O projeto inicial previa a finalização da reforma em janeiro de 2013, quando a obra completaria um ano, mas com a impossibilidade do término, o prazo precisou ser prorrogado primeiro para abril, e em seguida, para outubro.
Desde que recebe o auxílio da UnB, Thauany Pires, estudante do 3; semestre de química, já se mudou cinco vezes. Atualmente ela mora na 407 norte e o aluguel é pago com a bolsa de R$ 530, que recebe da Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS) da instituição. Mas a jovem passou por maus bocados e chegou até a morar no Centro Acadêmio de Letras (Calet) por um mês, enquanto o repasse não havia sido garantido.
Thauany está descontente com o adiamento da entrega. "Acho isso péssimo, me passam a impressão que eles estão só nos enrolando. A CEU tá em reforma desde que eu entrei na UnB. É só promessa que vai ficar pronta", afirma.
Segundo a estudante, em dezembro de 2012, quando morava em um apartamento bancado pela Fundação Universidade de Brasília (FUB), a DDS solicitou que a estudante comparecesse urgentemente à UnB para assinar um contrato de recebimento da bolsa. Mas em janeiro de 2013 -- dia do vencimento do aluguel de onde morava -- o dinheiro ainda não tinha saido.
Foi então que Thauany foi informada de que o dinheiro sairia apenas em fevereiro. A jovem só não ficou na rua porque foi acolhida pelo Centro Acadêmico de Letras (CALET). O mês em que morou no CA prejudicou muito o rendimento nos estudos: até reprovou em algumas disciplinas.
"Não conseguia ir para as aulas e não podia estudar. Sempre lembrava que não tinha um lugar para voltar. Também não poderia trancar o semestre. Se trancasse perdia as bolsas", conta. Thauany não vê a hora de se mudar para a residência estudantil e ter um lugar fixo para morar.
Atraso na obra
Segundo o diretor do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan), da UnB, Alberto Faria, o atraso na reforma ocorreu por diversos fatores. ;Além da Universidade ter solicitado determinadas mudanças no projeto durante a obra, a construtora teve problemas com fornecedores e mão de obra, esses fatores causaram certa lentidão ao processo;, explica. Ele ainda informou que a reforma da CEU tem custo superior a R$ 9 milhões.
O projeto prevê adaptação da estrutura para deficientes -- com um quarto em cada prédio para portadores de necessidades especiais --, instalação de dois elevadores, construção de sistema de água e esgoto e troca das portas e janelas. o total, haviam 92 apartamentos com capacidade para 4 estudantes cada, somando 368 vagas. Depois da reforma, o número de alunos atendidos será reduzido para 360.
Sobre acessibilidade na moradia, a decana de assuntos comunitários em exercício Maria Terezinha da Silva esclarece que o programa de moradia da UnB atende a apenas um deficiente. ;Estou há 4 anos trabalhando no Decanato e nós só temos um portador de necessidades especiais incluido, com dificuldades de locomoção;, justifica. Ela esclareceu que os dormitórios para deficientes também foram pensados para abrigar um acompanhante.
Moradia estudantil
Os prédios que compõem a residência universitária foram contruídos em 1973, no câmpus Darcy Ribeiro, Asa Norte. A estrutura antiga foi um dos obstáculos para a reforma, e um dos motivos para o atraso, pois muitos reparaos precisaram ser feitos. ;Além da reforma propriamente dita, estamos fazendo uma recuperação estrutural, vai ter muita demolição de paredes e algumas recosntruções;, relata a decana de assuntos comunitários.
Ainda em fevereiro de 2011, os 368 residentes da CEU começaram a desocupação do local, que se prolongou até setembro do mesmo ano para alguns resistentes à mudança. Destes, um pequeno grupo está em apartamentos alugados pela Fundação Universidade de Brasilia (FUB), e outros recebem um auxílio mensal de R$ 530 para despesas com moradia.
Maria Terezinha apontou que antes da mudança completa dos estudantes de volta à CEU -- em janeiro de 2014 --, haverá a criação de uma comissão que vai deliberar sobre as regras de convivência no local. O grupo será composto por representantes dos alunos, do Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) e da Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS), e tem previsão para começar sua atuação em agosto.
Após a conclusão das obras, a Unb tem dois meses para entregar apartamentos, que passarão por uma vistoria técnica pela equipe do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan).