postado em 01/11/2012 12:00
O desemprego no Distrito Federal alcançou em setembro o menor índice para o mês desde o início da série histórica, em 1992. A taxa chegou a 11,9%, contra 12,6% em agosto e 12,5% no mesmo período do ano passado. Apesar da sexta queda consecutiva e da tendência de resultados ainda melhores até dezembro, o percentual registrado na capital do país segue superando a média nacional e revela um mercado de trabalho extremamente dependente do serviço público.A criação de 8 mil postos de trabalho ; saldo de contratações menos demissões ; e a estabilidade da população economicamente ativa puxaram para baixo a taxa de desemprego. De acordo com a pesquisa mensal divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a indústria de transformação foi o setor que mais abriu vagas em setembro, recuperando o número de ocupados observado em abril: 47 mil pessoas.
Os segmentos de bebidas, tecelagem e tecidos, vestuário e acessórios, bens de capital, farmacêutico e gráfico se destacaram como principais empregadores no período em questão. Formada em secretariado executivo, Juliana Vieira de Sousa, 28 anos, conseguiu oportunidade em uma gráfica após seis meses desempregada. ;Tirei uma preocupação das costas. Realmente, bate o desespero quando a gente fica sem fazer nada;, comentou.
O tempo médio de procura por trabalho caiu para 42 semanas, uma a menos em relação a setembro de 2011. Juliana mora no Riacho Fundo, cidade pertencente ao grupo de renda intermediária, onde a taxa de desemprego ficou em 10%. Embora a desigualdade por região de moradia tenha diminuído no último ano, o índice no grupo 3 (14,3%), o de renda mais baixa, supera em mais de duas vezes o pesquisado no Plano Piloto (6,8%).
Renda
A pesquisa fortalece o movimento de queda do rendimento médio real dos ocupados no DF ; de R$ 2.172 para R$ 2.155 em um mês ;, na contramão do que tem ocorrido nas demais capitais analisadas pelo Dieese. O cenário, que se repete há quatro meses, se explica, principalmente, pelo arrocho salarial no funcionalismo. O declínio dos salários médios também está atrelado, segundo os especialistas, a uma maior oferta de empregos com nível de qualificação menor.
O presidente da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), Júlio Miragaya, reconheceu que apesar dos avanços, a taxa de desemprego local preocupa, sobretudo porque a pesquisa não considera a pressão exercida pelos moradores do Entorno que atravessam a divisa todos os dias em busca de oportunidade. ;Temos de bater na mesma tecla: enquanto não diversificarmos a economia, os empregos continuarão concentrados no setor público;, disse.
Entre as sete regiões pesquisadas, o DF aparece, em setembro, em terceiro lugar no ranking do desemprego, atrás somente de Recife (12,6%) e Salvador (19%). O diretor de gestão de informações da Codeplan, Jusçanio Umbelino de Souza, lembrou que as taxas no DF já estiveram próximas dos 20%. ;Hoje o mercado de trabalho já se encontra numa situação mais confortável;, avaliou, ao observar que crianças e idosos passaram a pressionar menos a população economicamente ativa.
O sociólogo e analista do Dieese Daniel Biagioni analisou os dados relacionados a cor, gênero e local de moradia e também fez questão de destacar que a situação no DF tem melhorado. ;A desigualdade tem diminuído;, reforçou. ;Até dezembro, o emprego tende a aumentar e teremos notícias ainda melhores;, completou o secretário de Trabalho, Renato Andrade, no cargo há menos de dois meses. A estimativa é que ainda este ano o DF atinja o menor índice de desemprego da história.
Desocupados em setembro
Salvador 19%
Recife 12,6%
Distrito Federal 11,9%
São Paulo 11,3%
Fortaleza 8,7%
Porto Alegre 6,9%
Belo Horizonte 5,1%
Média 10,9%
Ocupados no DF em setembro
Indústria de transformação 47 mil
Construção civil 87 mil
Comércio e reparação de veículos 240 mil
Serviços 884 mil
Fonte: PED/Dieese