postado em 08/10/2012 10:08
Todo fim de ano é assim. Com a proximidade das festas do mês de dezembro, cresce a procura por funcionários para dar um reforço ao comércio e à indústria: são os profissionais temporários. De acordo com pesquisa feita pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem), a expectativa para 2012 é de que 155 mil vagas desse tipo sejam criadas em todo o Brasil. No Distrito Federal, o Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) espera que surjam aproximadamente 6 mil postos temporários no varejo, um aumento de 10% se comparado ao mesmo período de 2011.Ainda segundo a pesquisa da Asserttem, 75% da demanda por temporários está no comércio, impulsionada pela expectativa de aumento nas vendas do Natal. Os outros 25% de contratações devem ficar na indústria. Seja para quem quer conseguir o primeiro emprego, mudar ou recomeçar a vida profissional, o trabalho temporário oferece uma rota alternativa para avançar na carreira.
Apesar de o aumento do número de postos de trabalho ser uma boa notícia, ele também reflete a falta de qualificação dos profissionais da área. ;É natural que o comércio demande mais funcionários, uma vez que o setor vive um apagão de mão de obra há pelo menos dois anos;, explica Fausto Borges, diretor operacional da Gelre, empresa multinacional especializada em relações humanas. Despreparados, muitos candidatos às vagas do comércio ; mesmo as temporárias ; são desclassificados na primeira tentativa. A recomendação dada por Borges não é nenhuma novidade: é preciso se capacitar.
Na tentativa de sanar o problema da falta de preparo dos profissionais temporários que vão para o varejo, o Sindivarejista oferece, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), cursos de qualificação profissional nas áreas de operador de caixa, estoquista e vendedor. As aulas ocorrem pela manhã, tarde e noite nas unidades do Senac do Plano Piloto, Taguatinga, Gama, Ceilândia e Sobradinho. Para o presidente do sindicato, Antônio Augusto Morais, o treinamento credencia o trabalhador provisório para uma futura contratação. Segundo ele, dos 6 mil contratos de trabalho temporário previstos no Distrito Federal, 20% podem ser efetivados.
Primeira chance
Raiane Oliveira, 21 anos, vai tentar trabalhar como vendedora pela primeira vez. Ela deixou o currículo para avaliação em diversos estabelecimentos e espera conseguir uma oportunidade até o fim do ano. Raiane acredita que, apesar da falta de experiência, vai conseguir o tão sonhado primeiro emprego. ;E quem sabe até ser efetivada depois;, espera a moça, que tem o ensino médio completo e se diz tímida. ;É uma característica que terei de superar, pois sei que para trabalhar no comércio é preciso ser desinibida;, admite.
A jovem tem razão. De acordo com Carlos Cruz, diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas), simpatia, proatividade e força de vontade para superar os próprios limites são fundamentais para quem quer seguir essa carreira. Além do ingresso no mercado de trabalho, Raiane também está de olho no pagamento. ;Mesmo que o contrato seja temporário, o salário é bom e, dependendo da comissão, é possível garantir uma boa soma no fim do mês;, diz.
O que deveria ser apenas um emprego temporário para a época natalina veio como a revelação de um talento de Deborah Fonseca: o bom relacionamento com o público. Aos 19 anos, ela foi contratada temporariamente por uma loja de roupas em um shopping da cidade. Nos dias que se seguiram, bateu metas de vendas, ganhou o título de melhor vendedora e, com isso, veio a proposta de ser efetivada na empresa. ;Tudo isso foi resultado de muito esforço;, conta. A jovem sonha com a faculdade de arquitetura, que pretende começar no ano que vem. ;A loja oferece possibilidade de turnos flexíveis, o que ajuda muito quando a pessoa estuda e trabalha.; Mesmo assim, a carreira da moça no comércio deve ser curta, pois ela considera o trabalho difícil. ;O bom vendedor tem que gostar de falar com as outras pessoas e aprender a relevar o humor do cliente;, explica. Apesar disso, Deborah reconhece que a área oferece bons salários e certa estabilidade.
Preparação é tudo
;Para ser efetivado é preciso demonstrar dedicação e interesse em ajudar e aprender. Agilidade também conta;, recomenda Márcia Costantini, vice-presidente da Asserttem. Além, é claro, de jogo de cintura para suportar a rotina do período que antecede ao Natal. Hoje, Deborah ocupa o cargo de gerente temporária e acredita que a contratação efetiva de um vendedor, como ocorreu com ela, depende exclusivamente do profissional. No segmento de moda, onde trabalha, a jovem aposta na internet como aliada. ;É fundamental estar antenada ao mundo da moda, ler os blogs sobre o assunto, conhecer as tendências;, aconselha. Não há lugar para falta de informação, pois o perfil do cliente mudou. ;O consumidor quer que o vendedor saiba detalhes dos produtos e conheça bem a empresa para a qual trabalha.;
A vaga pode não ser permanente, mas nem por isso o candidato pode se dar ao luxo de não demonstrar interesse pela empresa, ou ir à entrevista vestido de qualquer jeito. ;É comum que as pessoas pensem que, por haver grande demanda pela mão de obra, o contratador não dará atenção à seleção;, afirma Carlos Cruz, que é treinador de vendas. Assim, é preciso expressar o compromisso com a vaga e com a companhia logo de cara ; o que acaba também aumentando a possibilidade de efetivação ao término do contrato.
Como gerente da loja onde trabalha, Deborah Fonseca observa o descuido das candidatas às vagas temporárias: ;Não adianta chegar apenas com um bom currículo e, na hora da entrevista, não mostrar interesse pela função, não expressar sua vontade de trabalhar na loja;. É importante ainda cuidar da aparência. ;Há pessoas que vêm vestidas de roupas de ginástica ou camiseta de time de futebol. Isso demonstra falta de cuidado;, afirma.
Legislação
Regulamentado pela Lei n; 6.019, de 1974, o trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços.