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UnB suspende edital para adotar cotas

A instituição brasiliense interrompe temporariamente as inscrições do primeiro vestibular de 2013 a fim de aguardar as definições do MEC sobre o novo sistemade ingresso. Pelo menos 12,5% das vagas ficarão com alunos de escolas públicas

postado em 08/10/2012 12:19
Francisco (E), Rafael, Luiza, Manoella e Júlia, do Colégio Militar: dúvida quanto à classificação como públicoO edital para o primeiro vestibular de 2013 daUniversidade de Brasília está suspenso. As inscrições, iniciadas em 20 de setembro, só serão reabertas após a definição dos novos parâmetros de adequação à lei das cotas sociais. O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) e a UnB aguardama publicaçãodo decreto, pelo Ministério da Educação, com as indicações sobre como proceder para implementar a norma. Ela prevê a destinação de pelo menos 12,5% das vagas aos alunos que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, sejam negros, pardos ou indígenas ou com renda familiar per capita inferior a 1,5 salário mínimo.Em quatro anos, o percentual será de 50%.

A decisão ocorreu após reunião realizada ontem. Representantes do Cespe e daUnB optaram pela suspensão do edital devido ao alto número de solicitações. Somente nos primeiros 15 dias de cadastro, 18.125 candidatos se inscreverampara o vestibular convencional, e 6.354, à 3; etapa do Programa de Avaliação Seriada (PAS). ;É melhor assim para não ficar muito confuso. Seriam muitas alterações depois. Osistema já saiudoar hoje (ontem) e deve voltarcoma publicação do novo edital.Queremos fazer isso até a próxima sexta-feira;, afirmou o decano de Ensino e de Graduação da UnB, José Américo Soares.

Não haverá perda das inscrições ou de pagamentos efetuados antes da publicação da Lei Federal n; 12.711 (leia quadro). Os que se encaixam nos requisitos para disputar uma vaga Pelo novo sistema poderão mudar de opção.Um mecanismo será criado para que a escolha correta de ingresso seja feita.;Precisamos concretizar as correções de distribuição de vagas de acordo com a lei, saber quais serão osdocumentos exigidos e outros parâmetros que estarão no decreto a ser encaminhado pelo MEC. Já comuniquei ao governo que o edital está suspenso e aguardamosas definições;, disse o decano.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, voltou a afirmar ontem que a implementação da norma deve ser imediata. Segundo ele, o MEC começou a realizar algumas ações de instrução e dará todo o apoio para a estruturação das cotas. ;Apresentamos o simulador (programa de computador) para que todas as faculdades possam fazer os cálculos das vagas. É simples, será (preciso) só inserir os dados no sistema, que ele dará os percentuais;, explicou.

Confusão sobre o que é escola pública. ;São só as estaduais, as municipais e as federais. Quanto à renda, o aluno vai autodeclarar, mas terá que comprovar a renda bruta familiar. No decreto, estarão especificados os documentos necessários para isso;, completou. Para as cotas raciais inseridas no novo modelo, também vale o princípio da auto declaração, mas as universidades terão autonomia para decidir qual é o melhor meio para comprovar esse requisito.

Segundo o ministro da Educação, o novo sistema ajudará na melhoria do ensino médio no Brasil. ;Hoje, 88% dos estudantes brasileiros estão nas escolas públicas e eles vão ter direito de disputar 12,5% das vagas num primeiro momento. No dia 17, faremos uma reunião com todos os secretários para aprimorar o currículo e fortalecer a formação;, ressaltou.

O Colégio Militar de Brasília (CMB), considerado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) a melhor instituição pública de todo o DF, tem chance de figurar entre as cotistas. Porém, alunos e professores ainda revelam dúvidas quanto a esta decisão. Apesar de o CMB ser identificado como público pelo MEC, a assessoria de imprensa do Cespe informou que a instituição não aparece no sistema do governo por não receber subsídio do GDF. Ainda não é possível dizer se haverá uma nova adequação e como isso será feito.

Os alunos do CMB não sabem se comemoram ou lamentam a implementação das cotas sociais. ;Não sei se é bom ou ruim para a gente;, afirmou Manoella Guerra, 14 anos, aluna do 9; ano da escola. A UnB reconhece o colégio como privado. ;Mas fazemos a prova de acompanhamento do ensino público;, questionou Júlia Coury, 15.

Quanto à nova legislação, os alunos sustentam opiniões diferentes. ;As cotas dão uma chance para os estudantes mudarem de vida;, defendeu Luiza Tessmann, 15. Para Francisco Grigre, 14, as cotas são uma forma de o governo continuar adiando a reforma da educação pública. ;Assim, eles, aparentemente, resolvem o problema, mas deixam de investir no que precisa.; Já Rafael Neves, 14, acredita que é o aluno que faz a escola. ;Pagar uma mensalidade cara não faz ninguém passar no vestibular. É o aluno que faz a diferença;, avaliou.

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