Jornal Correio Braziliense

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Aluna é agredida na UnB

Morador de rua a atingiu com pedaço de madeira no estacionamento da Faculdade de Tecnologia. Universidade elabora plano de segurança

Em uma semana, duas pessoas foram atacadas por moradores de rua na Asa Norte, em plena luz do dia. Em 13 de junho, o professor de inglês Pedro Tapajós, 42 anos, andava por uma calçada na Quadra 409, às 9h30, quando um usuário de crack o atingiu no rosto com um pedaço de paralelepípedo. Nesta terça-feira, a violência ocorreu no estacionamento da Faculdade de Tecnologia, na Universidade de Brasília (UnB), às 10h. A estudante do 1; semestre de museologia Poliana Romeiro Wanderley, 28 anos, foi agredida por Renato Pereira Santos com um pedaço de pau, sem qualquer motivo aparente. ;Ele saiu de trás de um carro, olhou para mim e bateu com um porrete de 1,5 metro na minha cabeça;, contou.

A pancada fez a estudante perder a visão por alguns momentos e entrar em desespero. ;Eu gritei muito alto, pedi socorro. Alguns alunos escutaram meus chamados e vieram me ajudar;, relatou Poliana. Estudantes conseguiram deter o agressor até a chegada da Polícia Militar. Encaminhado para a Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações (DRPI), Renato Pereira acabou liberado em seguida. A ocorrência foi registrada como lesão corporal. Um Termo Circunstanciado foi gerado e o agressor responderá em liberdade. O problema é que o morador de rua voltou para as proximidades da universidade. Alunos relataram tê-lo visto na Faculdade de Educação.
Embora o fato tenha ocorrido na manhã de terça-feira, somente ontem o comunicado chegou ao Decanato de Assuntos Comunitários da UnB. ;Assim que soubemos da agressão, indicamos uma ambulância da UnB para levá-la ao Hospital de Base para fazer uma avaliação médica. Uma assistente social a visitou para conferir o estado físico e psíquico;, disse a decana do DAC, Denise Bomtempo. Será realizado ainda um trabalho com o Instituto de Psicologia para ajudar na readaptação de Poliana à universidade.

Policiamento

Denise Bomtempo ressaltou que um Conselho Especial de Segurança prepara um plano estratégico para a UnB. ;Na próxima semana, vamos ouvir a sociedade. A perspectiva é concluir esse plano integrando a universidade ao território de segurança da Asa Norte, com todo o cuidado necessário por estarmos em uma instituição de ensino;, lembrou a decana. Ela também fez articulações com a Prefeitura da UnB para que casos como o de Poliana cheguem ao decanato com mais rapidez. ;Os vigilantes devem me comunicar imediatamente.;

O capitão Rafael Maidana, da comunicação social da Polícia Militar, lembrou que a corporação auxilia a segurança da universidade. Há um posto policial na área, com uma viatura e duas motos para fazer rondas 24 horas por dia. ;A UnB está instalando também 35 câmeras no estacionamento. Elas serão monitoradas por PMs;, afirmou o capitão.

Depoimento

"Não tenho coragem de voltar"
;Na terça-feira, às 10h, eu estava no estacionamento da Faculdade de Tecnologia. De repente, saiu esse rapaz de trás de um carro com um porrete na mão. O objeto tinha cerca de 1,5 metro, muito pesado. Ele parou na minha frente e me bateu na cabeça. Ele simplesmente me agrediu, não falou nada. Comecei a gritar e algumas pessoas que estavam próximas me socorreram. Outras foram atrás desse rapaz. Ele foi pego, preso e já foi solto. Disse que não sou a primeira mulher que ele ataca e que também não serei a última. Não consegui dormir à noite. Todas as vezes que eu fechava os olhos, o via parando na minha frente e me batendo. É a coisa mais dolorida do mundo saber que você não pode fazer nada. Uma pessoa vem, te bate gratuitamente, você está dentro de uma universidade e não tem segurança nenhuma. Eu não tenho coragem de voltar. Não sei o que vou fazer. A UnB tem que melhorar a segurança de alguma forma. Se eu estava dentro da universidade, a culpa é da UnB. Alguém tem que ser responsabilizado por isso. Se a pessoa que me bateu não for detida, ela vai agredir outras lá dentro.;