professores e coordenadores, a equipe decidiu usar o  para postar aulas e atividades. Com conteúdos que vão do ensino fundamental ao médio, o blog atinge, em média, 400 visualizações por dia. “No EJA, temos 125 alunos matriculados e, em um dia só conseguimos mais de 90 acessos no conteúdo direcionado a eles no blog”, conta Ornelas.

O professor responsável pelo laboratório de informática vai alimentando a página com os conteúdos enviados pelos educadores. Para as séries iniciais, que vão do 1° ao 5° ano do ensino fundamental, os professores elaboram apostilas, enviam para o e-mail da escola e elas são impressas e disponibilizadas para a retirada na escola. 

Os alunos não precisam ir na escola para ter acesso ao material. “Os pais comparecem na escola, sempre tem alguém da direção lá, estamos fazendo revezamento. Quando não tem ninguém, o vigilante está autorizado a entregar o material. Para evitar ao máximo o contato social”, diz o diretor.

Para atender uma turma de 18 alunos, a professora Juliane Pereira de Andrade, do 1° ano do ensino fundamental, ela elaborou apostilas com atividades básicas. “Todo dia envio um livro em PDF para os pais lerem com os filhos”, disse. 

A professora tem uma lista de transmissão com os pais, no whatsapp. É por lá que ela informa a disponibilidade da retirada de material na escola. “Fiz uma apostila para, a princípio, duas semanas. Mas quando terminar essa, já tenho outras”. 

Para desenvolver os exercícios que os estudantes realizam em casa, Juliane pensa não só nos alunos, como também nos pais. “Tenho que levar em consideração as condições socioeconômicas dos pais. Alguns deles não concluíram sequer o 5°ano das séries iniciais. Então, é preciso levar em conta o que os pais podem oferecer de ajuda para os filhos”. 

E o trabalho tem recebido retorno. “Ontem mesmo um pai me mandou mensagem agradecendo as atividades que estamos mandando e pela preocupação com os filhos”, alegra-se. Mas em casos como os pais que não possuírem whatsapp, a professora conta com o apoio da direção da instituição, para entregar a apostila para quem mora perto da escola.

Glenda Sales é professora do 2° ano do ensino fundamental. Com 21 alunos na turma, ela consegue contato com a maioria dos alunos. “Cada professor desenvolve seu método de acordo com a turma, idade dos alunos e capacidade psicomotora”, declara. 

O diretor da escola esclarece que, a princípio, as atividades não têm caráter de cunho avaliativo. Mas, quando retornarem as aulas, essas atividades serão analisadas. “De imediato, o professor não vai lançar nota para os alunos porque não são 100% dos estudantes que vão conseguir ter acesso às atividades propostas. Mas, quando retornarem as aulas essas atividades serão consideradas. O professores vão disponibilizar o material para os alunos que não conseguiram fazer. Os que já realizaram as atividades durante o isolamento social serão avaliados”, diz.

Jane da Silva de Oliveira é mãe de Samara,18, aluna do 3° ano do ensino médio. Por ser maior de idade, o contato é feito diretamente entre Samara e os professores, “Eu não entendo muito de internet, ela que entende. Ela assiste às aulas pelo blog e está indo bem”, conta Jane. Em ano de vestibular, a família não sabe ao certo o que vai acontecer com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). "Nós nos preocupamos bastante, mas, mas, infelizmente, vamos ter que passar por isso. Então, é bom que os alunos mantenham a rotina de estudos".

Cacilda Alvez, mãe de Isabely Alves, 11, aluna do 6° ano do ensino fundamental, diz que gostou da proposta pois auxilia na elaboração das atividades que ela queria passar para a filha fazer em casa. “O que os professores colocaram no grupo, eu achei bem interessante, eu posso dar uma ajuda para ela, conversar com os professores. Eles sempre estão prontos pra ajudar”.

A pequena Isabely conta que tem feito todas atividades e assistido as aulas quase todos os dias, mas que prefere as aulas presenciais. “Porque eu posso tirar mais dúvidas”, explica. A saudade parece ser um fator comum, é o que conta a professora Juliane: “Tenho alunos que me mandam áudio falando que estão com saudade, que querem voltar pra escola, mas faz parte, né? Eles sentem falta, nessa idade eles gostam bastante da escola”.

Arquivo Pessoal / Divulgação - Atividades escolares em cima de mesa
Arquivo Pessoal / Divulgação - Mulher loira sorrindo
Arquivo Pessoal / Divulgação - materiais escolares em cima de mesa
Arquivo Pessoal / Divulgação - Perfil de mulher morena
Arquivo Pessoal / Divulgação - Mulher adulta usando óculos e a filha criança sorrindo