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Hora da decisão: Universidades devem colocar ensino remoto em prática

Após o MEC autorizar aulas a distância até o fim do ano, instituições têm 15 dias para informar se aderem ou não a modalidade. Confira quem já optou pela retomada

Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 17:49
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) definiu prazos e normas para iniciar o ensino remoto emergencial na instituição a partir do próximo dia 13 de julho. A universidade não é a única a retomar, ou planejar a retomada, das atividades acadêmicas em regime especial. De acordo com a portaria divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 17 de junho, às instituições de ensino superior têm até 15 dias para informar se aderem ou não a modalidade. 

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFPR aprovou a resolução que regulamenta as atividades de ensino nos cursos de graduação. A proposta é a adoção do ensino remoto emergencial, como possibilidade de atividades acadêmicas. A oferta de disciplinas do período especial é de caráter totalmente voluntário para as unidades administrativas e para o corpo docente da UFPR. 
 
Instituições têm 15 dias para informar se aderem ou não a modalidade
 
Os estudantes terão a liberdade de realizar ou não as disciplinas do período especial. A recusa ou impedimento em efetuar matrícula nesse período não repercutirá em nenhuma restrição de direitos após o fim da suspensão do calendário acadêmico. O período especial será realizado entre  29 de junho e 26 de setembro, para os cursos semestrais; e entre 29 de junho e 7 de novembro, para os cursos anuais. Esses prazos poderão ser prorrogados em razão das medidas de enfrentamento da pandemia. 

Na Universidade Federal do Ceará (UFC), a conclusão das diretrizes da Proposta Pedagógica de Emergência (PPE) consta como data referência para o início da volta às aulas de forma remota o dia 20 de julho; a data limite prevista para o término do semestre 1.2020 será 22 de outubro. Uma resolução será submetida ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), que irá debater os pontos principais do reinício do semestre.

Já a Universidade de Brasília (UnB) está planejando a retomada do calendário acadêmico, em diálogo com institutos e faculdades e com representantes de estudantes, técnicos e docentes. Como parte do planejamento, a instituição realiza, até 26 de junho, pesquisa social junto à comunidade. O objetivo é mapear as condições socioeconômicas, de saúde e de acesso e familiaridade a recursos tecnológicos, principalmente entre os discentes.

A instituição quer ter a dimensão de quantas pessoas precisarão de apoio para conectividade no caso de uma eventual retomada do calendário acadêmico, com a realização de atividades domiciliares. Em nota a UnB ressalta que “não se trata de educação a distância, uma modalidade de ensino com pedagogia própria, mas da eventual realização de estudos em modo remoto, por um período determinado”.

No momento a prioridade da universidade é capacitar docentes para o uso de ferramentas de ensino e aprendizagem on-line. A expectativa é de formar pelo menos 600 professores até julho. Todas as ações estão sendo coordenadas pelo Comitê de Coordenação de Acompanhamento das Ações de Recuperação (CCAR), presidido pelo vice-reitor, Enrique Huelva. Não há uma data para a retomada. Além da discussão com as unidades acadêmicas, o assunto deve ser objeto de apreciação pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), instância responsável pelas deliberações sobre o calendário.

Um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Diretores das Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais (Condetuf) deve ser divulgado até segunda-feira (29), informando uma lista completa de universidades que devem retomar as atividades no segundo semestre de 2020.
 
Presidente da Andifes afirma que a decisão de suspender o semestre foi por um bem maior 
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem 30 dias para adotar medidas para retomada do ensino, segundo recomendação do Ministério Público Federal (MPF). Um inquérito instaurado em abril solicita que a instituição apresente justificativas e soluções para a suspensão das atividades de ensino, mesmo que a distância, caso não tenha sido retomado na modalidade presencial.

A universidade está com atividades suspensas desde março, segundo o reitor Ubaldo Balthazar, a utilização de ensino remoto emergencial só foi autorizada naqueles cursos que já utilizam essa modalidade. A recomendação enviada na segunda-feira (22) considera que a portaria do MEC que autoriza a substituição das disciplinas presenciais por atividades remotas. O Conselho Universitário irá definir na próxima semana como vai ser o cronograma de atividades com a retomada remota. 

O que diz a Andifes

João Carlos Salles, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), justifica a decisão das universidades federais de só adotarem o ensino remoto emergencial agora: “A decisão de suspender as atividades foi para proteger a vida da comunidade e contribuir no combate à pandemia”, pontua.

“Grande parte dos estudantes não têm acesso satisfatório ou, às vezes, nenhum acesso a tecnologias digitais fora dos ambientes das universidades. Não cabia simplesmente prosseguir, em nosso juízo, abandonando uma parcela tão considerável de estudantes”, reflete. “Isso significaria excluir os excluídos, aumentar uma desigualdade que nos cabe diminuir”.

O presidente da entidade adianta que as universidades estão fazendo um levantamento detalhado sobre a inclusão e diversas formas de acesso ao ensino remoto. “É necessário um investimento em tecnologias digitais, mas também em espaços físicos. Vale lembrar que, em um protocolo de flexibilização, as universidades são espaços que devem retornar por último, devido a sua capacidade de mobilizar pessoas de todo país”. E ainda aconselha: “Todos precisam participar de uma solução que organize o trabalho”

Fora do país, ensino híbrido

A Universidade de Michigan vai dar início a um novo ano letivo. O semestre de outono está previsto para 31 de agosto, com uma mistura de aulas presenciais e remotas, um calendário acadêmico ajustado, com atenção especial ao uso de máscaras faciais, distanciamento social e outras medidas de saúde pública. 

Os detalhes do novo semestre estão sendo guiados por especialistas em saúde pública em parceria com orientações da comunidade da U-M. O reitor Mark Schlissel fez o anúncio nesta segunda-feira (22) em uma mensagem de vídeo e e-mail para a comunidade do câmpus. Os chanceleres da UM-Dearborn e da UM-Flint também anunciaram planos específicos para seus campi.

Todos os funcionários e professores vão seguir trabalhando de casa, à medida que a universidade continua, gradualmente e cuidadosamente, retomando as atividades no câmpus. O reitor disse que os "esforços deliberados de centenas de membros da comunidade da U-M" criaram um plano a ser seguido para a universidade, que continua a lidar com o impacto da pandemia do COVID-19.

A universidade lançou um site “Maize and Blueprint” com mais informações sobre a intensificação das atividades do câmpus neste outono. A página será atualizada regularmente à medida que mais detalhes forem finalizados. Entre as mudanças para o semestre do outono estão:

• Um calendário acadêmico ajustado, com as aulas do semestre de outono no câmpus terminando no feriado de Ação de Graças, no fim de novembro, para minimizar as viagens dos estudantes para casa e de volta ao câmpus. O semestre de inverno começará no fim de janeiro. Os intervalos, tanto do outono quanto do inverno, serão eliminados.

• Uma combinação de aulas presenciais, remotas e híbridas. Em geral, turmas pequenas continuarão a se reunir pessoalmente, mas aulas maiores serão ministradas remotamente. Os formatos das turmas serão determinados pelas escolas, faculdades e unidades acadêmicas individuais.

• Os prédios residenciais e as instalações para refeições serão abertos e o Michigan Housing reservará algumas unidades para serem usadas como quarentena, caso seja necessário. A densidade nos refeitórios será reduzida e mais refeições prontas para entrega serão oferecidas.

• A universidade comprará mais desinfetantes para as mãos, máscaras e outras formas de equipamento de proteção individual para manter a comunidade universitária segura.

• A universidade enfatizará a importância da vacina da gripe a todos os estudantes, professores e funcionários, vai orientar a permanência em casa em casos de doença e monitorar de perto quaisquer sintomas do COVID-19 ou de outras doenças. Mais informações podem ser adquiridas por meio do site campusblueprint.umich.edu.

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