Correio Braziliense
postado em 09/06/2020 18:55
A quarentena causada pela pandemia da covid-19 acabou causando diversos impactos na educação. Alunos que estudavam presencialmente em escolas e cursinhos precisaram se adaptar ao ensino a distância ou, então, se viram sem atividades em casa enquando o formato remoto não se inicia. Para quem vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ainda está sem aulas, o momento é de preocupação.
A prova será adiada, mesmo assim, alunos em todo o país estão com muitos conteúdos atrasados e existe o medo de não conseguir recuperar o conhecimento e as aulas perdidas a tempo. Como o Enem é porta de entrada para o ensino superior público e particular no Brasil e até no exterior, envolve o sonho de muita gente.
Pensando em jovens com dificuldades para manter os estudos e que farão o Enem 2020, o professor de matemática Genildo Alves Marinho, 49 anos, se coloca à disposição para esclarecer dúvidas de qualquer interessado. Genildo é professor tanto da rede pública, quando da rede particular: dá aulas no Centro Educacional (CED) 11 de Ceilândia e no Centro Educacional Leonardo da Vinci.
O professor acredita que seria injusto de sua parte não abrir esse canal para ajudar estudantes, especialmente os da rede pública que, muitas vezes, se veem prejudicados. O objetivo também é ajudar pessoas sem computador, pois fica disponível nas redes sociais e pelo WhatsApp, facilitando a acessibilidade de quem só tem celular, por exemplo.
“A maior dificuldade é a falta de acesso do aluno as tecnologias, até mesmo básica. A falta de internet ou um acesso limitado prejudica bastante, e isso atrapalha bastante uma parcela muito grande de alunos”, reflete.
“Uso Whatsapp para tirar dúvidas, dar dicas e explicações aos alunos, em conversas privadas e em grupos. Também deixo o e-mail à disposição. Temos que usar os atalhos para facilitar o acesso do aluno ao conteúdo”, relata o docente.
O projeto ainda está no início; então, não há um grande número de pedidos de ajuda até o momento, mas ele já tirou dúvidas de estudantes e explicou conteúdos pelo WhatsApp, pelo Facebook e por outras redes sociais. Genildo planeja também formar turmas para dar aulas remotamente. Vai depender da demanda de estudantes que entrarem em contato.
Saiba Mais
Genildo já dá aulas em formato EAD para alunos do Centro Educacional Leonardo da Vinci. Para aproveitar melhor esse material, ele pretende adaptá-las e disponibilizá-las para estudantes da rede público interessados. Ele já tem um canal no YouTube aberto a qualquer interessado com algumas aulas. [https://www.youtube.com/user/caixetaism]
Confira a aula mais recente:
Veja post de Genildo no Facebook sobre a iniciativa:
Iniciativa bem-vista
Pedagoga pela Universidade de Brasília (UnB), Raquel de Abreu Meiçó Aquino, 34 anos, é servidora da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) e ex-aluna do professor Genildo, teve aulas com ele quando estudou no Centro Educacional Leonardo da Vinci.
Ela soube da iniciativa do docente pelo Facebook e se encantou com o projeto. “A importância dessas aulas está, principalmente, no suporte que esses alunos poderão ter. Sabemos que, infelizmente, a rede pública não está disponibilizando aulas virtuais até o momento”, diz. A retomada em formato a distância está marcada para o fim de junho, e há muito conteúdo atrasado.
Por isso, mesmo que a SEE-DF vá intensificar a EAD e até torná-la obrigatória, estudantes interessados em ter um bom desempenho no Enem precisam correr atrás do prejuízo.
“Genildo está fazendo um trabalho voluntário de excelente colaboração para esses alunos. Os que vão conseguir um lugar ao sol depois disso tudo serão justamente o que correram atrás por conta própria. E essa iniciativa do professor ajuda muito”, avalia a pedagoga.
Natalina de Brito, 27 anos, é aluna do quinto semestre de direito da União Pioneira de Integração Social (UPIS), e atualmente está com a matrícula trancada em decorrência da covid-19. Contudo, ela fará o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 para tentar melhorar a situação financeira na instituição.
“Estamos vivendo um blackout no ensino, e por mais que aulas estejam sendo disponibilizadas on-line, tem muitas questões que inviabiliza o acesso. A falta de estrutura vai deixar muitos alunos para trás, e essa lacuna pode culminar em falta de interesse pela escola e a desmotivação”, opina Natalina.
Ela precisou interromper os encontros do grupo de estudo que a ajudava a estudar para o Enem, por isso ficou animada com a iniciativa do professor Genildo. “É importantíssimo ter iniciativas como essa em tempos de pandemia. Na realidade atual, o peso de uma ajuda dessas sobre os alunos é muito maior. Com as escolas fechadas e todos tentando se adaptar à nova situação, toda ajuda é muito bem vinda”, analisa a estudante.
*Estagiário sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa
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