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Escolas de educação infantil preparam protocolo para reabrir

Proprietários de centros particulares submeterão documento com medidas de segurança ao governador. Associação de pais teme expor crianças ao coronavírus

Correio Braziliense
postado em 17/06/2020 20:10
Fechadas há mais de três meses em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus, as escolas particulares de educação infantil (de 0 a 5 anos) preparam um protocolo de reabertura para submeter ao governador Ibaneis Rocha (MDB). A previsão é de que, até esta sexta-feira (19/6), a proposta seja entregue ao chefe do Executivo local. 
 
Entre as medidas de segurança propostas pelas escolas está manter distância de um metro entre os alunos 
O documento, ao qual o Correio teve acesso, abrange regras de higiene, pedagógicas e jurídicas. Em reunião promovida nesta quarta-feira (17/6) por um grupo de gestores de educação infantil, mais de 120 diretores de escolas particulares desse segmento se demonstraram favoráveis à reabertura.

“Tivemos uma conversa inicial e todos ficaram contentes. É importante o governo saber que estamos buscando alternativas para voltarmos às atividades. Existe uma boa parte dos pais que precisam trabalhar e não têm com quem deixar os filhos. Ou eles contratam alguém ou perdem o emprego”, ressaltou Laessa França, uma das organizadoras do movimento.

Ajiza Santos, 47 anos, é diretora de uma escola no Lago Sul. Ela conta que, como a instituição fechou, cerca de 60% dos pais trancaram ou cancelaram a matrícula dos filhos. “Os que permanecem com a gente nos cobram uma data de retorno. Esperamos reabrir o mais rápido possível”, conta.

Segundo ela, a gestão tem se preparado, adotando medidas para receber as crianças quando isso for autorizado. Entre as providências estão a instalação de pias na área externa, equipamentos de álcool em gel, fabricação de máscaras e compras de termômetros para aferir a temperatura. 

Protocolos de segurança

Entre as medidas a serem adotadas na parte de saúde, de acordo com o documento proposto por donos de escolas particulares de educação infantil, estão a organização da estrutura operacional para que os alunos mantenham uma distância de um metro entre elos; a disponibilização de álcool gel 70% em todos os espaços físicos, especialmente em salas de aula; o uso obrigatório de máscaras; a aferição da temperatura na entrada; além da demarcação dos espaços físicos para auxiliar no distanciamento social.

Em nota oficial, o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe) esclareceu que tem externado a importância de manter o ensino remoto e retornar à modalidade presencial, de forma lenta, gradual e segura (veja nota na íntegra).  Disse, ainda, que não teve participação na reunião. "Dentro do Estatuto, existe uma rigorosa documentação para admitir escolas no seu quadro de filiados. Uma das exigências é que a instituição de ensino esteja devidamente regularizada", destacou o sindicato.

No plano pedagógico, será obrigatório o desenvolvimento de uma proposta de trabalho domiciliar ou remoto para os estudantes do grupo de risco ou àqueles que não se sintam confortáveis e seguros para participarem das atividades educacionais presenciais.

A gestão escolar deverá organizar, ainda, um projeto pedagógico para que as atividades que demandem interação física ocorram sem contato entre os estudantes e, preferencialmente, sem compartilhamento de materiais. 

Outro lado

Segundo o presidente da Associação de Pais e Alunos (Aspas-DF), Alexandre Veloso, os responsáveis ainda estão receosos em deixar crianças e adolescentes voltarem às escolas. “Se não tiver a garantia de uma medida rigorosa sanitária, nenhum pai terá a intenção de levar o filho para a instituição”, afirma.

“As crianças do ensino infantil deveriam ser as últimas a voltarem porque é um público em que não tem como ter controle efetivo”, argumenta. Em abril, Ibaneis Rocha havia dito que a retomada das aulas nas escolas do DF deveria começar pelos alunos do ensino médio e, depois, pelas outras séries. 

O produtor audiovisual Daniel Pittaluga, 19 anos, é pai de um menino de 3 anos que estuda em uma escola particular. Segundo ele, o cenário não é favorável à retomada das aulas. “Os casos (de coronavírus) ao redor do DF estão numa crescente constante e não vejo necessidade de expor meu filho a um ambiente com tanta circulação de pessoas e onde ele teria contato direto com outras crianças e adultos”, disse.

Próximos passos do governo

Em nota oficial, o GDF esclareceu que as decisões sobre flexibilização de funcionamento dos diversos setores do DF, quando tomadas, serão informadas por meio de decretos do governador Ibaneis Rocha, publicados no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). 
 

Nota do Sinepe-DF


"O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (SINEPE-DF) esclarece que tem trabalhado fortemente para orientar o seu grupo de 180 escolas filiadas desde o primeiro momento da suspensão das aulas, em 11 de março, devido à pandemia. Há pouco mais de um mês, o Sindicato tem externado a importância de manter o ensino remoto e retornar à modalidade presencial, de forma lenta, gradual e segura. O pleito veio acompanhado de uma pesquisa realizada pela própria entidade, que contou com a participação de mais de 30 mil responsáveis pelos alunos do DF, divulgada no dia 19 de maio.

Nesse momento, o SINEPE-DF está construindo um documento com medidas para um retorno seguro e pretende apresentá-lo ao Governo do Distrito Federal o mais breve possível. As ações da Entidade são divulgadas por meio de suas redes e apresentadas por meio do atual presidente, Álvaro Domingues.
 
Dessa forma, o SINEPE-DF afirma que a reunião ocorrida ontem (18), em Águas Claras, não contou com a sua participação. E esclarece ainda que, dentro do seu Estatuto, existe uma rigorosa documentação para admitir escolas no seu quadro de filiados. Uma das exigências é que a instituição de ensino esteja devidamente regularizada. Portanto, dezenas de escolas do Distrito Federal não podem ser filiadas ou não têm interesse em manter o vínculo com o Sindicato.

É sabido que estamos num momento de pandemia e também de crise no setor educacional. Toda a mobilização em busca do melhor para os alunos, suas famílias e quadro docente é legítima, desde que façamos isso com segurança e com seriedade."

Álvaro Domingues
Presidente do Sinepe-DF 

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