Uma das fotos que mais provocou reações mostra uma jovem pintada com tinta preta, puxada pela corrente por um aluno branco e carregando no pescoço um cartaz onde se lê: ;Chica da Silva;, em uma alusão à escrava que ganhou dinheiro e a própria alforria depois de se envolver amorosamente com um alto funcionário da Corte portuguesa no século 18. Outra fotografia mostra um calouro amarrado a uma pilastra, cercado por estudantes fazendo a saudação nazista. Entre os veteranos, um jovem ainda utiliza bigode semelhante ao do ditador Adolf Hitler (1889 -1945).
Logo que surgiram as imagens nas redes sociais, os estudantes foram duramente criticados pelos internautas. Alguns questionavam se aqueles seriam os futuros juizes, magistrados, advogados e políticos do país. Mas também apareceu quem defendesse o trote, com o argumento de que as imagens estavam fora de contexto.
A vice-reitora da universidade, Rocksane de Carvalho Norton, repudiou a atitude dos alunos. ;O trote na UFMG é proibido e a realização é passível de punição, conforme regimento da universidade. Hoje fomos surpreendidos por este fato, que surgiu nas redes sociais. A diretoria já vai iniciar os processos de apuração e a estipular a punição para os envolvidos;, disse. Todos os anos, a UFMG promove uma semana inteira de eventos para receber os alunos novatos. ;Realizamos um evento em parceria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), com shows e palestras, explicando a universidade. Então, nada explica os trotes. Eles são proibidos e os alunos sabem disso;, explicou a vice-reitora.
Por meio do Facebook, o diretor de Relações Públicas do centro acadêmico, Daniel Antônio da Cunha, informou que os trotes não são organizados nem financiados pela entidade estudantil, ;sendo de inteira responsabilidade dos veteranos;. Mesmo assim, os fatos serão apurados pelo diretório.
Os trotes são problemas recorrentes na UFMG. Em março do ano passado, a direção da instituição já havia informado que iria punir os veteranos que insistissem em promover as brincadeiras, muitas de gosto duvidoso. A política de tolerância zero surgiu depois que alunos de turismo relataram que duas calouras foram amarradas a um poste. Os veteranos se vestiram de policiais militares e colocaram preservativos na ponta de cassetetes, obrigando os novos universitários a lamber o objeto.
;O trote na UFMG é proibido e a realização é passível de punição, conforme regimento da universidade. A diretoria já vai iniciar os processos de apuração e a estipular a punição para os envolvidos;
Rocksane de Carvalho Norton, vice-reitora da UFMG