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Êxodo de alunos preocupa escolas particulares

postado em 08/10/2012 11:44

Ana Gabriela (E), ao lado dos pais, Roberto e Márcia, e do irmão Pedro: revolta com a mudançaA Secretaria de Educação do Distrito Federal acredita que o sistema de cotas sociais a ser adotado pelas universidades federais brasileiras, inclusive a UnB, tem chance de fazer aumentar a procura pela rede pública de ensino. Isso porque os alunos de colégios privados disputarão apenas a metade das vagas quando for concluída a instalação da nova legislação, daqui a quatro anos;o percentual deve começar em 12,5%. Apesar da previsão, a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) não acredita em êxodo desses estudantes. ;Os pais estão conscientes de que o setor público é deficiente na educação;, alega Amábile Pácios, presidente da entidade.

A coordenadora do Departamento de Oferta Educacional da Secretaria de Educação, Raphaela Cantarino, defende que a rede pública tem estrutura para suportar um possível aumento na quantidade de alunos. ;Sentiremos o impacto da lei quando começar o período letivo;, ponderou. Para ela, a demanda maior deve ser para o primeiro ano do ensino médio, já que a norma exige que o estudante tenha cursado os três anos na rede pública de ensino para se candidatar à cota social nos exames de seleção da UnB.

Diretora do Centro de Ensino Médio Setor Leste, Ana Lúcia Marques de Paula teme que o aumento da procura por instituições públicas prejudique os atuais alunos do colégio. ;Hoje, apenas 10% dos nossos estudantes moram no Plano Piloto. O outros 90% moram em outras regiões administrativas e no Entorno. Coma migração de alunos de classe média para cá, teremos que dispensar os que não moram em Brasília;, prevê a diretora. Para ela, as cotas sociais não são tão boas para os estudantes das instituições públicas quanto parece. ;No fim das contas, a fatia do bolo ainda é maior para os alunos das escolas privadas;, avalia.

Justiça

Pais de dois alunos da rede privada, o casal de professores Roberto Gonçalves e Márcia Maia Soares descartam a opção de matriculá-los em um escola pública. ;Não vou arriscar a educação deles. Não acredito que a rede pública de ensino dará a eles uma boa formação. Prefiro estimulá-los a estudar em dobro para conquistarem uma vaga na UnB;, explica Gabriela, 16 anos, e Pedro Henrique, 13, os estudantes das instituições privadas serão prejudicados com o novo sistema. ;Vamos pagar pelo erro do governo, que durante anos não investiu na educação pública;, argumenta a garota.

Amábile Pácios, da Fenep, aposta que outras famílias farão a mesma escolha. ;Ninguém vai fazer isso correndo o risco de enfrentar uma greve, de não ter professorou equipamento para o ensino do filho só para receber uma pequena vantagem.; A entidade é a favor do sistema de cotas para as pessoas de baixa renda e negros, mas questionará na Justiça o corte para estudantes da rede pública. ;Se for para ser por cotas, tem que ser por carência. Essa lei coloca uma cortina de fumaça num problema maior, que é a qualidade do estudo no sistema público e não a questão da facilidade no ingresso nas universidades;, conclui.

A Secretaria de Educação do Distrito Federal prevê aumento na procura pela rede pública por conta do sistemade cotas sociais a ser adotado pelas universidades federais

A lei das cotas sociais interfere somente no sistema de reserva de vagas. A nota de corte para o ingresso na universidade continua sob a mesma regra: os cotistas têm uma média e os do vestibular tradicional, outra. Eles disputam entre si por categoria. Caso os estudantes da rede pública, inscritos para concorrerem às vagas destinadas a eles não consigam ocupar todas as oportunidades, essas voltarão para os do sistema universal. Os alunos que saírem do ensino médio público e precisarem fazer um curso preparatório por seis meses ou por alguns anos não perdem o direito de serem cotistas. O currículo com o aprendizado na rede do Estado é o que vale. Além disso, não há nenhuma obrigação em entrar no sistema de cotas. Mesmo aqueles que estiverem dentro do corte estabelecido pela lei podem se cadastrar para participar da seleção convencional.

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