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Permissão de volta às aulas na rede particular preocupa famílias

Determinação passa a responsabilidade do ensino híbrido para as instituições. Pais podem optar por deixar os filhos em casa ou não. Muitos temem o contágio

Correio Braziliense
postado em 05/08/2020 21:51
Decisão judicial de terça-feira (4/8) autorizou a retomada das aulas em instituições particulares de ensino do Distrito Federal, antes suspensa. O entendimento judicial mudou e a definição de como e quando reabrir as unidades foi passada às escolas. Porém, ainda cabe aos pais a decisão com relação ao que fazer com os filhos: continuar no ensino remoto ou partir para o ensino híbrido (que mescla aulas presenciais e a distância).
 
Com nova decisão judicial, escolas decidirão ou não voltar e os pais também terão o direito de decidir sobre seus filhos. Mesmo assim, famílias temem aumento do contágio 

Tenho saudades da escola, mas não voltarei

A estudante do 9º ano do ensino fundamental Júlia Baratela Neto, 14 anos, sentiu maior dificuldade no período longe da sala de aula. A aluna do Centro Educacional Sigma da Asa Sul considera que a carga de conteúdos ficou mais pesada no formato remoto. Além disso, sente saudades da convivência em sala de aula. “A falta do contato social é bastante difícil”, confessa.

Mesmo sabendo de uma possível retomada neste mês a partir da autorização judicial, Júlia pensa que ainda não é o momento de voltar. Junto aos pais, decidiu por permanecer em casa e prefere esperar por uma vacina contra a doença. A jovem recebeu com medo a autorização da Justiça para uma retomada das instituições particulares e teme que os colegas e docentes que retornem se contaminem. “Eu não quero ver amigos e professores com a doença”, diz. “Eu espero muito que ano que vem as coisas estejam melhores.”
 
A estudante de 14 anos Júlia Baratela Neto teme ver amigos e professores com a doença 

Medo do contágio

Não retornar é o posicionamento de Cacilda Rodrigues Soares, 51 anos, mãe de um menino de 8 anos, aluno do Colégio Ceman, no Gama. Cacilda ainda está se recuperando após ter se infectado com o novo coronavírus. Apesar de considerar que o ensino remoto está longe do ideal, avalia que ainda não é hora de voltar às salas de aula.

“Ainda estamos no pico (da pandemia). Eu mesma tive covid-19”, afirma a técnica administrativa que trabalha numa escola pública. O filho dela está no 3º ano do ensino fundamental e ela teme que crianças nessa faixa etária não conseguirão, efetivamente, cumprir as medidas de profilaxia. “Eu acho impossível ter esse controle”, considera.

Mãe de um menino de 8 anos e funcionária de um colégio, Cacilda pegou covid-19 e pensa que esta não é a hora de retornar às escolas

Longe do ideal

Se a decisão dependesse da diretora de marketing Luciana Schmidt, 42 anos, os alunos seguiriam em casa. Ela tem dois filhos, um de 12 anos e outro de 14 anos. Ambos estudam no Colégio Adventista da Asa Sul. Luciana vê que este ano letivo só não foi perdido devido à dedicação de escolas, pais e professores para se adaptar à nova rotina. Ela, porém, considera que o modelo está longe do ideal. “O ensino remoto não é o que nenhum pai ou mãe gostaria para o filho”, afirma.
 

Saiba Mais

 

Mesmo assim, ela prioriza a saúde. “Penso que se seguramos até agora, mesmo nos custando muito, vamos tentar segurar um pouco mais”, pondera Luciana. “Com essa garotada toda, se um aluno der positivo em sala de aula, a chance de contaminação e pânico em progressão geométrica é bem grande”, comenta.

“Quando anunciaram o retorno, fiquei bastante preocupada, mas conversamos em família e decidimos que não enviaríamos os meninos às aulas presenciais. Inicialmente, avaliaremos as taxas de contaminação e, a partir daí, tomaremos as decisões mais viáveis. O que nos tranquiliza é que os prazos têm sido adiados.”
 
Mãe de dois meninos, Luciana Schmidt pensa que o retorno gerará contaminação e pânico em progressão geométrica. Na foto, ela está com o marido, Marcos, e os filhos, Giovanni e Gabriel

Decisão contestada

Luciana Oliveira tem três filhos matriculados no Colégio Projeção de Taguatinga. Ela acredita que ainda é hora de permanecer em casa. Ela sequer chegou a recear uma retomada antes do momento que considera ideal, pois a escola já determinou que não retomará as aulas presenciais.
 
Luciana Oliveira não apoia a autorização para a retomada. Na foto, ela está com os filhos, Isaac, Ana Júlia e Samuel, e o marido, Daniel 
“Por enquanto não haverá retomada.  A escola fez uma pesquisa com os pais e a maioria decidiu continuar com as aulas on-line até que haja segurança para o retorno das aulas presenciais”, relata. Mesmo que a autorização judicial não signifique retomada no colégio dos filhos dela, Luciana desaprova a decisão. “Neste momento de aumento dos casos de covid-19, não apoio.”

Sinepe-DF defende retomada em modelo híbrido

Álvaro Domingues, presidente do Sinepe-DF (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal), se manifesta sobre a opção de oferecer aulas em modelo híbrido. Ele estima que não mais que 40 escolas particulares reabram este mês:  

 


*Estagiário sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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