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Programa de Assistência Estudantil da UnB beneficia mais de 3 mil

Sistema atende 10% dos discentes da universidade e tem uma das maiores bolsas de auxílio à permanência no ensino superior público. Demandas continuam a crescer

postado em 07/10/2013 19:05
Foram quatro vestibulares e muita dedicação até Érika Menezes ingressar na Universidade de Brasília em 2007. Por ter estudado em colégios públicos do Distrito Federal, ela não imaginava conseguir acesso a uma das melhores instituições do país. ;Fui a primeira da família a ingressar na UnB. Foi ótimo, motivo de festa;, conta. Passada a euforia pela aprovação, logo surgiram as dificuldades. Gastos com transporte, alimentação e livros eram barreiras para a estudante de família pobre. A assistência universitária foi determinante para ela conseguir se manter e buscar novas conquistas. Érika se formou antes da maioria, em sete semestres, e logo foi aprovada em concurso público para o Ministério da Saúde, onde trabalha na Coordenação de Arquivos.

A servidora pública foi um dos 368 moradores da casa do Estudante Universitário (CEU). Além da moradia, teve alimentação subsidiada no Restaurante Universitário, pagava R$ 0,50 por refeição ; hoje os estudantes assistidos não pagam pelas refeições. Teve ainda acesso ao Programa de Bolsa Permanência, realizando monitoria e estágio para aumentar seus recursos durante a trajetória estudantil. ;Era a renda que eu tinha para estudos, passagem, refeições. Para me manter mesmo;, lembra.
Benefícios contribuiram para formatura antecipada de Érika Menezes
Antes de ter assistência, Érika trabalhava em tempo integral para estudar à noite. Percorria diariamente mais de 80 quilômetros entre casa, trabalho e universidade. Até que a rotina puxada começou a comprometer seu rendimento. ;Eu trabalhava o dia todo e tive dificuldades;. Determinada a concluir a graduação, escolheu largar o emprego e buscar auxílio institucional. ;Com certeza, eu iria me formar. Estava decidida. Mas teria sido num tempo bem mais longo e mais sofrido;, completa.

A história de Érika se soma a outras centenas de casos de sucesso da assistência estudantil da UnB. Apesar de ser alvo de críticas por não conseguir atender toda a demanda por auxílios, a Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS), vinculada ao Decanato de Assuntos Comunitários (DAC), conta com o reconhecimento da comunidade acadêmica. ;Muitos estudantes nos procuram, telefonam e enviam e-mails para agradecer o apoio da instituição;, conta Maria Terezinha da Silva, servidora do decanato e ex-diretora da DDS.

ASSISTÊNCIA
Não é de hoje que o ingresso e a permanência no ensino superior público têm sido um desafio para muitos estudantes. Cresce, a cada semestre, o número de jovens sem condições financeiras favoráveis à manutenção dos estudos. ;Hoje temos 3.030 alunos na assistência estudantil, o que representa pouco mais de 10% dos estudantes de graduação;, explica Denise Bomtempo, decana do DAC. Para receber auxílios, os estudantes precisam estar regularmente matriculados em cursos presenciais e apresentar documentação que comprove a situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Programas vinculados ao DAC são destinados a moradia, permanência, alimentação, transporte e aquisição de livros. Também fomentam o ensino, a pesquisa e a extensão com cursos de idiomas e apoio à participação dos estudantes em eventos culturais, esportivos e científicos, concedendo suporte financeiro para inscrições, passagens, hospedagens e alimentação durante os eventos. ;A assistência estudantil não é perfeita, mas é uma das melhores entre as universidades federais do país;, afirma Denise Bomtempo. ;Fiz um estudo comparativo com as cinco maiores universidades brasileiras, e nossa bolsa permanência, no valor de R$ 465, e o auxílio moradia, de R$ 530, são os maiores do Brasil;, completa. Conheça mais sobre os programas de assistência da UnB e o processo de solicitação de benefícios.
Estudantes em vulnerabilidade socioeconômica não pagam por refeições no RU
A Política de Assistência Estudantil da UnB busca democratizar o acesso à educação superior e minimizar as desigualdades sociais por meio da inclusão pela educação. Há casos, porém, que requerem auxílio emergencial. ;Basta que o estudante preencha o formulário de avaliação socioeconômica no Saeweb passe por entrevista com profissional qualificado. Assim, ele tem acesso ao RU e ao auxílio emergencial até o lancçamento dos editais;, esclarece Denise Bomtempo. O que ocorre, de acordo com a decana, é que os jovens ;querem tudo para ontem; e não há infraestrutura para abarcar esse tempo. ;Nosso tempo é o do serviço público, mas não temos deixado os estudantes sem atendimento;.

RECURSOS E DESAFIOS
No último ano, foram utilizados pela UnB mais de R$14 milhões para garantir o direito de acesso à assistência estudantil. A maior parte deles é proveniente do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), política de Estado instituída em 2010 com o Decreto n; 7.237 do Ministério da Educação (MEC). A UnB conta ainda com o repasse de recursos da Fundação Universidade de Brasília (FUB) e do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

São crescentes, os investimentos em assistência estudantil na UnB. De acordo com o DAC, o número de beneficiados com o Bolsa Permanência saltou de 450, em 2010, para1,3 mil neste ano. No entanto, é ainda maior o número de estudantes que necessitam do benefício. Sobretudo, após a aprovação da Lei de Cotas n; 12.711, em agosto de 2012, ação afirmativa que, na UnB, existe desde 2003 e garante reserva de vagas no ensino superior para alunos oriundos de escolas públicas, negros e indígenas.

O segundo programa com maior número de pedidos de auxílio é o de Acesso à Moradia. O DAC informa que há 429 estudantes em programas de moradia nos quatro campi e uma demanda reprimida crescente. Com a reforma da Casa do Estudante Universitário (CEU), desde o início de 2011, a universidade vem alugando imóveis para acolher os alunos da assistência estudantil, além de conceder auxílio moradia no valor de R$ 530 àqueles que não são beneficiados com vagas em apartamentos.

Outra reivindicação dos estudantes é a assistência à saúde. ;É uma demanda legítima dos estudantes;, reconhece a decana de Assuntos Comunitários, Denise Bomtempo. De acordo com ela, há um número expressivo de estudantes com problemas de saúde. ;Esses problemas são decorrentes de várias circunstâncias, tanto familiares, como sociais, mas também da própria inserção na universidade;, conta Denise.

Para minimizar o problema, os estudantes têm sido encaminhados à rede de saúde pública para atendimento. "Fizemos uma comissão que já está trabalhando para que se possa fazer uma política integrada de atenção à saúde, não só a saúde mental, da saúde em si;, conclui a decana.

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