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Alunos e professores do Sesc se adaptam à rotina de ensino a distância

Em um mês, plataforma on-line da instituição registra mais de 34 mil acessos. Estudantes brasilienses da escola-residência do Rio de Janeiro relatam a experiência

Correio Braziliense
postado em 13/05/2020 16:08
Escolas particulares de todo o país têm lidado com adaptações para que o ano letivo de 2020 sobreviva em meio à pandemia. A rotina de muitos colégios passou a ser virtual. Nesse cenário, a adequação da Escola Sesc de Ensino Médio (Esem) para o ambiente de ensino a distância (EAD) recebe feedback positivo de alunos e professores da instituição. 

Em duas semanas, as escolas do Serviço Social do Comércio (Sesc) de todo o país se prepararam e migraram para o modelo on-line de educação. Agora, as aulas, que voltaram no início de abril, ocorrem por meio de ferramentas virtuais, como videoconferências, chats, videoaulas, podcasts, download de arquivos, entre outros. 

Fachada da EduSesc em Taguatinga"No primeiro mês de atividades on-line, a plataforma da Escola Sesc de Ensino Médio registrou mais de 34 mil acessos de estudantes e professores e quase 295 mil atividades. Com uma média de tempo de uso de quatro horas diárias, cerca de 599 usuários interagiram por meio do sistema virtual entre 6 de abril e 9 de maio." 

No Distrito Federal, as aulas on-line estão disponíveis para alunos dos ensinos médio e fundamental. Para os estudantes do 3º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, há ainda uma plataforma virtual, na qual estão disponíveis livros, ambiente de pesquisa e chat para tirar dúvidas com os professores.

Estudando em casa

Em destaque, está a Escola de Ensino Médio de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A instituição funciona em regime de internato e é 100% integral. Todos os anos, há um processo seletivo que recebe gratuitamente alunos de todo o Brasil. Em razão da pandemia e do isolamento social, todos os estudantes tiveram de voltar para casa.

Esse é o caso da brasiliense Laura Isabela Brandão, 16 anos, que está em isolamento com a família em Samambaia, no Distrito Federal. Ela é estudante do 3º ano do ensino médio e prestará ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2020. 

“Apesar de as aulas a distância não serem equivalentes às presenciais, acredito que essa seja uma medida necessária, considerando o momento de calamidade em que se encontra o mundo. Sinto que estou no processo de preparação ideal e, ao fim dessa etapa, vou ter tirado bons aprendizados”, afirma. 

Estudante do 3º ano do ensino médio, Laura Isabela diz que estudar na Esem é estar em uma situação de privilégioLaura Isabela conta que tenta participar da forma mais ativa possível das aulas virtuais. Além disso, ela afirma que o retorno dos professores é eficiente quando o assunto é tirar dúvidas. Os docentes têm horários fixos para esse tipo de atendimento. “Eles se colocam à disposição para que isso ocorra, facilitando o contato, que pode ser também por e-mail, WhatsApp e Teams", conta. 


Acesso democrático


Para a estudante Laura Isabela, a melhor decisão que a escola poderia ter tomado durante a pandemia é a manutenção das aulas por EAD. No entanto, ela ressalta que os alunos da Esem se encontram em uma posição de privilégio. “Existem muitos estudantes da rede pública que não têm acesso a internet, nem a computadores e que estão sendo negligenciados, quando, por exemplo, a previsão é de que a data do Enem seja mantida”, pontua. 

A escola recebe alunos de diversas realidades e condições. Para tornar o acesso às aulas virtuais mais democrático, a Esem possibilitou que os estudantes levassem um notebook para casa. Além disso, todas as segundas-feiras, o material semanal é disponibilizado na plataforma da escola.
 
A partir desse modelo, estudantes residentes em áreas com fraca cobertura de internet, por exemplo, podem receber o material por e-mail e baixar os arquivos de uma única vez e podem tirar dúvidas por canal direto com o professor via telefone ou WhatsApp. 

Para o professor Tiago Vasconcelos, o mais difícil é editar as videoaulas para os alunos"A escola também oferece um serviço de orientação educacional, que investiga e está sempre próximo para tentar saber quais alunos estão com dificuldades. Essa equipe identifica problemas e entra em contato com a coordenação para conseguir uma solução", detalha o professor de geografia da instituição Tiago Vasconcelos, 35. 

Apesar de não ter sido ainda necessário, o professor assegura que, caso algum aluno relate não ter acesso à internet, o material poderá ser mandado por correio. 


Adaptação


Para o aluno do 2º ano do ensino médio Jaylson Marques Lyra, 15, o processo de adaptação foi simples. "Ao retornar para casa, já sabíamos que teríamos o ensino on-line. Então, recebemos algumas dicas. Na primeira semana, o conteúdo começou a ser aplicado de forma gradual", conta. 

Em casa, em Ceilândia, Jaylson confere todo o material semanal e faz o próprio planejamento para poder entregar as atividades dentro do prazo. "Com minhas condições e a forma com que estou estudando, eu me sinto pouco prejudicado”, afirma.

“É claro que, presencialmente, temos interação, trabalhos de campo e experiências que só vivemos lá. No entanto, na questão de conteúdo, não estão deixando a desejar", completa o estudante. 

O aluno Jaylson planeja toda a rotina semanal de estudos assim que o material é disponibilizadoRepresentante de turma, Jaylson conversa com o grupo de alunos com o qual estuda e, junto a outros representantes, leva aos coordenadores sugestões e críticas para melhorar o vivência escolar on-line. "O ensino está sendo construído mutuamente com os professores", diz. 

Novas aprendizagens para professores

Segundo o professor Tiago Vasconcelos, mestre e doutorando em geografia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), a grande adesão dos alunos se dá pelo conhecimento prévio que professores e secundaristas da escola tinham sobre as ferramentas. 

"O sistema tem dado certo. Nós estamos recebendo um retorno muito positivo dos alunos em relação à dinâmica implementada", conta. "Percebo um envolvimento muito grande dos professores e aceitação dos alunos", comemora.

Para ele, o mais complicado é a parte de gravação e edição das videoaulas. Apesar da ajuda da área de tecnologia da instituição, ainda há dificuldades para a elaboração do conteúdo. "Estou aprendendo a usar aplicativos que eu sequer sabia que existiam. É uma experiência interessante porque tira a gente da zona de conforto", relata. 

Saudade da rotina presencial 


Vasconcelos afirma que, apesar das inúmeras formas pelas quais a tecnologia facilita o ensino, especialmente neste momento, o modelo não substitui a educação presencial. "Não se compara. Olhar nos olhos do aluno e identificar como ele está naquele dia é algo que a educação a distância nunca vai conseguir oferecer para a gente", pontua. 

No entendo, o modelo é essencial para enfrentar a pandemia. "Estamos nos descobrindo e encontrando novos caminhos para aprimorar e tornar o ensino ainda mais eficaz quando voltarmos à normalidade." 

Os estudantes Jaylson e Laura se dizem ansiosos para voltar para escola. Apesar de lidarem bem com o ambiente escolar on-line, nada se compara com a companhia dos amigos e professores, refletem ambos. 

Saúde mental


A instituição acredita que os fatores emocionais provocados pelo isolamento social têm potencial de gerar danos ao processo de aprendizado. Por isso, neste primeiro mês de ensino a distância, os orientadores da escola fazem um trabalho de monitoramento do comportamento dos alunos.
 
O acompanhamento é feito por um questionário de bem-estar aplicado semanalmente. A plataforma oferece também atividades complementares não obrigatórias. São cursos e aulas de educação física e dança, por exemplo, em que os discentes podem fazer em conjunto com a família. 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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  • Menino pardo sentado à mesa de estudos fazendo sinal de coração com as mãos
    Menino pardo sentado à mesa de estudos fazendo sinal de coração com as mãos Foto: Arquivo Pessoal
  • Homem branco fazendo transmissão on-line pelo notebook
    Homem branco fazendo transmissão on-line pelo notebook Foto: Arquivo Pessoal
  • Fachada da EduSesc, em Taguatinga
    Fachada da EduSesc, em Taguatinga Foto: EduSesc / Reprodução

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